1. As obras do acaso

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Kara tinha chegado àquele bar a uns 20 min, adiantada para o date que tinha marcado, mas é isso que a ansiedade faz com as pessoas. Até que alguém no seu campo de visão chama a sua atenção e ela se pergunta por que não vem mais vezes sozinha a esse bar. Ela com certeza viria se soubesse que era frequentado por pessoas de beleza tão surreal, segundo o julgamento dos seus próprios olhos. Ela quase lamenta ter um um encontro em poucos minutos. Será que era muito tarde para desmarcar? Seria muito rude?

― Olá ― A morena do olhar verde mais hipnotizante que a loira já tinha visto se aproxima da sua mesa.

― O-oi, desculpa, eu estou esperando alguém ― A loira responde desconcertada e, por alguma razão que ela não entendia, sentia-se despida por aqueles olhos, como se fosse impossível manter qualquer segredo para si diante deles.

― Você é Kara? Kara Danvers? ― Aquela mulher de postura imponente tem um tom de voz aveludado, combinado com um sotaque muito leve que não passa despercebido por Kara.

― S-sim.. ― Ok, estranho... Será que essa garota realmente tinha o poder de ler mentes, ou, sei lá, ver sua alma? O pensamento que ocorreu à kryptoniana podia parecer idiota, mas ela mesma era uma alien refugiada na Terra, com superpoderes. Quer dizer, isso era tão impossível assim?!

― Eu sou Lena ― Ela fala, oferecendo a mão para um aperto ― Acho que é por mim que você estava esperando ― Um sorriso convencido escapa pelo canto da sua boca, fazendo a loira reparar no batom vermelho escuro demarcando aqueles lábios.

Kara sentiu a sua garganta secar, enquanto sua própria boca salivava. Estranho como seu corpo parecia não conseguir se decidir em como reagir. Ela estava entrando em colapso? Era possível um organismo kryptoniano entrar em "pane" na Terra?! Ela fez uma anotação mental para perguntar a Kal na próxima vez que se falassem. Isso ou aquela mulher estava exercendo toda essa influência sobre ela. Mas Kara nunca tinha se sentido assim com nenhum outro date. Bem, a verdade é que foram todos homens... Talvez isso explicasse muita coisa.. Nenhum deles nunca chegou nem aos pés da beleza daquela deusa parada diante dela. Maldita mente kryptoniana que viajava mais rápido que a luz. Era melhor ela se concentrar antes que aquela deusa percebesse que era uma deusa entre meros mortais e começasse a se questionar o que fazia naquela mesa de bar conversando com ama loirinha desajeitada.

― Oh.. desculpe, eu só.. estava esperando.. ― Kara precisou de algum esforço para lembrar como articular algo parecido com uma frase compreensível.

― Um homem? ― Lena arqueou a sobrancelha e Kara deu graças a Rao por estar sentada, pois seus joelhos tremeram de forma vergonhosa. Se alguém alguma vez lhe disse que ela era a mulher mais forte na Terra, nesse momento estava redondamente enganado, ela se sentia um fiasco deplorável. A intimidação a fez recuar sua postura e a morena percebeu, é claro. Estava acostumada, não era a primeira vez que arrancava esse tipo de reação de alguém. No fundo ela gostava de se divertir um pouco com isso, antes de quebrar o gelo, e aquela loirinha, além de linda, parecia um prato cheio.

― Bem.. sim.. talvez.. quer dizer.. ― De repente todas as palavras fugiram da sua mente. Cadê o ágil cérebro kryptoniano, mesmo?!

― Eu não mencionei.. ― Lena sempre exalava todo aquele magnetismo e poder ou ela nem percebia que fazia aquilo?

― Sim, eu sei.. desculpe por deduzir ― Finalmente mais uma frase minimamente articulada conseguiu sair da boca de Kara.

― Você não precisa se desculpar tanto, tá tudo bem. Posso? ― A morena aponta para o outro banco disponível naquela mesa e a loira apenas consegue assentir ― Obrigada ― Lena se senta, propositalmente próxima, mas de um ângulo em que ainda podia observar o rosto da sua acompanhante de frente ― Isso é um problema pra você? Quero dizer, o fato de eu ser uma mulher?

Encontro às Cegas - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora