Desafiando a vida.

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AKIRA

Estou com tanta dor de cabeça. Como aquele homem conseguiu se mover tão rápido? Parecia uma besta. Estou exausta, e não importa, só quero descansar. Mas não. Sou forte, e eu consigo superar tudo, por mais que meu pai sempre dissesse que não.

- Você está bem?

Me aproximo de Yang, o tocando. No mesmo instante ele geme de dor, quando encosto em seu ombro. Ele está acabado.

- Estou ótimo! - levanta do chão, se apoiando em mim - não podemos esperar aqui!

- Mas não sabemos onde todo o resto está!

Ele me encara.

- Isso nunca é um problema! Basta procuramos! - volta a me encarar - por acaso, está cansada?

Sim, Yang. Eu estou cansada pra caralho e não me importo se você vai jogar isso na minha cara só pra me diminuir e me fazer sentir um lixo.

- Nem um pouco! Melhor irmos logo!

Olho para ele e é quando o mesmo sorri. Saltando do chão, ele avança em uma árvore, e assim vai saltando de árvore em árvore. Estou o seguindo.

- Por que você está morando com a gente?

Que pergunta idiota.

- Você deve saber a resposta! - digo, baixinho.

- Se estou perguntando, claramente é porque não sei! - olha para trás ao sorrir - e gostaria que você me contasse!

Não sei se devo contar minha história pra um estranho. Não somos amigos, nem nada do tipo. Mas ele é legal, e não sei se quero guardar só comigo a merda que minha vida é.

- Meus pais nunca foram legais comigo! Principalmente meu pai! - continuo saltando as árvores. Ele continua na frente, abrindo caminho - eu quase matei ele!

- Quase matou seu pai? É sério isso?

Droga. Não deveria ter contado essa merda pra ele. Sou tão idiota.

- Você é genial!

O garoto grita. Ele acabou de dizer o que eu acabei de ouvir? Ninguém nunca disse isso pra mim antes. Não que eu me lembre.

- O quê?!

- Sim! Você é um gênio! - ele volta a gritar, dessa vez ainda mais alto - se você fez isso, com certeza deve ter um motivo!

- Sim, tem! - sussurro, deixando escapar um sorrisinho de canto. Sinto minha bochecha formigar. O que é isso?

Ele deixa de correr, saltando em pé na árvore da frente. Faço o mesmo.

- Você não é fraquinha como achei que era! Você é forte! E você deve saber disso!

- Você não é tão estúpido como achei que era!

Ele sorri, se curvando.

- Com certeza, não!

Voltamos a avançar. Quanto mais avançamos, sinto que estamos mais próximos de encontrá-los. Isso é bom.

- Se eu conhecesse meu pai, também o mataria!

- Está brincando? - pergunto.

- Não! Primeiro iria perguntar o porquê dele ter me abandonado! - avança duas árvores de uma só vez - depois o enforcaria! Ele merece!

Avanço duas árvores e é quando percebo que Yang não está fazendo o mesmo. Está parado. Na minha frente. Chorando.

- Você está bem?

AKIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora