Capítulo 3

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Pov: S/n S/s

Acordo sentindo uma forte dor de cabeça, tento me acostumar com a claridade, não lembro do quarto do hotel ter janelas tão grandes, o sol entra pelas janelas aquecendo minha pele, aos poucos me sento numa cama king size enorme, observo lençóis de seda dourado, logo que recobro a consciência, eu não estava no hotel, não havia voltado para o hotel, lembro de ser perseguido em um beco. Ainda assustado, observei o local, parecia uma construção antiga, um formato de castelo. Olho no criado mudo, tem uma bandeja com suco e alguns sanduíches. Mesmo com fome decidi não tocar por medo de estarem com algum tipo de droga. Me sinto angustiado, não queria vir nessa viagem idiota e agora fui sequestrado.

Percebo a porta sendo destrancada por fora, mesmo com um nó na garganta, decido sair e confrontar meu sequestrador, talvez se oferecer alguns milhões, ele me deixe vivo, não queria ter que apelar para a fortuna dos meus pais. Desço algumas escadas, sigo por um corredor iluminado por grandes janelas, realmente a estrutura do local é belíssima, assim que chego em uma sala, meu corpo trava, meus olhos não acreditavam no que viam, era uma sala de reuniões talvez, havia algumas poltronas separadas, e no fundo da sala uma lareira, mas o que me chama atenção é o enorme quadro acima da lareira, meu rosto estava pintando, de forma idêntica há cinco anos atrás, lembro daquela roupa, eu vesti uma única vez, na viagem a ilha...

- Está perdido gatinho de olhos (C/o)?

Me viro ao escutar aquela voz melodiosa atrás de mim, e o vejo, o homem que havia me abordado no hotel, ele veste uma roupa totalmente preta, justa deixando em evidência seus músculos. Sinto minha boca ficar seca, enquanto ele me devora com olhar.

- Quanto você quer? Diga seu valor, minha família tem muito dinheiro. - Não termino de falar e vejo um sorriso sarcástico em seus lábios, se não tivesse tão aterrorizado com a possibilidade de não se tratar de um sequestro eu diria que era o sorriso mais lindo que já tinha visto.

- Meu interesse é outro, anjo! - diz passando a língua suavemente por seus lábios.

Então percebo que não era um sequestro, começo a correr os olhos por todo o local na tentativa de achar alguma saída, começo a fazer perguntas para o distrair enquanto busco ver algum jeito de correr do local.

- Porque eu estou aqui?

- Há 5 anos atrás, eu estava num encontro de negócios com meu pai, eu tinha visto você andando na orla da praia, parecia perdido e sem rumo, teus olhos me chamaram atenção, antes que eu pensasse em ir até você, meu pai foi assinado, e eu tomei um tiro, e curiosamente, antes de desmaiar a única imagem que eu vi foi do seu rosto. Seis meses após o coma, eu ainda via seu rosto e deste então sabia que você seria meu.

- Você é maluco, como pode? Eu não sou um objeto, você pode responder processo por cárcere privado, sequestro, abuso e outros, só me deixe ir embora e eu prometo nunca comentar sobre isso.

Escuto mais uma risada, que faz meu corpo todo tremer. Meu sequestrador vai até uma pequena mesa se servir de um uísque, vira-se para mim, aponta para a poltrona pedindo que eu me sente. Eu recuso, ele vem em minha direção e me empurra com seu corpo, seu cheiro, me deixa desorientado. Ele se abaixa entre minhas pernas, sinto um medo, parece que meu sangue virou gelo em minhas veias.

- Seu modo (Sua profissão) é muito sexy, então vamos falar de negócios. - diz passando uma mão por minha coxa, tento afastar seu toque, mas ele segura minhas duas mãos sobre minha cabeça e fala bem próximo aos meus lábios, sinto seu hálito quente e o cheiro do uísque. - Você terá um ano para se apaixonar por mim, se em 365 dias isso não acontecer, estará livre.

Ele fica de pé, esperando minha reação. - Você só pode ser maluco, eu tenho um noivo! - Jogo as palavras com toda raiva que sinto, como ele pensa que pode me prender assim?! Em silêncio ele pega um envelope da gaveta na mesa e coloca em minhas mãos.

- O que é isso? - Ele apenas faz um gesto com a mão para eu abrir o documento. Assim que abro o envelope, percebo que são fotos de Pedro e (S/a). Eles estavam juntos ontem, no dia que era para ele estar comigo, eu não era idiota, sabia que Pedro estava estranho, já havia cogitado a possibilidade de traição, todavia ele sempre foi sincero. Me sinto um idiota, as lágrimas começam a se formar em meus olhos. Não queria demonstrar fraqueza na sua frente, ele apenas me olhava em silêncio.

- Mesmo assim, tenho pessoas que se importam comigo, minha família, você não pode simplesmente me prender aqui. - Sinto uma raiva percorrer meu corpo.

- Deixei um recado no hotel que você precisava de um tempo, também trouxe suas coisas.

- Você o quê? Eu não sei nem seu nome, como você acha que me apaixonaria, por um ser manipulador?

- Toji Fushiguro...- Claro que seu nome seria bonito e forte, contudo quando penso já estou correndo na direção oposta. Antes que chegue até a porta, Toji me puxa e me joga em uma parede me segurando firme.

- Eu nunca tocarei em você sem sua permissão, só não teste minha paciência, (S/n). - Fala entredentes, sua voz é rouca e baixa, suas mãos firmes em meu corpo de forma possessiva me assustam. Levanto minha perna e golpeio sua virilha com meu joelho, aproveito o momento de distração e corro novamente.

Mais uma vez ele me alcança, me puxa pelos cabelos feito criança, prende meus braços com suas mãos na lateral do meu corpo e ao mesmo tempo pressiona seu corpo contra o meu.

- Se no seu próximo aniversário você não tiver se apaixonado por mim, estará livre. Mas...Eu...Não...Tolero...Desobediência. - diz cada palavra devagar, sua respiração era pesada. Ele me solta aos poucos, e eu tento correr mais uma vez, ele me puxa pelo braço, em um vacilo de Toji, puxei a arma de sua cintura e aponto para seu rosto, sua expressão muda para raiva, medo e talvez desejo. Ele me olha intensamente.

- Tem uma trava de segurança, não adianta tentar...- me distraí tentando achar a trava e em questão de segundos Toji me desarma. Ele segura meu rosto com uma mão, sua respiração é ofegante, suas pupilas estão dilatadas, ele se inclina sobre mim, sinto ele tentando resistir o impulso de me beijar, viro meu rosto. Sinto quando seu nariz se aproxima do meu pescoço.

- Senhor o encontramos. - diz uma voz rouca, parecia ser homem de meia idade. Olhamos na direção, um senhor alto, branco de olhos muitos azul e cabelos brancos, está parado olhando em nossa direção com expressão impassível.

- Gojo, acompanhe o senhor (S/s) até seus aposentos por favor. - Com um confirmar de cabeça Gojo vem na minha direção, Toji me solta, antes que o homem me toque, eu me afasto de suas mãos e vou em direção ao corredor, assim que entro no quarto, ouço a fechadura sendo trancada, então me permito finalmente chorar. Deito na cama, abraço meu corpo e deixo toda tristeza, medo e frustração desses dias vir à tona, nunca pensei que Pedro poderia estar me traindo, como se não bastasse viver um relacionamento apenas por segurança, sabia que faltava amor entre a gente.

Me lembro das palavras de Toji e me assusta, estarei preso por um ano, sem ver meus irmãos. Como ele acha que se conquista alguém assim? Não consigo conter as lágrimas e soluços, aos poucos sinto minha mente sendo levada pela melancolia e adormeço.

365 Dni (Toji Fushiguro)Onde histórias criam vida. Descubra agora