• Capítulo 2 •

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Eu estava dirigindo há poucos minutos, mas Flávia se manteve olhando para a janela desde que entrou aqui.

— Foi a Paula que dedurou onde eu estava, né? — ela quebra o silêncio horrível entre nós dentro do carro. Antes disso, foi impossível não notar a forma com que o perfume dela tomou conta do espaço. Era muito agradável, e talvez até tivesse algo a ver com a própria Paula.

— Hãn. Mais ou menos. Ela ficou nervosa de repente e disse que estava sensível, algo assim. — Franzo o cenho em confusão ao me lembrar da cena. — Vocês discutiram?

— Sim, mas não quero falar sobre isso agora.

— Eu entendo — respondo rapidamente. Fico com uma pontada de preocupação, porém não posso fazer nada a respeito no momento.

Sei que preciso manter o foco no que estou fazendo, mas também queria muito que a Flávia olhasse para mim. Queria conferir suas expressões, e parecia uma eternidade até poder conseguir isso novamente.

Paro em um sinal vermelho e aproveito para olhar um pouco para o lado. Flávia estava tão perto de mim e ao mesmo tempo muito distante, e eu merecia isso. Me aproveitei de todas as brechas que ela me deu, culpei a ela e somente ela por tudo o que houve entre nós até aqui, descartando-a, até que ela finalmente se cansasse. Eu tenho consciência de que fui o primeiro amor dessa garota, mas não me acho muito digno disso agora.

— Parece que tudo voltou a dar muito errado pra mim — Flávia diz quando deixamos o sinal para trás. Sua voz soa mais baixa, mais triste, e ela ainda não se virou para me olhar.

Sinto uma enorme vontade de passar algum tipo de conforto, mas tenho receio de piorar ainda mais as coisas. Geralmente eu fazia isso com ela.

— Não tem sido muito agradável pra mim também — arrisco dizer.

— Eu já sei o motivo. Ou melhor: os motivos. Me desculpe se eu, a Paula e o Neném estragamos a sua vida até aqui. — Ela finalmente olha para mim, mas não do jeito que eu gostaria.

Não. Não podemos brigar. Brigamos mais do que qualquer casal normal poderia suportar. Bom, não éramos exatamente um casal também...

— Vocês não estragaram a minha vida. As coisas foram acontecendo muito depressa. Eu não soube lidar com isso. Fui traído, ainda posso morrer. Você sabe exatamente como é — digo. Minha voz não sai muito tranquila, e eu agarro o volante com mais força. Péssima ideia começar a falar sobre morte estando prestes a discutir conduzindo um carro.

— Sim, eu sei. Assim como eu sei que você retribuía os meus beijos, empatou as minhas tentativas de avanços com outros caras, e só faltava me dizer que o seu casamento acabou por minha culpa — Flávia está praticamente gritando e gesticulando com as mãos.

Estou começando a perder o controle mais uma vez. Isso é um desastre. Por que precisamos discutir sempre?

— Eu sei o que fiz da última vez. Não estou te culpando pelo meu rompimento com a Rose. Isso foi entre eu, ela e você sabe mais quem.

— Estou cansada, Guilherme. Você já voltou para ela outras vezes e não me deixou seguir em frente. Isso é muito cruel. Como posso confiar em você?

Ela tem razão para estar tremendamente decepcionada comigo. Não nego todas essas acusações. Só preciso de uma chance nisso para tentar reparar as coisas. Mais do que isso, eu preciso dessa garota comigo.

— Flávia, eu não posso pedir que confie em mim de repente. Podemos continuar essa conversa durante o jantar? — Olho para ela rapidamente, mas não vejo nenhum sinal de melhora na reação dela.

Good For You (FlaGui shortfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora