A Vingança dos Três Reinos

Capítulo 4

William e eu passávamos muito tempo juntos. Ele me ajudava com os patos, as galinhas, a plantação...
Como meu pai tinha ido embora, quem fazia tudo era eu e minha mãe, então a ajuda de Will melhorou muito nossa vida.
Minha mãe fazia a comida, pois ela não podia se mover muito, tinha problema na coluna. E eu e Will fazíamos o resto.
Ele me prometeu que não estava mais vindo até minha casa pela floresta, e sim, contornando-a.

Numa manhã nós estávamos recolhendo ovos quando Will falou:
- Eu estava pensando em uma coisa.
- O que está pensando? - perguntei curiosa.
- Faz quase um mês que estou te ajudando... mas você nunca veio para minha casa conhecer a vovó.
- Você quer que eu vá? - perguntei. Como ele não respondeu eu desabafei. - Eu achava que nós não éramos tão amigos ao ponto de visitá-la, só que éramos colegas de trabalho.
- Bom, no início foi isso, porém eu quero ser seu amigo. Se lembra do que falei? Queria um trabalho E um amigo, amiga então.
- Estava falando sério quanto à isso? - olhei para ele.
- É claro.
- Ok, tudo bem. - sorri - Eu vou ver a sua vó.
Will sorriu de volta. Mas... não fez só isso. Jogou um ovo no meu vestido e riu, não, gargalhou na verdade.
Eu gostava do garoto que ele era.
Começamos uma guerra de ovos. Minha mãe ficaria louca.

No mesmo dia, porém à tarde, eu finalmente fui até a casa de Will.
A visita não foi o que eu esperava.
Quando chegamos, a casa estava com cheiro de jasmim. Will me explicou que era porque a vó dele adorava esse tipo de flor. Eu achava que iria a adorar, mas na verdade ela era meio louca.
A vó dele se chamava Rose e usava cadeira de rodas. Logo que me viu, olhou para mim de olhos arregalados, tirou as mãos do colo e as esticou para mim.
- Você corre perigo, filha. Você tem que tomar cuidado. Algo quer você. Você vai sofrer se não tomar cuidado. - falou ela.
Eu gentilmente peguei a mão de Rose e apertei, mas nós não ficamos muito na casa do Will. Além da vó ser pirada, descobri que lá não tinha muito o que comer e o quarto de Will era uma cama com uma cadeira ao lado e as roupas dele em cima.

Voltando para minha casa, Will me acompanhou.
- Você não disse que também não tinha comida. - soltei, aquilo estava preso na minha garganta para ser dito.
- Eu não queria pedir nada, só sair da casa por um tempo. Minha vó almoça junto com algumas mulheres estranhas, não que ela também não seja, então... sem comida em casa.
- O que você come?
- Eu... eu meio que pego frutas por aí.
- Não têm muitas frutas plantadas fora dos terrenos. Você rouba? - perguntei, tentando não ser inquisidora, porém sem sucesso. 
- Não exatamente.
Percebi que não tiraria mais nada dele, então parei de falar até chegarmos no lago dos patos de minha casa.
- Sabe... se você quiser pode começar a almoçar aqui, tem me judado muito....
- Por mim tudo bem! - rimos e ele agradeceu, depois foi embora.
Mas Will não precisaria do meu almoço, não com o que a floresta guardava para ele.