2° Capítulo - Subitamente

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Amores, Feliz Páscoa a todos!

Brasil, São Paulo, 30 de Junho de 1993

Hoje era dia de ir ao parque com o papai, o melhor do mundo – claro, eu só tenho um. Ele vinha prometendo faz duas semanas, mas hoje ele não me despontaria.

Vesti a roupa que a mamãe separou: camisa xadrez sem manga e shorts jeans escuro, e um par de tênis.

Nossa! Eu adorava ir ao parque.

Desci até a sala. Sentei-me ao sofá e o esperei. A mamãe veio até mim oferecendo um belo sanduíche natural acompanhado de suco de laranja, mas eu recusei. Eu e o papai tomaríamos sorvete de morango e chocolate, então não pretendia chegar lá de estômago cheio.

Passaram-se duas horas, eu na mesma posição. Mãos no queixo, pés batendo no sofá. Esperando, ansioso, mesmo sabendo que era improvável que ele chegasse. Mas eu acabei iludindo-me, considerando aquele tempo como alguns minutos não cansativos.

- Papai! – eu o chamei, ele havia entrado feito um foguete pela porta.

- Agora não, Ton. Teremos que adiar nosso passeio.

- De novo?! – me exaltei, indignado.

- Então, daqui a pouco passarei ai... – ele não me respondeu.

Dando-me as costas como resposta, ele subiu. Subitamente ele entrou em uma espécie de agonia no meio da escada. Conversando nervosamente, ele continuou a subir.

- Onde eu estou?! – retorquiu irritado. – No Brasil, ora! Eu e o José acabamos de falar sobre os desvios.

- Papai!

Ele evaporou das escadas, deixando-me sem esperança e triste ao pé da escada, sentindo meus olhos encherem-se de lágrimas.

Ele fez mais uma vez.

 

- Tony? – alguém bateu à porta, pela voz suave era Melissa.

- Sim? – ele estava vestindo a calça de moletom escuro quando ela o chamou.

Ele ficara despido até certo momento. A ligação de Ester o deixou enfurecido, e agradeceu pela irmã não ter invadido o quarto. Na maioria das vezes ela fazia isso. Ela o veria pelado, seria constrangedor, no mínimo.

- Não acha que a mamãe demorou um pouco para nos chamar? Sabe, ela nunca atrasa. – constatou, o esperando dar alguma resposta.

Tony passou a camisa de manga comprida pela cabeça, indo diretamente à porta, abrindo-a e vendo Melissa com os braços cruzados, soprando uma mecha teimosa. Ela o olhou, surpresa.

- Até que enfim fez a barba. – ela comemorou.

De fato. Tony limpara o rosto, agora estava mais jovem e menos mal encarado. Normalmente ele exibia uma postura séria, embora as sobrancelhas claras e retas disfarçassem um pouco, mal podia vê-las. Os lábios fechados, quase sempre, deixando-o exageradamente másculo, ofuscando o seu lado sensível que poucos conheciam.

- Baixinha, às vezes você é muito atrevida. – ele sorriu, passando o braço pelas costas dela, abraçando-a. – Vamos.

Ele puxou a porta do seu quarto e dirigiu-se pelo pequeno corredor, a escada ficava próxima ao quarto.

- Espera, porque deixaram a porta aberta?

Eles ainda estavam no topo da escada, o proeminente chiado da chuva que os alertou.

Crime SublimeOnde histórias criam vida. Descubra agora