Buscando homens experientes

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O crescimento recente do Bairro Velho trouxe novos empreendimentos atraindo novos moradores. Os imóveis antigos também atraíram as atenções de novos moradores interessados na arquitetura charmosa de décadas atrás. Um prato cheio para construtores, arquitetos e engenheiros se valorizarem explorando na arquitetura nova e antiga do Bairro Velho.

Todas essas obras aparecendo em todos os cantos encheram os olhos de Luana. Morena, de 19 anos acabara de sair do ensino médio sem pensar muito no que fazer da vida depois. Tinha um jeito impulsivo, sempre decidida ao que quer no presente, mas nunca no futuro. Os pais se desesperam ao observar a filha dedicar todo o seu tempo a dormir durante os dias e passar as noites em baladas com jovens igualmente despreocupados. O interesse da jovem pelas obras em todo o canto do Bairro Velho inspirou os seus pais a procurarem Débora, uma arquiteta que já havia reformado seu apartamento. A arquiteta aceitou receber a menina como uma estagiária e mostrar a ela o dia a dia da profissão.

Apesar das reclamações dos pais sobre Luana ser despreocupada, a moça surpreendeu se dedicando ao trabalho com afinco. O acompanhamento das obras, ponto fraco dos estagiários iniciantes era o seu trabalho favorito. O que Débora não sabia era a predileção de Luana por aqueles espaços cheios de homens viris trabalhando. Apesar da vida sexual intensa e agitada, Luana só se relacionava com os rapazes de sua idade e à medida que ela frequentava aquelas obras aumentava sua curiosidade por homens mais velhos. Era comum ela se insinuar discretamente lançando olhares, às vezes puxando conversa demonstrando querer aprender mais sobre os serviços daqueles homens procurando se aproximar deles. Infelizmente para ela, comer a estagiária da chefe era uma aventura arriscada demais para aqueles trabalhadores que precisavam ser chamados para as próximas obras.

Débora pegou uma pequena reforma e aproveitou a simplicidade do empreendimento e deixou Luana praticamente no controle de tudo. Eram serviços simples como a instalação de um mobiliário planejado e uma nova pintura. Débora deixou Luana desenhar os novos armários e até sugerir as cores na pintura. A moça ia pegando ainda mais gosto pela futura profissão à medida que incorporava mais responsabilidades, mas aquele desejo oculto não passava. Sempre que aparecia uma obra nova ela pensava em um jeito de pegar um daqueles homens para si e essa não seria diferente.

Com a marcenaria pronta, os armários foram montados em um dia, mas com os clientes presentes Luana nem poderia tentar nada com nenhum deles. Restava o serviço de pintura. Ia levar poucos dias e pelo cheiro os clientes não passavam o dia em casa. Era a oportunidade que a moça esperava.

O experiente João foi indicado a Débora para fazer a pintura. Era reconhecido por todos como um excelente profissional e apesar de seus mais de 53 anos deixarem marcas em seu corpo abrutalhado, era um homem extremamente educado a ponto de ser sempre recomendado por todos. Era um homem acostumado a trabalhar sozinho, gostava da própria companhia enquanto relaxava executando seu serviço. Às vezes trazia consigo auxiliares, como Rômulo, pois gostava dos jovens e se sentia à vontade dividindo com eles o que aprendera em todos os seus anos de trabalho. Nos primeiros dias, João lixava as paredes sob os olhos atentos de Luana, impressionada com a forma física daquele senhor. As roupas sujas, justas ao corpo criavam um visual rústico que fazia sua boceta melar ao imaginar o que todos aqueles músculos poderiam fazer a ela. Ao contrário dos outros trabalhadores, João não era uma pessoa fechada, apesar de geralmente trabalhar sozinho, sendo uma pessoa muito acessível, sempre disposta a demonstrar a Luana todos os passos do seu trabalho.

— Seu João, eu queria pintar uma parede com o senhor para saber como é.

— Não faça isso, menina. Vai sujar sua roupa. Além disso, esse não é seu trabalho. Você nunca vai fazer essas coisas.

— Mas quero aprender, só vou ser uma boa arquiteta se entender como os trabalhos são feitos.

— Você pode só olhar nós trabalhando.

Contos do Bairro Velho - 02Onde histórias criam vida. Descubra agora