Ash estava irada. Possessa, completamente irritada, sedenta por sangue. Ela maquinava em sua mente ligeira as muitas formas de tortura que usaria em um certo capitão, considerando todas as mais dolorosas maneiras de acabar com a vida daquele estúpido Ackerman. Quem aquele maldito anão de jardim pensava que era para impedi-la de ir à uma das missões mais importantes da Equipe de Reconhecimento? E o pior, trancá-la dentro da merda da casa que eles agora dividiam, alegando que era isso ou quebrar as duas pernas dela para garantir que a Untern ficasse para trás. Ah, por tudo o que era sagrado, ela arrancaria aqueles lindos olhinhos com os dentes assim que Levi chegasse em casa.
Já fazia quase uma semana que ela estava presa naquela maldita casinha, andando de um lado para o outro, planejando todas as formas de destruir a vontade que Levi tinha em viver - se é que ele possuía alguma. Ash planejou o assassinato dele tantas vezes que as cenas em sua mente já quase pareciam reais. Tinha o pequeno problema das consequências de matar um capitão, então talvez devesse pegar um pouco mais leve. E sim, ele fez aquilo porque a missão era especialmente perigosa, e sim, é o capitão quem decide quem o acompanha nas missões, então talvez ela não devesse espancá-lo até a morte. Talvez tornar a casinha tão suja ao ponto de ser inabitável? Era uma ideia... Mas, bem, ela estava presa ali, e Ash também não gostava de sujeira.
Então, como se uma lâmpada acendesse em sua mente perversa, Ash foi abençoada com o dom da inspiração. E o sorrisinho de lado que ela deu para a parede branca foi o suficiente para que o universo todo soubesse que o pobre capitão Levi sofreria nas mãos de sua mais insubordinada subordinada.
No instante em que Levi destrancou a porta de sua nova casa, dois dias depois, ele soube que havia algo errado. Primeiro, Ash não estava imediatamente sobre ele, soltando ofensas ou agressões. Pelo contrário, a mulher estava confortavelmente sentada no pequeno jardim de inverno da casa que dividiam, tomando chá e aproveitando o sol para ler um livro qualquer. É verdade que ela mal reconheceu a presença dele, dando não mais que um olhar irritado em sua direção. Mas ainda assim, estava muito quieta.
Como se não bastasse, algo parecia errado com a casa. Ele só não soube dizer imediatamente o que, mas algo estava errado. Levi olhou ao redor, prestou atenção em todo o caminho que fez da porta de entrada até o jardim, do jardim até o banheiro, e soube que alguma coisa estava estranha. Só não conseguiu identificar o defeito que seu subconsciente tão insistentemente apontava.
Quando entrou no banho, percebeu que seus itens de higiene pessoal não estavam à vista, ainda que tivesse quase certeza que estava tudo novo antes da missão. Mas tudo bem, talvez Ash tivesse usado suas coisas, mesmo que as dela estivessem bem ali. Então ele deu de ombros e lavou os cabelos e corpo com os itens perfumados, ainda que preferisse o cheiro de flores apenas no corpo feminino. Sua toalha também não estava no lugar de sempre, então usou a da parceira. Talvez Ash tivesse tirado as dele para lavar. Ele sabia que ela limpava a casa para se desestressar, não parecia algo tão surpreendente, considerando que ela estava a mais de uma semana confinada no pequeno lar.
Levi foi até o quarto com a toalha ainda amarrada na cintura, apenas para perceber que as roupas que mais usava também não estavam em lugar nenhum. No lugar, as camisas de pijama que ele quase nunca vestia, pois ficavam grande demais para seu corpo esguio, além das de algumas calças que variavam entre rasgadas, furadas ou grande demais. Onde diabos estavam suas roupas?
O Ackerman manteve a toalha enrolada na cintura, odiava ficar pequeno nas próprias roupas. Com as sobrancelhas franzidas, foi em direção à cozinha. Colocaria água no fogo para o chá e então iria falar com Ash. Mas onde estava a chaleira? Sua xícara preferida também não estava à vista, ele nem ao menos conseguiu encontrar o maldito pote de chá. Ah, estava começando a ficar irritado.
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Agridoce
FanfictionLevi há muito não sabia o real significado de felicidade. Ele perdera mais pessoas do que poderia contar, mais amigos do que conseguiria admitir, mais amores do que seu coração se permitia lembrar. O capitão não sabia o que era dormir com tranquilid...