Como amar/odiar Liam Evermont (Suspensa)

Capítulo um

 1996

Liam

Fim das férias de verão eram sempre estressantes, tudo voltava ao que era antes, ter que levantar cedo para ir pra escola e passar boa parte do seu dia estudando. Isso era um saco!

Mas pela primeira vez na minha vida eu acordei dez minutos antes do despertador começar a berrar e me sentia bastante ansioso para me levantar logo. O motivo disso tudo? Hoje eu iniciava o ensino médio. Finalmente eu iria aproveitar o colégio, pois a melhor parte tinha chegado. Colegial era sinônimo que eu não era mais um garotinho. eu agora iria começar a ser descolado, não iria mais ser comparado com uma criancinha e poderia zoar de boas os alunos de séries menores, também teriam as meninas, não que eu já não fizesse sucesso entre elas, eu já era bastante popular e muitas até chegavam a brigar pela minha atenção, só que a minha ansiedade maior seria para me inscrever no time de futebol, meu sonho era me tornar um grande jogador profissional, igual ao David Beckerman.

A única coisa nada animadora de voltar para a escola era ter que usar o uniforme padrão que minha escola oferecia, era a coisa mais ridícula ter que usar terno para ir a escola.

-Como estou garoto? -Perguntei para Newton que estava deitado em sua almofada ao lado da minha cama. Ele levanta a cabeça e balança o rabo. - Hoje eu começo o colegial irmão. - Falei olhando para a foto do meu irmão que ficava em uma moldura na parede do meu quarto. -Queria que você estivesse aqui para me dar uns conselhos de irmão mais velho.

Nem acredito que já fazem quase seis anos que Will não está mais aqui, essa casa ainda carregava muitas lembranças dele. Quando ele morreu estava com um pouco mais do que a minha idade de agora, quatorze anos. Depois de sua morte minha família se rachou por completo, primeiro minha mãe, que não aceitou a partida de Will e simplesmente se isolou do mundo, deixou de ser a mãe amorosa que sempre era conosco e virou uma mulher amarga e depressiva para mim e para minha irmã mais nova, não gosto muito de falar sobre a minha mãe, não depois dela ter desistido de nós depois que Will se foi. Meu pai não aguentou por muito tempo e pulou do barco literalmente, ele deixou minha mãe e pouco tempo depois se casou novamente com uma Brasileira chamada Fernanda, não vou muito com a cara dela já que ela chegou na minha família para tomar o posto que era da minha mãe, e o pior ainda trouxe a sobrinha junto, uma garota estranha que só chegou para atrapalhar a minha vida, eu nunca iria vê-la como uma irmã, chegava até ser uma ofensa pensar nela dessa forma. Não gostava nem um pouco daquela pirralha irritante e ela também me odiava então estamos quites.

-Liam olha a hora... - Uma mulher de quase meia idade entra no meu quarto sem bater, como sempre, acho que ela não lembra que a porta existe para isso. - Você já está quase atra...- Ela parou de falar assim que me observou já pronto. - Já entendi porque o dia hoje amanheceu chuvoso, você se levantou na hora isso é um milagre! - Ela jogou as mãos para o alto.

-Não seja dramática Tiffy, eu quase nunca me atraso.

-Quase nunca ou sempre? Bem, chega de conversinhas e se apresse para tomar seu café da manhã. - Ela começa a recolher as minhas roupas sujas pelo chão do meu quarto. - O uniforme do ensino médio ficou muito bonito em você, está parecendo com o Will. - Tiffy diz com um ar de tristeza carregado na voz.

Era o que todos diziam, que eu e Will éramos muito parecidos fisicamente. Tiffy trabalha na minha casa desde que Will nasceu, ela ajudou a cuidar de todos nós, e depois que minha mãe desapareceu ela meio que assumiu o papel de cuidar de mim e da minha irmã, digamos que Tiffy era como uma avó para mim e eu gostava dela como se fosse uma.

Depois de praticamente ser expulso do meu quarto por Tiffy para ir tomar café da manhã, e assim que saí do cômodo praticamente esbarro com a pirralha quatro olhos irritantes. Ela estava usando o mesmo uniforme que o meu, a diferença era que o dela era o feminino e tinham as cores vermelhas que indicava que ela era do primário. Ela estava distraída usando fones de ouvido junto com o walkman que tinha ganhado de presente do meu pai.