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"Nenhum homem é tão bom a ponto de nenhuma culpa o acompanhar. Tampouco tão ruim que mereça ser completamente ignorado."

(Provérbio viking)

A melhor forma de demonstrar afeto são com gestos. Palavras se vão com o vento, mas ações ficam para sempre incrustradas em nosso inconsciente, e para provar essa certeza, Kara apertou mais minha neta em seu abraço, numa nítida forma de dizer "estou com você". 

Lena suspirou saindo do abraço fazendo uma careta, as feridas ainda lhe doíam as costas. 

- Deixe-me ver os ferimentos. - A lenhadora a mirava com os braços cruzados. 

- Não há nada para ser visto. - Tentou, mas acabou revirando os olhos soltando o ar pelo nariz enquanto negava com a cabeça, ao ver Kara a mirar com as sobrancelhas erguidas e a olhou intrigada quando a loira riu alto. - Do que está rindo? 

- Foi exatamente por causa desse gesto que soube na hora que você era o Lobo. 

- Que gesto? - Lena também tinha os braços cruzados a altura dos seios. 

- Isso, bufar feito um búfalo enfurecido. Você sempre faz isso quando está impaciente. - Sorriu de lado e recebeu uma careta da morena. - Extremamente fofa. 

- Não sou fofa, nem um búfalo. Sou um Lobo feroz. - Foi impossível para Kara não rir do bico que ganhou os lábios avermelhados de minha neta. 

- Oh, perdoe-me se lhe feri o ego, oh Lobo feroz! - O tom zombeteiro usado pela Ômega, enquanto se aproximava da Alpha bicuda com os braços abertos, foi o motivo para Lena erguer a mão direita e espalma-la na face da loirinha mantendo-a uma certa distância.

- Sai. 

- Nem bem se descobriu Alpha, e o ego já lhe é gigantesco. - Falou abafado por ter os lábios cobertos pela palma da mão de Lena. 

- Não quero saber. - Minha neta tinha o rosto virado para o lado, mas voltou sua atenção para a Ômega quando sentiu a dor da mordida em sua mão. - Kara! 

- Ande, pare de bobeiras e me deixe ver. Aquela coisa tinha garras enormes! - Os olhos azuis estavam sérios. 

Não era de seu feitio desistir... 

A contra gosto, minha neta lhe deu as costas erguendo o tecido da camisa branca que usava, mostrando a parte inferior dos arranhados, mas Kara queria ver tudo. Com os olhos arregalados puxou mais a camisa para cima revelando toda a extensão do ferimento.

Seis arranhões profundos desciam da altura dos ombros até a base de sua coluna, pelas costas e laterais da sua cintura. 

- Lee... - O sussurro tremulo demonstrava a forma impactada com que a Ômega observava as feridas parcialmente cicatrizadas. 

- Não foi nada, já estão quase curadas. - Lena ajeitava a blusa no corpo.

- Como não foi nada? A besta te retalhou de cima a baixo! - Kara piscava os olhos rapidamente, contendo a vontade de chorar. 

- Alex me encontrou na floresta e me trouxe para cá. Vovó conhece todos os segredos das ervas, está tudo bem agora, Kah. - Minha neta sorria gentil, enquanto segurava os ombros da Ômega. 

- Rao... Lex tem razão, não deveríamos ter ido até lá... - Estava perdida na culpa. - Você quase... Não consigo nem pensar. - Fechou os olhos com força.

- Meu irmão não tem razão sobre nada, Kah. Veja quantas coisas descobrimos! - E tocando seu queixo o ergueu para que a Ômega olhasse para ela. - Hey! Tudo se deu como deveria ser. Odim tudo vê, e tudo sabe. 

Chapeuzinho Vermelho | SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora