• Capítulo 4 •

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Em minha casa, desligo o carro e olho para Flávia. Ela está com a cabeça encostada na janela e tenta olhar em volta como se nunca tivesse estado aqui antes. Acho que sou capaz de entendê-la nisso. É um recomeço e tanto para nós dois.

Esse breve momento me amolece um pouco, trazendo à tona parte do antigo Guilherme — um homem extremamente carinhoso, sem receio de tomar a mulher que ama nos braços para beijá-la e protegê-la do que for preciso. Flávia é essa mulher. Ela consegue fazer com que as minhas emoções saiam de maneira mais leve e verdadeira. Sim, passamos por momentos bem agitados até aqui, mas tudo valeu a pena.

— O que foi? — Flávia me pega olhando para ela e interrompe meus pensamentos. Acho que eu estava prestes a sorrir feito bobo, mas acabo cedendo e coloco a mão na coxa dela, fazendo um carinho com o polegar. Ela observa o que estou fazendo por alguns segundos e volta a olhar para mim com ternura.

— Estava só pensando um pouco. Olhando você.

Ganho um sorriso e um afago rápido em minha mão.

— Você sabe ser um fofo quando quer — diz Flávia. — Não esquece de pegar suas coisas dessa vez. — Ela faz um sinal na direção do banco de trás, pega suas próprias coisas e começa a sair do carro.

Faço o que ela diz e saio também.

Flávia está esperando que eu dê a volta no carro para irmos na direção da entrada da casa, mas seguro o braço dela gentilmente antes de irmos e ganho uma expressão confusa e linda.

— Me dá só um minuto? — eu peço, ficando totalmente de frente para ela.

— Todo o tempo do mundo — ela me diz, inclinando um pouco a cabeça para o lado e sorrindo.

Tão linda. Sou absurdamente atraído por essa mulher. Cada detalhe de seu rosto que acompanha as minhas memórias, o jeito de se vestir, seu corpo macio e que esteve junto ao meu.

Com o sobretudo apoiado em um dos braços, levo minhas mãos ao rosto de Flávia, usando de novo o meu polegar para acariciar sua pele. Ela fecha os olhos sob o meu toque e coloca sua mão pequena sobre a minha. Aproveito o momento para beijar sua boca devagar, sem causar maiores surpresas com a minha aproximação. Flávia quase suspira nesses primeiros segundos, mas depois afasta a mão da minha e toca o meu rosto também. Me contenho para não aproximar mais o meu corpo, principalmente quando Flávia deixa uma mordida no meu lábio inferior para interromper o nosso beijo. É assim que as coisas são quando estou com ela. Não falta tanto para chegarmos ao quarto e mal consigo resistir a um beijo.

— Adoro te tirar do sério. Não importa qual seja o sentido disso — ela fala em meio a um sorrisinho. Ainda estou um pouco sob o efeito do beijo, tirando as mãos do rosto dela, e ela do meu, mas consigo pensar em algo para retrucar.

— Então você vai ter que ser bem criativa, porque vai fazer isso por muito tempo.

— Está duvidando de mim ou me pedindo em casamento? Olha o tanto de roubada que eu já te fiz passar. — Flávia arqueia uma sobrancelha para mim. Depois, o ar sedutor de agora há pouco começa a voltar. — Sem falar nas outras coisas. Aquelas que estamos prestes a fazer.

Sou pego um pouco desprevenido com a parte do casamento. Não de um jeito ruim, mas pelo fato de que Flávia não deixa escapar nada. Eu teria que me desdobrar para elaborar uma surpresa que fosse realmente uma surpresa para ela.

— Relaxa, doutor. Não vai me convidar para entrar? — Flávia volta a falar quando nota a minha reação. Antes de se afastar, ela cutuca a ponta do meu nariz com o dedo indicador. Uma graça, admito.


Andando pela minha própria casa e prestes a entrar em meu próprio quarto, sinto um nervosismo diante da situação, quase como se o sentimento estivesse de fato descendo pela minha garganta. Cheguei a oferecer água ou qualquer outra coisa, mas Flávia estava determinada a continuar o caminho, olhando ao redor de vez em quando. Não tenho como saber o nível de nervosismo dela agora. Talvez nem estivesse com esse incômodo. Ela gosta de tomar o controle, dizer o que pensa, e esteve esperando por um amor durante todo esse tempo. E eu, mesmo sem ter certeza no começo, estive esperando por ela.

Good For You (FlaGui shortfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora