Dia Vinte e Cinco

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Neville andava pelo castelo após o pequeno almoço de natal sem se preocupar com o horário ou aulas, pois como todos ainda estavam festejando e comendo ele poderia perambular um pouco pelos frios corredores sentindo a quietude do castelo e o feitiço de aquecer em suas roupas que deixavam suas bochechas vermelhas.

O moreno optou por ficar no castelo aquele ano, já que sua avó queria viajar para o Canadá ver uns parentes distantes e ele não se sentia tão confortável com parentes distantes, ainda mais aqueles tios que lhe perguntavam constantemente sobre namoradas o deixando desmaiado de constrangimento do lado da árvore de natal que ficava na sala de estar.

Neville pensava que qualquer ano daqueles poderia só falar que nunca iriam ser namoradas por ele era gay, mas sempre que pensava melhor achava que não deveria soltar uma bomba daquelas em pleno natal. Porque a) era natal e ele só queria comemorar sem grandes impecilios e b) ele não estava afim de se assumir tão rapidamente, seus parentes não eram preconceituosos mas ele também não estava com pressa.

E na verdade, falando em namorado, Neville chegava até a ter uma pessoa em mente. As bochechas do moreno até ficaram mais quentes pensando na maneira em como ele e Theo se abraçaram respeitosamente quando o almoço acabou e todos se felicitaram. Ele sabia que era só um abraço de felicitações e que não significou nada para o sonserino, mas para ele que esteve pensando em Theodore ao longo do ano foi uma grande vitória.
Na realidade, Theodore Nott também foi um dos grandes motivos para Neville ficar no castelo naquele sexto ano de calmaria antes do grande turbilhão que seria o último ano em Hogwarts. As provas chegariam, a correria para a vida adulta e maior para a idade também, então Neville só queria aproveitar enquanto ele ainda era um adolescente despreocupado para se jogar de cabeça em seus sentimentos, antes de saber que nunca mais veria Theo depois do próximo ano.

E você até poderia perguntar a Neville: já que ele pensava assim porque não então tomar coragem e tentar? 

Porque na cabeça de Neville, a menos que ele estivesse correndo risco de vida ele não contaria nada sobre seus sentimentos a Theo. A rejeição era bem pior que a covardia na opinião do moreno e se ser covarde significava que ele não iria se machucar, para ele então estava valendo. Dor emocional era sempre pior que a dor física, ele melhor que ninguém sabia disso.
Neville chegou em seu dormitório vazio, pegando somente as roupas mais quentes que tinha e saindo novamente. Rony e Harry haviam ido para os Weasley's passar o natal, Seamus e Dean também estavam com suas famílias então só restavam suas coisas dentro do quarto que agora parecia enorme sem os amigos.

O moreno passou pela comunal que tinham no máximo cinco alunos conversando animadamente, claramente bêbados, e saiu novamente fazendo outro feitiço para aquecer em suas novas roupas ao encarar o corredor frio onde as janelas mostravam neve.

Neville se dirigiu ao final das escadas indo até a cozinha pegar chocolate quente com um dos elfos meio bêbados que lhe deu o chocolate e uma garrafa de hidromel alcoólico logo o expulsando da cozinha e trancando a porta.

- Está ai tudo que pediu garoto. - falou o elfo de forma arrogante e mal humorada fechando a porta na cara do Grifinório e voltando a gritar sobre o jogo de cartas que estava jogando com os outros elfos.
- Mas eu não pedi hidromel... - Neville falou confuso para a porta já fechada, encarando a garrafa sem entender muita coisa.
- Isso ai foi eu quem pediu. - a voz de Theodore Nott chegando a seus ouvidos era inconfundível.

Neville deu um pequeno pulo para o lado com o susto, segurando a garrafa e o chocolate em mãos de maneira firme para que não caíssem. Ele mal haviam percebido quando o castanho tinha chegado, mas ele agora estava ao seu lado, o olhando de forma neutra.

- Eu não sabia. - Neville murmurou.
- Por favor, não fale a Snape que estou tomando álcool é uma tradição natalina. - Theo sorriu com sarcasmo.
- E-eu não contaria nem se quisesse. - Neville sorriu constrangido encarando seu chocolate que começava a esfriar.
- Bem, pode me devolver? - Theo perguntou apontando para a garrafa e Neville somente estendeu o objeto - Obrigado. - o Sonserino abriu o hidromel tomando o conteúdo que era mais líquido que de costume pelo álcool e sorriu - Nunca perde o bom sabor, você quer? É bem doce e tem pouco teor alcoólico, então não faz mal se você beber uma inteira.
- Eu... - Neville pensou - Quero sim, eu acho.

O Natal dos SonsosOnde histórias criam vida. Descubra agora