capítulo 14 - chapter fourteen

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Taehyung podia contar nos dedos a quantidade de vezes que tinha chorado naquela semana.

Era Ação de Graças e a família Kim estava comemorando, uma linda ceia enfeitava a mesa de seis lugares.
Kwanghee era ajudado por seu pai para comer a coxa do frango. O  ômega não era idiota, sabia o que acontecia lá dentro, mas não podia ir lá. Tinha que ficar inteiro para cuidar do seu hyung.

A casa não estava silenciosa, alguns ruídos eram escutados dentro do quarto de Taehyung.

O alfa havia desobedecido uma única regra: abrir a porta para sua avó. Soojin, mãe de Taeseok, tinha aparecido para fazer uma surpresa aos seus netos e como era da família, Taehyung não achou que teria problema ver a avó. Só que não contava que Jin descobrisse as marcas nos braços.

Soojin estava quase descobrindo a verdade quando o casal chegou.

— Eu só te peço uma coisa, Taehyung e você não é capaz de fazer! Quantas vezes já falei pra não abrir a porta pra aquele mulher! Eu não quero ela se intrometendo na minha forma de educar você.

A ômega gesticulava apressada, enquanto dava voltas no lugar. Taehyung, encolhido no canto da parede, concordava com tudo que ela dizia. Apenas não queria apanhar mais.

— Vou te deixar trancado aqui pra você aprender. Mais tarde trago sua janta. — deu o aviso antes de sair.

[...]

A mão ensanguentada foi até o rosto do garoto, sujando a bochecha dele e alguns fios escuros que caiam levemente na face. Um soluço cortou a garganta dele e uma tremedeira se apossou nas pernas do menino.

Queria gritar, queria sair daquele quarto, queria respirar um ar puro, não aquele que estava cheio de poeira.

Sons de passos foram escutados pelo alfa e não demorou muito para se encolher contra a parede, com medo de quem apareceria ali. Entretanto, antes da pessoa entrar no cômodo, Taehyung reconheceu o cheiro. Seus olhos arregalaram e foi impuro instinto levantar e ir até a porta.

— Hyung…

A voz chorosa do ômega preencheu o quarto e Taehyung não pensou duas vezes em correr ao irmão.

— Hee, não deveria estar aqui, é perigoso!

— nem você! — o menino mais novo subiu no colo do irmão e passou os dedos no rosto dele, tentando tirar o sangue dali. — o que a mamãe fez com você, hyung?

— Nada, Hee, não se preocupe. Seu hyung é forte e vai aguentar cada momento. — falou sincero e beijou a testa do ômega. — Só por você, Kwang.

[...]



Kim Taeseok ainda lembrava do primeiro choro de Taehyung; do primeiro sorriso banguela; dos  primeiros passos; das primeiras palavras. E também da primeira vez que ele apanhou de Sunhee.

Ainda guardava cada lembrança do alfa.

Agora, o vendo rindo com os amigos, aquele sentimento nostálgico se apossou do seu corpo. Imaginou como seria se Kwang-hee ainda estivesse vivo, se sua relação com Taehyung mudaria ou continuaria a mesma.

Sua atenção foi para a conversa da esposa com o sobrinho. Taeseok gostava muito de Seokjin, ele tinha sido um grande amigo para seus filhos.

— Então foi o Taehyung que os convidou?

— Oh sim, finalmente aquele alfa fez algo que preste. — Sunhee revirou os olhos. — E você, Jin? Encontrou alguma ômega durante esses anos?

— Sim, o Jimin tem sido um ótimo parceiro. Principalmente para o Haneul. — o lúpus disse sorrindo. Amava demais o Park e seu filho.

— E quem seria esse Haneul? — a ômega perguntou interessada.

— Meu filho.

— Não sabia que tinha um filho, Seokjin-ssi. — Taeseok falou surpreso. Quanto tempo passou longe dos assuntos da família? O que perdeu durante esses anos?

— Ele tem cinco anos...

— Com licença, vou falar com meu filho. — Sunhee bufou por não receber a atenção dos alfas.

Jungkook estava rindo com os amigos quando sentiu a atmosfera ficar tensa. Viu os ombros do Kim ficarem eretos, assim como seu corpo.

— Você deve ser o tal ômega do Seokjin-ssi. — a fêmea apontou para o loiro. Jimin arqueou a sobrancelha querendo saber onde ela chegaria. — Não parece na altura de um Kim.

— Sunhee…

— Não precisa, Alita. Me desculpe senhora se não estou na altura de um Kim, mas acredito que meu relacionamento com o Seokjin só interessa a mim e a ele.

— Além do mais, você nunca foi e nunca será uma Kim. — Taehyung disse ácido.

— Ya Taehyung, como pode falar assim com sua mãe?

— Você não é minha mãe e eu não sou seu filho, apenas carrego a porra do seu sangue. Porque mãe não faz aquilo que você fez durante anos!  Eu não convidei você para fazer intriga com o ômega do Seokjin-ssi,  caso continue, não vou ter pena em te colocar pra fora. 

— Sem estresse hyung. — Jungkook sussurrou pro alfa. — Minha mãe dizia que estresse trás rugas e você tem um rosto tão bonito pra isso.

— Então quer dizer que me considera bonito, Gukkie? — Taehyung devolveu os sussurros.

— Aish hyung, você entendeu tudo errado!

— Seja sincero com seu hyung, Jungkook.

Presos na própria bolha que construíram, eles não perceberam os olhares atravessados de Sunhee. Sentia raiva do Kim que se pudesse mataria ele só para trazer seu filho de volta. Claro, nunca foi assim. Só mudou quando descobriu que estava esperando outro filho e ômega. Taehyung nunca foi planejado, era só pra ser uma foda com Taeseok e tchau. Mas não, o destino quis mudar seus planos. Pelo menos, conseguiu ter Kwang e amá-lo da forma certa. Aquele ômega sim foi pensado.

Naquele dia era para Taehyung morrer em vez de Kwang.

[...]

Algumas ofensas aqui e ali, a noite seguiu bem. Sunhee ainda tentou mexer com Alita, mas não adiantou muito, ninguém prestou atenção. Taeseok e a esposa foram embora depois que terminaram de comer, o alfa agradeceu por Taehyung ter os chamado.

Seokjin e Jimin aproveitaram para seguir, o lúpus ainda precisava buscar o filho na casa da ex-namorada.

E Saori ficou encarregada de acompanhar Alita, a alfa ainda fez questão de ajudá-la a arrumar as coisas.

— Achei que ia acontecer alguma coisa interessante, mas foi tão chato. — Jungkook fez um biquinho emburrado.

— O que você esperava que fosse acontecer?

— Sei lá, uma gritaria, uns copos voando…

— E por que disso?

— Ya hyung, sua relação com seus pais é problemática, pode admitir.

— Como é que é?

— Não precisa fingir, hyung, dá para perceber. — tentou melhorar o que tinha dito. — Mas eu ainda não entendi o motivo disso.

— Eu já disse, só quero restabelecer minha relação com meus pais.

Meu Submisso (TAEKOOK)Onde histórias criam vida. Descubra agora