Ano de eleição

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A primeira cidade que encontro no meu percurso chama-se Anagé, era uma cidade pequena com poucos habitantes, parecia ser tão acolhedora quanto a pequena em Minas que fiz parada para o almoço. Em menos de uma hora de viagem, saindo de Vitória da Conquista, eu já estava lá. Porém, não vi necessidade de parar por ali, talvez em outra oportunidade eu voltasse a passeio e conheceria um pouco mais da região.

De acordo com o "waze", ainda restavam mais de 2 horas para chegar ao meu destino final, mas eu não tinha pressa, queria admirar cada detalhe da paisagem a minha volta. Era tudo tão novo e magnifico que não me importaria em levar 4 horas para chegar à Barra da Estiva.

Antes de chegar ao meu novo lar, tive que atravessar 3 cidades com nomes peculiares. A primeira se chamava Sussuarana, até então conciliei que deviam existiam muitas onças na região, e as duas seguintes se chamavam Tanhaçu e Ituaçu, eu não sabia o significado de tais nomes, mas pelo sotaque tinha certeza que se travava de palavras indígenas. Sim, eu li algumas obras de José de Alencar e talvez por isso tivesse tais suspeitas.

O clima no meu percurso era bem diferente do que encontrei na cidade de Vitoria da Conquista, agora lembrava mais as cidades de Minas por onde passei. O sol estava quente, e o ar, ah! O ar, tão puro. Como era gostoso respirar ar de verdade, sem qualquer poluição. Não sei se me acostumaria com esse clima quente, completamente oposto de São Paulo, mas minha saúde com certeza iria melhorar muito.

Após passar pela última cidade que ligava à Barra da Estiva, o clima e a paisagem passava a sofrer uma alteração abrupta, uma leve brisa fria começava a soprar que fui obrigada a levantar o vidro do carro. E a paisagem se tornava ainda mais esplendida, era linda. Se pudesse descrever com uma palavra cada detalhe da minha visão, escolheria perfeição.

Antes de chegar a cidade final, passei entre dois morros bem altos que eram separados pela estrada que levava a cidade. Os vales que eu via eram perfeitos, e cheios de plantações. Eu tinha pesquisado que a principal fonte de renda do povo barrestivense era o café, mas nunca tinha passado de perto de nenhuma plantação. Café só via nas prateleiras do mercado ou na minha xícara todas as manhãs.

Maravilhada com a visão do meu novo lar, dirijo o carro bem devagar para apreciar cada detalhe. Passo por um pequeno vilarejo com umas 10 casas e um campo de futebol antes de entrar finalmente na cidade. As pessoas pareciam felizes e em paz. Nesse momento sinto que estou no lugar certo, que finalmente minha vida iria ter algum sentido. Satisfeita comigo mesma, pesquiso o endereço de algum hotel e dirijo ao centro para descansar, era domingo e tinha certeza que seria um dia tranquilo.

Diferente do que imaginava, o centro da cidade estava lotado de pessoas. Estavam reunidas em um mesmo lugar, muitas assoviavam e gritavam. Outras falavam alto no microfone, parecia estarem nervosas ou brigando. Conforme fui me aproximando, conseguir ouvir o que era pronunciado. Pude entender que se tratava de politica, e ouvi alguns xingamentos do atual governo.

Eu tinha me esquecido que era época de eleição, só não esperava me deparar com algum comício, achei que fosse ficção das novelas da globo, já que em São Paulo, os candidatos em geral se pronunciam através dos canais de televisão.

Com muita dificuldade consigo chegar ao hotel que encontrei na internet, e por sorte tinha um senhor para atender. Tive medo que devido a grande reunião no centro da cidade, não tivesse ninguém para me receber. Com as chaves em mãos e reserva para uma semana, decido ir descansar com certa dificuldade devido ao barulho do evento que ocorria.

Não previa encontrar a cidade lotada, e meus planos não saem conforme planejado, o que me restava era tomar um banho e procurar em meio à lotação algum lugar para me alimentar, que por sorte o próprio hotel oferecia, o que era um alivio. Não me sentiria a vontade para andar em um local novo com tantas pessoas desconhecidas.

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