A Princesa e a Menina da Flor

II

— Eny? Eny, está ouvindo? — Amélia balançou a mão na frente dos olhos dela.

— Ah sim, o que disse?

— Estava falando sobre o príncipe Arthur.

— O que tem o Arthur?

— Ouvi dizer que ele vai se casar. — Continuaram a andar.

— E...?

— Não sente ciúmes? — Ela a encara.

— Não, por que sentiria?

— Eu vejo a forma como vocês se olham, estão apaixonados.

— Como é? Claro que não, eu não sinto nada além de amizade por ele e fico feliz que ele vai se casar.

Mais uma vez ela escuta aquela voz dizer: Flores! Comprem lindas flores!

— Quem é aquela garota? — Se referiu à menina que vendia flores em uma carrocinha.

— O nome dela é Julia, ela é de um vilarejo aqui perto, mas veio ontem para cuidar da mãe que está doente.

— Eu não a vi ontem.

— Ela veio depois que você foi embora, se você notar era a carrocinha da dona Elizabeth, a mãe dela.

— Eu deveria ajudá-la. — Caminhou até a carrocinha. — Olá.

— Olá, gostaria de uma flor? — Sorriu simpática.

— Eu vou querer um buquê de lírios brancos, são as minhas favoritas, além de serem lindas.

— São mesmo, aqui está. — Julia a entregou o buquê.

— Obrigada, aqui. — Eny entregou o dinheiro.

— Mas isso é muito dinheiro, o buquê não custa tanto assim.

— Pode ficar.

— Eu não posso aceitar.

— Por favor fique, considere como um presente de boas vindas. — Sorriu gentilmente.

Por um minuto as duas se olharam profundamente, com sorrisos largos e um clima silencioso, porém não era desconfortável.

— Eny, que flores lindas, iguais a você. — Amélia se aproxima.

— Eu concordo. — Julia não parou de olhá-la por um segundo.

— Seja bem vinda Julia, boa sorte com os negócios, agora Eny, a Bia está nos esperando no campo com os outros, vamos?

— Sim, sim, vamos, até mais. — Acenou para a florista.

— Até. — Sorriu.

Havia acontecido algo, com as duas, aquele clima não foi algo normal, mas também não foi ruim. Eny não conseguia tirar ela de seus pensamentos e com Julia acontecia o mesmo, as duas ocupavam a mente uma da outra.

Julia passou o dia lembrando do belo sorriso daquela garota, se perguntava o porquê, era perfeito, ela era perfeita, torcia para vê-la novamente no dia seguinte.

— Você está mais alegre hoje, o que aconteceu? — Perguntou Elizabeth à filha.

— Vendi um buquê de lírios brancos pra uma garota e ela pagou o dobro do valor, disse para eu aceitar como um presente de boas vindas.

— Deve ser uma garota muito gentil. — Tosse e se apóia um uma mesa.

— Mãe! Sente-se, eu vou pegar um como dágua para você. — A mesma faz isso. — Aqui está.

— Eu estou bem, só estava coçando a garganta. — Elizabeth pega o como de água e bebe.

— Sei. — Disse Julia, desconfiada.

Enquanto isso no palácio, Eny conversava sobre seu dia com Max e Carter, ela sempre fazia isso, seus irmãos eram seus melhores amigos. Os dois ficaram curiosos, perguntando sobre "a menina das flores", eles estavam a chamando assim.

— Eny, se apaixonou por uma garota? — Carter perguntou.

— O quê? Não, claro que não, ela é uma desconhecida e uma garota.

— Podemos nos apaixonar por qualquer pessoa, é simplesmente amor, não importa se ela é uma mulher ou um homem. — Foi a vez de Max se pronunciar.

— Nossa irmãozinho, parece um homem maduro, de onde tirou essas palavras inteligentes?

— Ah Carter vai-

— Meninos! Sem briga no meu quarto e é melhor pararmos de falar sobre esse assunto, a mamãe pode entrar por aquela porta a qualquer momento.

— Arthur vai ficar arrasado se souber que você tem um novo amor. — Max faz um drama e caras engraçadas.

— Novo amor? — A rainha entrou, atraindo olhares dos três.

— A música! Eu estava contando a meus irmãos o quanto gostei das aulas de música hoje, eles estão tirando sarro de mim por isso.

— Meninos, não façam isso com sua irmã, ela está seguindo os deveres de uma princesa e tendo um passa tempo, sendo prestativa pelo menos ao tocar, cantar e entreter as pessoas em eventos reais. Agora, só mais dez minutos e então, para a cama, os três.

— Sim senhora. — Os três disseram em uníssono e Anastácia saiu do quarto.

— Essa foi por pouco. — Max suspira aliviado.

— É, se a Eny não fosse inteligente o bastante para inventar aquela desculpa, teria ficado de castigo por sua causa Maximilian.

— Meninos, eu já disse para não brigarem, a mamãe pode voltar e é melhor obedecermos, para os seus quartos, vão.

— Mas Eny, nós queremos saber mais da menina das flores. — Max falou feito uma criancinha.

— O nome dela é Julia, não menina das flores.

— É para ficar mais interessante, deixe de ser chata. — Max reclamou e Carter riu.

— É melhor irmos mesmo, boa noite irmãzinha. — Carter beijou a testa da irmã.

— Boa noite princesa, sonhe com a menina das flores. — Max riu, deixou um beijo na bochecha da irmã e saiu.

Eny sorriu se despedindo dos irmãos, ela os amava tanto. Mas assim que a porta foi fechada, sua mente foi novamente preenchida pela "menina das flores".

— Quem é aquela garota? — Se referiu à menina que vendia flores em uma carrocinha.

— O nome dela é Julia, ela é de um vilarejo aqui perto, mas veio ontem para cuidar da mãe que está doente.

Eny observava a menina com fascínio, ela era muito bonita, cabelos longos e escuros, olhos castanhos escuros, era alta, tinha bochechas fofas e uma pinta um pouco abaixo do olho esquerdo, é algo normal mas Eny achou aquilo absolutamente charmoso. Um ponto importante de ressaltar, é o maravilhoso sorriso que aquela jovem dava, perfeito e angelical.

Eny, amava lembrar dela, dava-lhe um sentimento bom, deixava-a inspirada. Isso a fez ir contra as ordens de sua mãe e pegar seu caderno para escrever sobre seu dia e é claro que "a menina das flores" não estaria de fora.

Aquela voz, aqueles olhos e o sorriso... Tudo me fez pensar nela, ela não sai da minha mente, ela me deixa inquieta, não de um jeito ruim, deixa-me ansiosa, deixa-me com anseio de voltar lá e olhar mais uma vez em seus olhos, quero estar com ela, não sei o porquê, mas sei que quero estar. Talvez eu esteja pensando demais nela, ou talvez isso me faça bem, um pouco de alegria e coisas novas, ela mecheu comigo, o que você fez comigo menina das flores?