"Não existe o bem e o mal. Há apenas poder e aqueles que são fracos demais para buscá-lo."
- Lorde Voldemort(A Batalha de Hogwarts)
— O garoto... Ele está morto?
Uma quietude permeou a clareira enquanto o ar crepitava com magia negra - um cheiro de enxofre, sombra noturna e sangue fresco. No chão havia um corpo, deitado na grama cinza, intocado pela luz prateada do amanhecer pálido.
— Você. — gritou Voldemort. — Examine-o.
Lucius Malfoy mancou em direção ao corpo e deslizou dois dedos pelo pescoço do garoto. Um pulso.
— Ele está vivo.
— Excelente.
.
Hermione Granger estava em um campo de cadáveres, com as mãos trêmulas, sujeira e sangue acumulados sob as unhas. Seu coração martelava, a adrenalina pulsava em suas veias e sua magia estava exausta. Ela tentou bloquear as imagens de cabelos ruivos e olhos castanhos que perderam a malícia, de duas mãos pálidas entrelaçadas mesmo na morte. Não, ela não podia se permitir pensar, não podia se permitir sentir.
Houve um momento de quietude, o tempo desacelerou enquanto os flashes de verde, vermelho e amarelo se acalmaram e uma figura saiu da floresta.
Harry.
Hermione exalou um suspiro de alívio quando seu melhor amigo saiu do nevoeiro. Apesar da sujeira e do sangue, ele parecia ileso. Ela sentiu mãos familiares, calejadas e trêmulas, deslizarem pelas suas.
— Ele conseguiu — Ron exalou.
Ela quase gritou, quase estendeu a mão, mas parou ao ver o rosto dele. Não havia mais os óculos e nem o charme do garoto com quem ela cresceu. Em vez de olhos verdes olhando para ela, os olhos vermelhos brilhavam em retorno.
— Harry? — Ginny gritou confusa, caminhando para a frente, mas recuando imediatamente quando Nagini deslizou ao redor de Harry e sibilou em sua direção.
— Garota tola, Harry Potter está morto — sibilou uma voz carregada de veneno da boca de Harry. Um sorriso cruel se estendeu nos lábios dele enquanto uma gargalhada ressoava assustadoramente pelo espaço.
— Devo agradecer a todos vocês, pois sem vocês eu não teria conseguido obter essa forma. Vejam, na época em que imbuí minha alma na terceira horcrux, minha forma começou a se deteriorar. Meu corpo estava enfraquecendo devido a todo o poder que eu acumulava. E assim, em 31 de outubro de 1981, procurei preparar um recipiente.
— Não — sussurrou Hermione, horrorizada.
— Vocês realmente achavam que uma simples criança poderia me derrotar? Que naquela noite, quando Harry Potter viveu, foi por causa da bondade e do amor? — Ele riu, com um olhar triunfante e perigoso em seus olhos que não combinava com o rosto gentil de Harry. — Naquela noite em que os Potter morreram, eu imbuí uma parte de minha alma em uma criança. Não havia funcionado antes, mas dessa vez funcionou.
— Harry, eu sei que você está aí! Lute com ele! Eu sei que você está aí! — Ron gritou. Hermione agarrou sua mão com mais força, puxando-o para trás. Esse não era Harry.
O Lorde das Trevas deu uma risadinha.
— Ele está morto. No momento em que o atingi com a maldição da morte, quando ele se entregou tão corajosamente na floresta, matei a parte que era Harry Potter. Durante todo esse tempo, esperei que seu corpo se aclimatasse, que se rendesse à minha alma e no momento em que ele se entregou a mim? Ele estava pronto para ser levado. E vocês foram tolos demais para não ver isso — ele sibilou.
Muitos ofegaram e choraram enquanto os Comensais da Morte do outro lado olhavam com um olhar faminto.
— Sou o dono desse recipiente, sou o dono desse corpo agora. Se vocês tivessem notado a luta de Harry durante todos esses anos, em vez de acreditar cegamente na ideia de que o bem sempre triunfa, talvez tivessem percebido o que estava apodrecendo na alma dele, em vez de alimentá-lo com a falsa esperança de que ele poderia superar isso. Mas sua ignorância lhe custou caro. E agora, não só estou de volta, como também recuperei todo o meu poder.
— Venha e junte-se a nós — seus olhos carmesins brilharam triunfantes. — Ou morra. — Bellatrix gargalhou, com um olhar selvagem em seus olhos negros. Alguns choraram e outros gaguejaram, chocados demais com o fato de que seu salvador, seu amigo, estava diante deles, morto em todos os sentidos que importavam.
— De hoje em diante, vocês depositarão sua fé em mim. Eu sou misericordioso. O mundo que eu quero é para todos os bruxos, afinal, onde nosso poder natural é liberado como deve ser. — Voldemort sorriu enquanto seus seguidores aplaudiam.
Naquele momento, Neville correu para a frente, com os braços erguidos, a Espada de Grifinória brilhando quando ele a tirou do chapéu esfarrapado. Mas antes que ele pudesse levantar os braços, Nagini o atacou, cravando os dentes em seu pescoço. Hermione ficou paralisada, observando o corpo dele ter espasmos enquanto Nagini envolvia seu corpo ao redor dele, a espada deixando de existir.
— Eu renasci e este mundo também renascerá — continuou Harry - Voldemort. Neville gorgolejou, revirando os olhos enquanto o sangue escorria de seus lábios. — Neste dia, que se saiba que a Ordem das Serpentes começou.
O corpo de Neville ficou rígido quando rachaduras de aparições ressoaram pelo ar, muitos escapando do horror diante deles.
Eles perderam. Eles perderam.
Hermione permaneceu imóvel, observando a luz se esvair dos olhos de Neville. Hermione engasgou com seu horror, a bile subindo em sua garganta. Ela olhou para cima, observando o rosto de Harry, enquanto um olhar de triunfo enlouquecido entrava em seus olhos ao vê-la. Ele ergueu a varinha, mas antes que pudesse dizer qualquer palavra, ela foi puxada para a escuridão.
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The Order of Serpents | Dramione
FanfictionDurante a Batalha de Hogwarts, Harry Potter entrou na floresta proibida, morreu e saiu com os olhos vermelhos como o novo receptáculo do Lorde das Trevas. Desde então, Hermione Granger serviu como membro de elite da Ordem Verdadeira, isolando-se dos...