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7 anos antes do casamento...

O regresso às aulas depois das férias de natal, para iniciar o segundo período, era sempre uma animação. Cada um contava aos amigos que prendas tinha recebido, o que tinham feito e punham toda a conversa em dia. Também significava que era altura de voltar a estudar, mas isso era a parte com que ninguém se preocupava inicialmente.

- Então e tu e o Rúben encontraram-se durante as férias? – perguntou a minha melhor amiga, Sofia. Conhecíamo-nos desde o quinto ano e, entre nós, não havia segredos, éramos absolutamente inseparáveis.

- Não... Por que havíamos de nos ter encontrado? – perguntei, fingindo não saber quais as intenções por trás das suas palavras.

- Porque obviamente vocês andam muito próximos e tu estás caidinha por ele! – constatou a minha melhor amiga e eu senti as minhas bochechas corarem drasticamente.

Apesar de nos conhecermos de vista há muitos anos, só no ano passado é que o Rúben tinha ido parar à minha turma e nós nos tornámos amigos. Eu e ele éramos muito parecidos e muito diferentes em simultâneo, o que fazia com que nos déssemos muito bem, na maioria das vezes, mas que também chocássemos outras tantas vezes. Durante o 10ºano todo, a nossa relação foi apenas de amizade, mas eu tinha começado a sentir algo mais por ele. Além da Sofia, o Rúben era a única pessoa com quem eu falava de absolutamente tudo, com quem eu discutia ideias e opiniões, com quem eu gostava realmente de passar tempo. Ele tinha-se tornado no meu melhor amigo e eu sabia que o sentimento, a esse nível, era mútuo. No início do 11ºano, os professores resolveram sentá-lo na mesma carteira que eu, porque ele era bastante distraído e não tinha as melhores notas, ao contrário de mim, e eles acharam que eu o poderia ajudar. Isto foi bastante bom para nós, porque nos tornou ainda mais próximos e a verdade é que, conforme o que a Sofia disse, eu estava realmente apaixonada por ele.

- Bem... Nós somos só amigos. – foi a melhor resposta que eu fui capaz de dar, talvez porque nunca tinha sido boa a expressar os meus sentimentos no que tocava a rapazes.

- Mas é óbvio para todos que vocês gostam um do outro, Benedita! – ela exclamou e eu suspirei, frustrada com a conversa – Escusas de fazer essa cara, porque eu só estou a dizer as verdades. Avança, miúda! Se ele não tem coragem, tens de ser tu a dar o passo em frente.

- Menos, Sofia! – exclamei, tentando acabar com o assunto – Quando, e se, eu achar que há algum passo a dar com o Rúben, eu darei. Mas não vai ser agora. – esclareci e ela assentiu, embora eu soubesse que ela não me tinha levado minimamente a sério.

(...)

O primeiro mês do segundo período havia passado com relativa normalidade e toda a excitação de estar de volta às aulas e aos amigos tinha desvanecido por completo, porque a matéria já se estava a acumular e as avaliações estavam a aproximar-se.

- Queres vir estudar lá para casa, hoje? – convidei a Sofia – Os meus pais trabalham até tarde e vou estar sozinha.

- Hoje não posso. – suspirou ela – Tenho de ir ao dentista tratar do aparelho.

- Oh... Combinamos noutro dia, então. – disse e ela sorriu, assentindo.

- Por que não convidas o Rúben? Ele precisa mais da tua ajuda do que eu... - ela observou, mas eu sabia que as suas palavras eram tudo menos ingénuas e que ela detinha uma intenção escondida.

- Sofia.... – adverti, mas logo ela me interrompeu.

- Não disse nada de mal, escusas de me olhar assim. – ela defendeu-se – Só acho que ele te podia fazer companhia, para não ficares a tarde toda sozinha, e que tu o podias ajudar a estudar. Ele precisa de subir as notas.

Take the Risk | Rúben Dias ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora