CAMPOS EFÊMEROS

DIA 23

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COM MINHA XÍCARA fumegante em mãos, mesmo em um calor que literalmente abraça a pele, sentei-me diante de uma folha em branco e esperei. Fiquei em silêncio e tentei canalizar todos os bons sentimentos, apenas as relevantes memórias que construíram a nossa ligação. Então, vislumbres de simples gestos ganharam a minha mente. Belos instantes que não poderão ser apagados nem pela insistência do tempo.

Recordei-me de que você sempre esteve lá, desde os meus primeiros passos, e sempre estará aqui, em parte majoritária de quem eu sou. Eu só quero registrar a minha gratidão. Acrescentar na nossa história o obrigada por me ajudar a me levantar, mesmo que eu só quisesse ficar chorando até a dor passar. Obrigada por não me deixar desistir diante de uma decisão excruciante. Obrigada por me abraçar em todas as incontáveis vezes em que meu coração foi partido e eu acreditei que o mundo estava acabando.

Você me ensinou que tudo é passageiro, mesmo que eu tenha dificuldade em encerrar um ciclo e começar outro. Com você, aprendi que laços não são formados somente em situações gratificantes. Na verdade, são nas circunstâncias mais desafiadoras e penosas que lapidamos a nossa personalidade e o nosso vínculo com alguém.

Confesso que eu queria ser mais racional, objetiva e prática como você. Queria absorver todas as suas qualidades e, quem sabe, ser mais esperta nessa jornada que nos provoca a aproveitar a vida. No entanto, sou a candidata menos votada nesse quesito. Ainda bem que os meus defeitos não definem o tamanho do seu amor por mim. Eu sei que os seus, não definem o tamanho do meu amor por você.

Escrevemos em nossas folhas em branco, uma com a ajuda da outra. Você carrega o meu corpo ferido quando a batalha está impiedosa demais, e tudo o que nos resta somos nós. Eu seguro a sua mão quando você está exausta demais para continuar empunhando uma espada, e tudo o que nos resta somos nós. Apesar de diferentes, somos iguais. A intensidade pode ser depositada em objetos distintos, mas ainda estamos construindo a mesma casa, salvando as pessoas que amamos dos mesmos dragões. Não é brincadeira quando digo que você é uma rainha, porque o comando das minhas terras veio da sua força e do seu discernimento, da sua personalidade e da sua obstinação em pensar no bem comum.

O seu coração é maior do que você, por isso ele foi repartido e depositado em nós, um pedaço em cada uma das suas filhas. Você vive em tudo o que somos.

Queria dar a você todas as riquezas do mundo, cobri-la com as melhores roupas e calçados, construir um palácio só para você ficar segura e em paz. Porém, minhas forças são limitadas e tudo o que você quer de mim são bens emocionais, algo que não há como rasgar, desgastar ou demolir.

Tudo o que eu posso lhe entregar no momento são essas palavras e a certeza de que quero ter muito mais em comum com você do que só fazermos aniversário no dia 23. Se eu puder ser uma gota do mar determinado e uma flor do jardim versátil que você é, declararei minha missão "cumprida".

Parabéns, mãe. Eu a amo.

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Oi, minhas flores preciosas!

Sim, hoje é aniversário da minha mãe e também é o dia de estreia de Campos Efêmeros, porque não havia melhor data ou melhor maneira de começar essa jornada em forma de palavras com vocês! Espero que gostem desse tipo de conteúdo. Por favor, se puderem, ajudem a autora aqui utilizando a hashtag da obra: #SomosEfêmeros.

Obrigada, vocês são tudo nessa indústria vital!

Beijos de flores!

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