Capítulo 5 - Chapter FIVE

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March,2018

Naquele dia em especial, Jungkook fazia as lições da faculdade; por mais que os pais não prestavam atenção nele, não queria um filho sem estudos. Esse ano ele o qual estudaria em uma das faculdades conhecidas em Busan, tinha ganhado uma bolsa no meados de novembro do ano passado; seus pais ficaram animados com a ideia de não ter que pagar uniforme, material e etc., por isso aceitaram de prontidão e fizeram logo a matrícula sem escutar o consentimento do filho.

Hoje, ele agradece a eles. Por mais que não gostasse das atitudes deles, os amava mesmo não sendo amado e sentia orgulho deles; mas ainda sim, percebeu que eles não queria que o filho fosse igual. Não queria que fosse um homem sem os estudos completos, sem ideia de como fazer uma conta ou nem saber falar direito. Queria que ele tivesse um bom futuro, com uma boa pessoa ao lado e tivesse uma ótima carreira, não importando qual carreira seguir.

E o Kim só foi saber que o ômega fazia faculdade, quando a amiga veio conversar naquele dia. Naquele dia que quase seduziu Jungkook e por pouco não transaram ali naquela mesa. E enquanto observava o Jeon estudando, pegou lembrando da conversa que teve com Saori.

***

Saori sabia que tinha interrompido algo, o rosto corado e o chupão bem amostra no pescoço de Jungkook eram as provas vivas. Assim que o mais novo saiu, negou com a cabeça enquanto sentava de frente pro Kim.

— Sabe que ele não é igual ao...

Fora interrompida pelo soco que o de mechas vermelhas deu. Se assustou e viu que o amigo rosnou baixo, percebeu então que entrou no assunto proibido.

— Sei que não gosta que fale dele, mas não faça a mesma coisa com ele! – despejou as palavras e foi como um tapa na cara em Taehyung. — Ele não sabe metade das coisas que você fez, então se quer que não aconteça a mesma coisa que aconteceu com o James, não faz isso! Fomos irresponsáveis naquela época, principalmente vocês, porque eu avisei o que ia acontecer.

Nos olhos de Taehyung via fúria, saudades e medo. Como se todas aquelas palavras que Saori disse fosse o motivo do seu grande medo, e era, só não queria admitir. Não admitia para Lita ou 'pra Saori e principalmente para si mesmo. Não era fácil, não foi ela que sofreu durante os dois primeiros meses, não é ela que tem diversos monstros atormentando incansavelmente ao longo dos quatro anos. E principalmente, não é ela que faz aniversário no mesmo dia da morte dele.

— Mas não é isso que vim falar com você. – Saori disse, após um tempo.

Também sentiu o peso das palavras, mas sabia que o amigo precisava ouvi-las. Alguém tinha que fazê-lo perceber que já passou do tempo de se culpar pela morte dele.

— Não sei se viu, mas recebeu um e-mail da BUFG.  Parece que os pais do ômega colocam você como responsável legal dele. – deixou escapar um riso zombeteiro. — As aulas vão começar no próximo mês, pediram pra ir buscar o material e o uniforme que irá precisar usar. Fora que ele precisa se preparar para as aulas.

E tudo o que disse foi um "não". E ver a cara confusa da amiga, tentou explicar:

— Ele não vai estudar lá, pode muito bem estudar em casa. Ele vai querer fugir. – e não quero que ele faça o que James fez. Limitou-se a pensar nos pensamentos.

***

E vê-lo todo concentrado lembrou, Não. Não iria comparar Jungkook com James, apesar de ambos terem algumas características parecidas, como o cenho franzido enquanto está concentrado ou o biquinho que faz e nem percebe que fez. Se continuasse comparando eles, ficaria louco.

Nem percebeu quando Jungkook devolveu o olhar e a única coisa que fez, foi desviar a atenção para os cadernos na frente dele. Se sentia bobo por estar envergonhado, a única pessoa que tinha esse efeito em Taehyung era ele.

— Oi Taetae hyung! - Jungkook disse informalmente. — Tudo bem? Precisa de algo?

Parecia que o mundo tinha parado aos olhos de Taehyung, escutar Jungkook falando "Tae Tae-hyung" foi como um baque. Foi a primeira vez em oito anos que tinha sido referido como hyung, ainda podia escutar os chamados dele. ³

Hyung, hyung! Me ajude por favor.

— Hyung, eu não quero morrer, estou com medo. Não me deixe aqui.

Frases que ainda lhe atormentam, nas caladas da noite principalmente.

— Não preciso de nada. - respondeu. — Está cursando o que?

Kim jurou ver os olhos do ômega brilhar ao falar da matéria.

— Medicina, quero ser um pediatra.

Foi como ir ao inferno e não voltar, cada vez ficava difícil de não ver ele ali. Ele também tinha esse sonho, só não conseguiu completar. Queria saber se sua vida fosse a mesma com ele ali, vivo ao seu lado.

— E o que te levou a cursar essa área? - Taehyung perguntou.

— Não sei, mas sempre gostei de crianças. Quero cuidar delas do jeito que sempre sonhei em ser cuidado. – sorriu fraco. — Pelo menos vou dar meu carinho e meu amor à elas.

E o final da tarde deles foi com Taehyung tentando ajudar Jungkook com as tarefas e aprendendo algumas coisas, só que ele sabia onde seus pensamentos estavam. Estavam em Kwang-hee. Seu irmão.

***

Já estando em seu quarto, depois de um dia cansativo e cheio de tarefas, Jungkook suspirou alto. As poucas interações que tinha com Taehyung o deixava confuso, ficava com as mãos suando e seu coração acelerava. Nem ele próprio sabia o porquê de acontecer.

Seus pensamentos estavam bagunçados. E tudo era por culpa do alfa, lembraria de acausá-lo depois. Não o deixaria sair impune.

Seu lobo também não o ajudava, às vezes na calada da noite ele ficava falando o quanto gostaria de ter algo com o Kim. Jungkook já estava cansado.

— Ah! Que droga! –  reclamou revirando na cama. Não conseguia dormir por causa de certo alguém. — Ah Kim Taehyung, o dia que eu tiver forças, eu te mato!

Lembrou das vezes que ficava acordado até tarde pelo mesmo motivo –  insônia –  e o que fazia para tentar dormir mais cedo. Levantou e saiu correndo até a cozinha, tendo o maior cuidado para não esbarrar nas coisas.

— Você não tem medo de mim, mas sim de espíritos? – a voz grossa assustou o ômega, este que soltou um grito mas logo tapou a boca.

— Hyung! Misericórdia, nunca mais faça isso! E se eu desmaiasse?

— Yah, foi só um sustinho. Nada demais. – riu. — Mas o que está fazendo acordado? Não consegue dormir?

— Não e por isso que vim fazer um leite, antes quando morava com meus pais eu fazia isso quando ficava acordado até tarde. – deu os ombros e pegou o que usaria. — E você?

— Eu o que?

— Por que está aqui? – olhou pro alfa rapidamente. — Ou vai me dizer que é sonâmbulo?

— A mesma coisa que você.

— Hm… – olhando o líquido se esquentar, o ômega pensou se deveria abrir a boca ou não. — Taehyung-ssi, trabalha com que?

— Outra hora falamos disso.

Como não quer nada, Taehyung se aproximou do ômega e pousou as mãos na cintura dele, enquanto chegava pra frente para ver o que ele fazia.

— S-se afaste, alfa. – pediu num fio de voz.

— Hm, por que? Não consegue se concentrar comigo aqui? – Sussurrou baixinho contra o ouvido do Jeon. — Vamos, ômega, continue, vou me manter aqui até terminar.

E ele realmente ficou, Jungkook teve dificuldade para focar no que  realizava, quase se queimou.

Durante o tempo que se deliciava com a bebida quente, sentiu-se incomodado com a forma que Taehyung o observava.

— Que foi, hein? Tá me assustando. – reclamou o mais novo.

— Nada, não posso mais admirar o meu ômega? – perguntou dando os ombros.

Engasgou e sentiu as bochechas ficarem vermelhas.

Seu ômega?

— Sim. – sorriu. — Meu ômega.

Meu Submisso (TAEKOOK)Onde histórias criam vida. Descubra agora