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S/n:

A água desce lentamente pelo meu corpo, me fazendo sentir leves arrepios com o seu contato frio na minha pele. Não faço ideia de quanto tempo estou nesse banho, mas precisava ficar submersa em meus pensamentos.

Desço escorrendo pela parede até sentar no chão. Penso no plano que tivemos, e espero que dessa vez tudo der certo. E que tenhamos paz.

precisamos.

É incrível como em menos de poucos meses, minha vida tenha virado do avesso. Um pai do nada, uma família que caça monstros -coisa que até então eu achava que era pura ficção- me apaixonar por um desses seres, engravidar e perder, morrer e ressuscitar....

S/n: E ainda ser vendida pela mãe....

Lágrimas surgem, e não consigo segura-las. A verdade é que minha cabeça está uma grande e verdadeira bagunça, tudo que eu quero é acabar logo com tudo isso. Simplesmente acabar.

Olho para meu braço, os cortes ainda estão ali....

Será que isso vale mesmo a pena? Será que isso é a solução?

Penso, chegando a conclusão de que causar dor a si mesmo é um alívio triste que se torna vício.

S/n: meu vício....

Me ergo do chão, indo até a cômoda enrolada na toalha. Lá está ela, exibindo seus um centímetro e reflexo prateado. Fecho os olhos, respirando fundo enquanto sua lâmina encosta no meu braço trêmulo, minhas lágrimas aumentam, de maneira rápida. E um som de risco ecoa pelos meus ouvidos.

***

Me sinto fraca, minhas pernas estão bambas, deitadas sobre o chão, vejo o sangue ser levado pela água. Confesso que esconder isso me fere mais que todos esses cortes, e pior ainda, fingir ao Jack. Ouso batidas na porta.

- Anjo?

S/n: Oi, Jack....estou no banho, saio em um minuto.

Lavo o sangue e pressiono o corte na toalha, tentando estancar. Jogo a mesma no lixo, sei que Jack não irá vim aqui, depois cuido dela. Visto a roupa, e saio.

S/n: Oi, baby...

Jack está sentado na cama, em postura ereta e as mãos pousadas no joelho. Seu olhar é distante e percebo que está nervoso. Parece preocupado.

- Oi, meu anjo...

Ele vem até mim e antes que eu diga alguma coisa, seus braços se prendem na minha cintura em um abraço forte. Sinto Jack enfiar sua cabeça na curva do meu pescoço, e soltar um suspiro, me fazendo arrepiar.

S/n: Tá tudo bem, Jack?

Pergunto, enquanto faço carinho em seus cabelos loiros.

- Só me deixa ficar abraçado com você, por favor....

Não estou entendendo nada.

S/n: Claro baby, pode ficar o tempo que quiser....

Jack me aperta mais, e fecho os olhos quando sinto sua mão acariciando minhas costas, me vem um leve frio na barriga quando ele segura minha cintura. Jack ergue a cabeça, olhando para mim.

Seus olhos parecem assustados, e percebo que esteve chorando.

S/n: O que houve, Jack? Porque você está assim? O que aconteceu? Fala!

Ele se solta, sentando na cama e encarando o vazio a sua frente.

- Eu estou com medo, S/n.....

A garota e o Nephilim.Onde histórias criam vida. Descubra agora