III

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Era noite e as corujas faziam seus barulhos noturnos, os grilos também e a lua estava maravilhosamente bela no céu. Julia estava sentada em seu telhado, observando e conversando com ela, sim, ela estava conversando com a lua.

— O que está acontecendo comigo? Por que eu não consigo parar? Ela é apenas uma garota.

Poderia parecer estranho, uma menina sentada no telhado da casa, olhando para o céu e falando sozinha. Mas aquilo era a forma que ela encontrou de colocar seus pensamentos para fora, de ter alguém para conversar, ter uma boa ouvinte sem se sentir sozinha. E a verdade é que a lua tem esse poder sobre todos nós, dá a impressão de que de lá de cima ela está nos observando.

— Quando nos olhamos, parecia que o mundo à nossa volta tinha parado e só nós duas importávamos.

Ela pensava e pensava sem parar, refletia e falava com ela, a melhor ouvinte que alguém poderia ter. Sua mente estava confusa, tentando entender o que estava sentindo, o que estava acontecendo. Ela continuou até o sol começar a raiar. Ela fez seus afazeres, cuidou de sua mãe e foi vender as flores.

Seu dia rendeu, teve vários clientes, mas nenhum deles era aquela menina, Eny, aquele nome estava preso em sua memória e não iria sair tão cedo. Seu sorriso simpático era forçado e sumia cada vez que o cliente ia embora, frustrada por não ver a Eny de novo. Ela estava quase fechando quando viu uma menina de costas, tinha cabelos cacheados, era alta e usava um vestido simples, bem parecido com o que Eny usava no dia anterior. Seu coração se encheu de esperança e depois de felicidade quando a menina se virou sorrindo distraída. Era ela!

Julia sorriu largamente e admirou a bela garota de longe. Ela era naturalmente perfeita, transmitia alegria por onde passava. Ela estava com uma criança no colo, um menino. O coração de Julia acelerou quando seus olhares se cruzaram e ela caminhou em sua direção.

— Olá de novo. — Sorriu simpática.

— Olá, estava torcendo para lhe ver novamente, você foi tão legal comigo ontem, confesso que a mais legal de todo o vilarejo.

— Obrigada, como está a sua mãe?

— Conhece a minha mãe?

— Sim, ela nos emprestava a carrocinha para colhermos amoras e dávamos às crianças do vilarejo.

— Nossa, isso é muito gentil. — Ela estava admirada, além de bonita é muito gentil, esse era seu pensamento.

— Eu amo crianças, aliás, quer uma flor Izac? — Olhou para a criança em seu colo.

— Mas eu que deveria dar a flor para a princesa, não o contrário.

— Você está certo. — Pegou um lírio e deu ao menininho. — Aqui está, entregue para a princesa.

— Obrigada menina das flores.

— Meu nome é Julia amiguinho.

— O Max te chama assim, toma minha princesa. — Deu a flor para Eny.

— Izac! — Eny o repreendeu.

— Quem é Max? — Julia pergunta confusa.

— É o meu irmão gêmeo.

Julia ainda estava confusa.

— É que eu não sou daqui, mas venho visitar meus amigos e contei para meus irmãos que te conheci ontem, então eles te chamaram de a menina das flores.

— Eu gostei. — Sorriu sem mostrar os dentes.

— Sério?

— Sim, é um apelido fofo, além de ser verdade.

A Princesa e a Menina da FlorOnde histórias criam vida. Descubra agora