VIII

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— Arthur, me diz que ela só está brincando e me punindo por ter saído escondida. — Eny disse tentando segurar suas lágrimas.

— Seus pais fizeram esse acordo há meses, eles vêm unindo forças e o nosso casamento ajudaria nisso.

— Você sabia disso?

— Eu...

— Fala Art, sabia que eles me forçariam a me casar?

Arthur concordou com a cabeça, triste pelo o que estava acontecendo. Ele queria sim se casar, mas nunca iria quer forçá-la a se casar, ele a ama e quer vê-la feliz, mas isso estava fora do alcance dele. Do outro lado da sala, o coração Julia estava se partindo em mil pedaços, a mulher que ama irá se casar com outra pessoa, logo quando elas finalmente tinham assumido os sentimentos.

— Filha, venha aqui, você e seu futuro marido. — Anastácia a chamou.

Eny ainda estava em choque, sem outra expressão além da que incredulidade. Queria que fosse mentira, queria que fosse um pesadelo horrível. De todas as coisas que a rainha pudesse fazer, para Eny, forçá-la a se casar com alguém que ela não ama, é a pior de todas. Eny caminhava sem vontade até sua mãe, a sala girava, o ar parecia ser mais difícil de se respirar e sua visão estava ficando embaçada. Como se fosse uma câmera lenta, ela viu Julia tentando conter as lágrimas, seu coração se despedaçou mais ainda, seus pensamentos estavam frenéticos e a duvida do por que isso está acontecendo não parava de crescer. De repente o chão se tornou a coisa mais próxima de Eny, sem consciência e noção de nada.

Julia saiu o mais rápido possível do castelo, queria um lugar seguro para poder chorar sem que ninguém testemunhasse, um lugar seguro. Ela foi para o jardim secreto, ninguém sabia da existência daquele lugar, então ninguém pensaria em procurá-la lá, se estivessem procurando. Julia chorou tanto, não queria acreditar que o amor de sua vida estava prestes a ser de outro, isso doía, doía muito. Aquele lugar trazia lembranças da madrugada que passaram juntas, dos beijos, dos sentimentos, dela. Ela queria a mesma coisa que Eny, que tudo fosse uma grande mentira.

— Não... Não me deixe... — Dizia entre soluços e lágrimas. — Volte para mim, não vá...

Ela chorou até pegar no sono dentro da cabana. Eny havia sido socorrido no palácio e levada ao seu quarto, onde ficou descansando por um bom tempo. Assim que acordou, Arthur estava sentado ao lado de sua cama, esperando que acordasse.

— Art...

— Eny! Como se sente?

— Morta.

— Não diga esse tipo de horror, está com dor? — Ele segura a mão dela, examinando-a.

— Sim.

— Onde?

— Aqui. — Eny coloca a mão livre em cima de seu coração. — Eu não posso fazer isso Art, não posso deixá-la.

— Ela ficará bem, você deve fazer isso pelo seu povo, sacrifício é algo importante para aqueles que vão assumir o trono algum dia.

— Eu não quero assumir o trono, quero a mulher que eu amo! — Eny diz com a voz trêmula.

— Toma cuidado irmãzinha, a mamãe pode ouvir você dizer isso. — Carter entra no quarto.

— Carter, eu não quero isso, me ajude por favor irmão. — Implora Eny.

— Eu gostaria de poder ajudar, mas não há nada que eu possa fazer, o papai e a mamãe decidiram isso com os outros reis, é política e todos chegaram a um acordo, desculpe irmãzinha.

Eny ficou tão triste, ela não queria comer, não queria sair da cama e até pediu para que a deixassem sozinha pelo resto do dia, todos obedeceram, até a própria rainha Anastácia não ousava entrar naquele quarto. Próximo ao anoitecer, Eny resolveu ir ao jardim, um lugar onde teria a sensação de não estar presa, quando chegou lá encontrou Julia que ainda dormia naquela cabana. Ela não queria acordá-la, então sentou ao lado da cama onde ela estava dormindo e ficou a observando. Quando Julia acordou, ela ainda estava sonolenta, mas se levantou de pressa.

— Eny...

— Eu...

— Tudo bem, não precisa explicar o que aconteceu, eu já estou indo embora. — Julia diz saindo da cabana.

— Por favor, fique, não posso ficar sem você.

Julia parou e se virou em direção de Eny.

— Por que me quer aqui? Você irá se casar.

— Eu não quero me casar, não com alguém que não seja você. — Eny caminha, ficando frente a frente com ela.

— Por que eu devo acreditar em você?

— Porque eu não sabia do casamento, minha mãe e meu pai fizeram um acordo com os reis e eu não sabia, eles não ligam para mim, só querem saber de alianças e poder. O meu amor de verdade é totalmente seu.

Julia não disse nada por um tempo, ela tinha medo de se machucar com tudo isso, mas escolheu acreditar, queria que fosse verdade.

— Eu não vou aguentar ficar aqui sabendo que você está com outra pessoa, além do mais ele parece ser muito melhor do que eu, é um príncipe e é bonito.

— Você é mil vezes melhor do que ele, o que eu tenho que fazer para provar que amo você, somente você?

— Casar com ele.

— O quê? — Eny disse confusa, em um tom quase inaudível.

— Nós duas sabíamos que não iria dar certo, você é uma princesa-

— Não quero ser princesa, quero ser sua mulher! — Eny a beija.

O beijo era triste, com um pouquinho de esperança da parte de Eny, mas Julia estava triste pela despedida. Se sentia culpada e sentia que estava prendendo Eny a um amor impossível.

— É melhor nos afastarmos, não tem como prosseguirmos juntas.

— Eu fujo, já disse que não quero ficar sem você, se for preciso eu fujo para bem longe com você, levaremos sua mãe e viveremos felizes juntas.

— Você tem o povo para cuidar e além do mais, minha mãe está doente, não podemos fugir às pressas com ela,, é perigoso para todo mundo.

— Então daremos um jeito, não desista do nós, não desista de mim.

Julia apenas concordou minimamente com a cabeça mas ainda estava perturbada, a notícia, o pedido de Eny, a culpa e o medo, tudo isso a perturbava. A noite já se fazia presente e a lua estava alta no céu. Eny e Julia deitaram na pequena cama da cabana, por sorte as duas cabiam lá. Julia estava mais calma, parecia ter colocado os pensamentos em ordem.

— Está tudo bem? — Eny a olha e pergunta, ela estava deitada debaixo do braço de Julia.

— Sim, estava apenas pensando, venha. — Julia beija seus lábios carinhosamente.

Ela queria esquecer tudo, faria isso aproveitando o tempo com a pessoa que ama. O beijo se tornou intenso, cada vez mais quente, rápido e necessitado. As mãos de Julia que descansavam carinhosamente na cintura de Eny, agora a apertavam sem dó. Sua boca descia pelo pescoço de Eny, chupando, lambendo, mordendo, dando um arrepio prazeroso nela. Com certeza a noite seria vantajosa.

A Princesa e a Menina da FlorOnde histórias criam vida. Descubra agora