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Benedita

Depois destes dois dias a viver numa bolha com o Rúben, a tentarmos compensar todo o tempo que perdemos nos últimos anos, a segunda-feira chegou e eu tenho de voltar ao trabalho e à realidade. Entretanto, por motivos óbvios, o Rúben vai regressar também ao trabalho, uma vez que não está em lua de mel, nem se quer chegou a casar.

Fiquei bastante mais tranquila quando o Rúben me contou que, apesar de estarem zangados com a situação, os seus pais acabaram por compreender a decisão do Rúben e que não me odeiam. Acredito que este início da nossa relação possa ser mais complicado de aceitar para eles, mas acho que não se vão opor nem complicar a nossa vida e isso é ótimo.

- Bom dia! – o Rúben cumprimenta-me, animado, ao entrar na cozinha. Ainda estou de pijama, a preparar o pequeno-almoço.

- Acordas sempre assim tão bem-disposto a uma segunda-feira de manhã? – pergunto.

- Não. Mas acordar ao teu lado dá-me outro ânimo. – ele responde e eu não evito sorrir – Agora podes dar-me um beijo de bom dia? – ele pede e eu assinto, aproximando-me de si para o envolver num abraço e num beijo ternurento – Muito melhor. – ele comenta.

- Estou a fazer torradas para mim. Queres? – pergunto e ele assente, tirando um café para si, à semelhança do que eu fiz anteriormente para mim.

- Trabalhas o dia todo? – o Rúben pergunta, enquanto tomamos o pequeno-almoço.

- Sim! Hoje, vou ter imenso trabalho. E temos uma reunião com uma marca logo, por causa da nova coleção. – explico – E tu?

- Trabalho até às 16h. E depois vou começar a ver apartamentos e assim. – ele responde e eu assinto.

Sinceramente, fico mesmo feliz por ambos termos chegado a este acordo sem precisarmos de discutir sobre o assunto, por ser algo "óbvio" para os dois. Mesmo que nos conheçamos há anos, mesmo sendo melhores amigos e sabermos tudo um sobre o outro, mesmo estando apaixonados há anos, esta é a primeira vez em que estamos realmente numa relação. Não faz sentido para nenhum de nós mandarmo-nos de cabeça e começarmos já a viver juntos, porque isso poderia estragar tudo. Ambos queremos fazer tudo certinho, do zero. Ter encontros, saídas a dois, como dois namorados, sem darmos logo o passo gigante de irmos viver juntos.

- Como vais justificar no trabalho o facto de não teres casado... Quero dizer, vais contar o que aconteceu? – pergunto, por curiosidade.

- Sim, não tenho nada a esconder. Se as pessoas quiserem julgar, que julguem. É a minha vida e ninguém tem nada a ver com isso. – o Rúben afirma, perentório, e eu sorrio. Deixa-me feliz que ele não tenha vergonha daquilo que fizemos.

- Bem, vou-me arranjar para não chegar atrasada. – coloco a louça na pia do lava-louças e dirijo-me ao quarto, para me preparar para um novo dia de trabalho.

Como os dias têm estado super quentes, opto por vestir uma saia branca, com botões à frente e que termina a meio das minhas canelas, combinando-a com um top off-shoulders cor de laranja. Calço umas sandálias beges, com um salto super pequeno, e coloco os meus pertences numa mala da mesma cor das sandálias. Por fim, pego na minha mala do computador e com os documentos do trabalho, juntando tudo para não me esquecer de nada. Faço uma maquilhagem super rápida e nada elaborada, esticando um pouco o cabelo para lhe remover os jeitos que ficaram após uma noite de sono.

Estou a terminar de me arranjar quando o Rúben entra no quarto para se arranjar também para o trabalho.

- Acho que ainda não te disse hoje, mas és linda. – ele comenta, fazendo-me corar um pouco. Nem acredito que ele ainda é capaz de me fazer sentir como uma adolescente.

Take the Risk | Rúben Dias ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora