NY, 19 de Julho de 2020
QUE DIA CHATO.
Já eram quase cinco da tarde e eu não tinha feito absolutamente nada de útil. E eu coloco toda a culpa nesse vírus idiota que me força a ficar em casa.
Como era domingo, eu não tinha aula. Queria ter desenhado um pouco e tocado com o meu pai. Mas ele precisou sair pra resolver alguma coisa do trabalho e tudo que eu tentava desenhar dava errado. Tentei algumas coisas que uns seguidores pediram, outras que eu queria, só que simplesmente não saia, então desisti por hoje.
O que me leva a estar jogado no sofá, num tédio absurdo, procurando, inutilmente, alguma coisa para assistir.
A essa altura eu já tinha rodado a lista de canais da tv umas três vezes e ficado mais de meia hora caçando alguma coisa interessante na Netflix. Mas é óbvio que eu não achei também, então decidi ficar no meu telefone mesmo.
Confesso que me assusta ver que várias pessoas, mesmo no meio de uma pandemia bizarra, continuam vivendo a vida normalmente. Indo em festas, shows e eventos lotados, sem máscara nem respeitando nenhuma das outras medidas de prevenção. E, infelizmente, o número delas só vem aumentando, junto com o número de mortes.Pra mim é muito estranho perceber que elas realmente preferem se enganar e fingir que nada está acontecendo, mesmo que isso possa acabar com a suas próprias vidas e as das pessoas a sua volta, à encarar o problema de frente. O Voldemort não sumiu só porque o Ministério da Magia preferiu ignorá-lo, assim como esse vírus não vai desaparecer só porque esse grupo escolheu fechar os olhos.
Entro no tiktok e começo a responder alguns comentários do último vídeo que eu postei. Depois vou assistir alguns vídeos.
Vejo alguns de pessoas fazendo palhaçadas, outros de coisas mais sérias, algumas dancinhas dessas que sempre aparecem (e que eu não levo o menor jeito), até que aparece em um de uma menina cantando.
Sua voz é quase angelical. E não demorei muito para reconhecer a música, já que era a que meu pai sempre tocava, garota de Ipanema. Um violão acompanhava sua voz, o que só tornou tudo ainda mais especial.
Fico tão preso ali que sem perceber o assisto umas três vezes em looping. Eu não quero e nem consigo sair dali. Curto o vídeo e sigo a garota. Até penso em comentar alguma coisa, mas minha vergonha não deixa. Nem mesmo sei se ela fala inglês ou não. Mas decidi deixar o vídeo salvo no app pensando em fazer um dueto no piano depois.
Finalmente saio do vídeo e continuo rolando a For You. Mas não leva muito tempo para que a mesma menina volte a aparecer. Só que dessa vez dançando. E meu deus…
Se antes eu só conseguia prestar atenção na voz maravilhosa que ela tem, agora meu foco está na beleza dessa mulher. Na sua pele marrom clara, seu cabelo longo bem cacheado que caia pelas suas costas, seu corpo “violão” e seu sorriso maravilhoso que acabou completamente comigo.
Entrei no perfil dela e logo vi a bandeirinha do Brasil na sua descrição, junto com “Brasileira, não bolsominion” entre parênteses logo do lado. Seja lá o que bolsominion signifique, já vi que o universo não seria legal ao ponto dela morar aqui perto. Considero bifobia.
Também consigo entender, com meu não tão bom português, que ela é do Rio de Janeiro, gosta de cantar e dançar (o que eu já tinha reparado) e, se eu não tiver enganado, de ler (o que me faz ter ainda mais vontade de falar com ela). Ah, e a menina também é queer, ou uma dessas sem noção que coloca a bandeira do movimento “porque gosta do arco-íris”. Mas como ela parece legal, prefiro acreditar na primeira opção.Vejo também que ali tem o link do Instagram dela, mas quando vou clicar meu telefone começa a tocar.
- O que que foi, animal? - Pergunto quando atendo.
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A um click de distância (Part. 1)
Romance➪ 𝐂𝐥𝐮𝐛𝐞 𝐝𝐨𝐬 𝐬𝐞𝐢𝐬 - 𝐋𝐢𝐯𝐫𝐨 𝐔𝐦 Elizabeth e Thomaz são dois jovens apaixonados por arte. Ela a música e ele as pinturas. Os dois também amam de ler fantasias e romances. Ambos são bissexuais. Ela está no armário, ele não. Como boa par...