XIX

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***

Eu estava me sentindo, de certa forma, abatida até perceber que não estávamos falando da mesma pessoa. Quem mais poderia ser, exceto papai?

Naquele momento, o homem riu inesperadamente. Apesar de seu rosto bonito ser um colírio para os olhos, não fez com que eu me sentisse melhor. Ele estaria me zoando?

"Ei, pare de rir e diga algo." eu disse bruscamente, descontente com sua grosseria. 

Ao ouvir essas palavras, ele parou de rir e olhou para mim. Seu olhar estava tão sério que me deixou nervosa. O que ele queria dizer?

"O presente é um par de abotoaduras?" ele perguntou, finalmente.

"Sim, aqui estão."

Quando lhe mostrei, ele franziu levemente a testa.

"Isso não é um presente muito útil para alguém que usa uma espada."

Eu franzi as sobrancelhas. Mesmo não sendo uma espadachim, eu ainda pensei que era um presente bom o suficiente. Esse cara estava tentando começar uma briga comigo?

"Você deve ser muito bom escolhendo presentes," eu disse sarcasticamente.

Um sorriso apareceu em seu rosto. Ele era, de fato, bonito, mas isso era tudo o que tinha ao seu favor. Apesar disso, meus olhos permaneceram nele por mais alguns instantes, cativados pela rara mudança na direção de seus lábios.

"Eu dei a meu pai um presente, algum tempo atrás." Seu sorriso começou a morrer, substituído por algo mais rígido. "Ele parecia entediado esses dias, mas graças ao que eu lhe dei, parece que ficou mais energético."

Vendo sua expressão de contentamento, acho que ele deve ser um filho filial. Mas que dipo de presente ajudaria seu pai a ficar mais energético? "Então, o que você deu?" eu perguntei, subitamente curiosa.

"Não é da sua conta." ele disse, severamente.

É claro que ele não me diria. Apesar de ter imaginado que ele provavelmente não responderia, fiz careta por causa de sua personalidade desagradável.

Então, ele prosseguiu. "O duque gostará de qualquer coisa vinda de você."

O quê? Qualquer coisa que eu lhe der? Isso só seria possível se meu pai fosse possuído por alguém carinhoso e amigável. Eu fiquei um pouco ofendida diante sua resposta insincera. Acho que ele não conhece meu pai tão bem quanto eu pensei, apesar de ser seu discípulo.

Suspirei. Mas essas abotoaduras foram caras... Acho que vou entregá-las a papai mesmo assim, já que preciso devolver o pingente.

Se eu não deixar um bilhete, ele não saberia que eu sou a remetente. Já que é viciado em trabalhar, ele provavelmente passaria por seu escritório primeiro assim que retornar, certo? Com isso em mente, decidi escrever uma carta explicando de onde o pingente e as abotoaduras vieram.

***

Quatro dias havia se passado desde que o imperador convocou o duque de Floyen ao Palácio Imperial.

"Por que você está demorando tanto, Duque Floyen?" o imperador se questionou calmamente. Apesar dos demais que foram chamados como reforços, além do duque, que estava patrulhando o Palácio, o imperador ainda não tinha certeza se estava completamente seguro.

Ele se fez lembrar que não podia baixar a guarda. Se o duque o traísse, os assassinos seriam facilmente capazes de atacá-lo. O imperador rangeu os dentes. "Se você me trair, farei com que tudo que lhe é importante vire pó, Regis," prometeu.

Naquele momento, o mordomo entrou no escritório. "O duque de Floyen demanda uma reunião privada, Vossa Majestade," ele anunciou.

"É claro que sim." O imperador observou seu anel, sorrindo pretensiosamente. Ele estava muito curioso a respeito de quem seria o cérebro por trás do ataque. "Diga ao Duque que o verei pela tarde," ele ordenou, severo.

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⏰ Última atualização: Jan 13, 2022 ⏰

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Father, I don't want to get married! (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora