Já fazia anos desde que Levi temera a morte com tamanha intensidade. Ele sabia que aquilo não era necessário - Ash estava nas mãos dos melhores médicos que poderiam ter encontrado. Ainda assim, quando Mikasa gentilmente colocou a mão em seu ombro num toque de conforto, ele não a afastou. Apenas encostou a cabeça na parede, fechando os olhos, e esperou.
Se foram dias, horas ou minutos, ele não saberia explicar. Apenas esperou em silêncio, acompanhado de seus colegas e companheiros, até que o médico atravessou as portas, da sala de cirurgia, caminhando até ele.
ー Está tudo bem, capitão. Nada com que se preocupar. ー O médico anunciou, e Levi sentiu o peso de mil vidas deixar seus ombros. ー Venha, deixe-me te levar até o quarto. Em breve sua esposa estará lá.
Levi o seguiu, e novamente viu-se sentado, esperando. Esperando até que a trouxeram, ainda na maca. Ela sorriu, estendendo a mão até ele quando finalmente a deixaram no lugar.
Em seus braços, o bebê se remexeu, buscando o calor da mãe.
ー Ainda não acredito que eles te proibiram de entrar na sala de parto. ー Ash comentou, sorrindo, enquanto observava a expressão abismada que Levi dava para a filha. ー Mas imagino que tenha sido para melhor. Eu provavelmente teria quebrado sua mão se tivessem me deixado segurá-la.
Levi nada disse. Seus olhos permaneciam focados na criança, arregalados e brilhantes, um sentimento que ele não soube reconhecer tomando-lhe o corpo, preenchendo seu peito, correndo por suas veias até que seu coração todo transbordasse. Não era amor. Não, era mais que isso.
Adoração, talvez.
E a ciência de que ele seria o pai mais paranóico, cuidadoso e ciumento do mundo.
ー Segure sua filha, Levi ー a mulher ofereceu, inclinando o braço em que a bebê repousava ー Deixe Kuchel conhecer seu pai.
Levi se assustou, encarando a esposa com olhos ainda mais arregalados do que antes - se é que isso era possível.
ー Kuchel? ー Perguntou, a voz fraquejando à pronúncia do nome de sua mãe.
ー Se você concordar, claro. ー Ash explicou, o sorriso vacilando. ー Sinto que ela gostaria da homenagem.
O Ackerman assentiu, finalmente criando a coragem necessária para pegar a recém-nascida no colo.
Havia derrotado titãs, humanos, assassinos e todo o tipo de coisa, mas nunca havia sentido tanto medo quanto naquele momento.
Levi era pai. E estava aterrorizado.
ー Oi, Kuchel. Eu sou seu pai. ー Ele sussurrou, ao encaixar a menina nos braços. Que imediatamente começou a chorar.
Se alguém visse a expressão de total desalento no rosto do capitão, imaginaria que ele havia acabado de perder todo um regimento. Ash limitou-se a rir.
ー Deixe que ela se acostume com você, meu bem. Até agora fomos só eu e ela. Tenho certeza que em poucas horas ela já não vai mais querer sair de seus braços.
Levi sorriu de lado, voltando-se para a esposa enquanto balançava os braços com delicadeza, tentando fazer a filha se acalmar.
ー Tal mãe tal filha? ー Perguntou.
Ash riu, e Levi percebeu que aquele era o dia mais feliz de sua vida.
Ele fechou os olhos, trazendo a filha mais perto de si. De olhos fechados, agradeceu. À mãe, ao tio, aos amigos que havia perdido.
Isabel, Farlan.
Erwin.
Hange.
Sabendo que de alguma forma eles estavam ali, presenciavam o momento e comemoravam sua conquista, Levi agradeceu.
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Agridoce
FanfictionLevi há muito não sabia o real significado de felicidade. Ele perdera mais pessoas do que poderia contar, mais amigos do que conseguiria admitir, mais amores do que seu coração se permitia lembrar. O capitão não sabia o que era dormir com tranquilid...