𝖢𝗁𝖺𝗉𝗍𝖾𝗋 02

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𝗠𝗶𝗰𝗵𝗮𝗲𝗹 𝗙𝗿𝗲𝘀𝗵

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𝗠𝗶𝗰𝗵𝗮𝗲𝗹 𝗙𝗿𝗲𝘀𝗵

Eu estava tão pensativo como de costume, e sentia algo diferente naquela garota. Na verdade, eu sabia que Jesus estava tentando me avisar algo, pois não se apagava da minha mente o momento em que o Espírito Santo soprou no meu ouvido: "Propósito, cura e esperança".

— Estou bem. Eu me chamo Michael e você...? — Arqueei a sobrancelha em sua direção, de repente ouvi o sussurro "Propósito, cura e esperança".

— É... me chamo Anne. — Observei-a, me perguntando a Deus o que ele queria me dizer, mas só ouvi: "Ela está perdida, ajude-a a chegar em casa".

— Bom, Anne, suponho que você está perdida. É nova aqui, não é? — Coloquei minhas mãos nos bolsos da calça.

— Sou sim. Como sabe que estou perdida? — Ela exclamou, desviando o olhar para o sol que estava se pondo.

— A cidade é pequena. Dificilmente alguém se perde, e nunca te vi por aqui. — Dei de ombros, mantendo as mãos nos bolsos da calça.

Ela era realmente diferente, e como eu sei? Eu tenho um melhor amigo que me conta tudo, e definitivamente eu soube que Jesus tinha um lindo propósito na vida daquela garota, eu só não sabia qual era. Ajudei-a a chegar em sua casa e, por pura coincidência ou não, ela é minha vizinha. Na verdade, eu mal sabia que tinha gente nova na vizinhança, até porque mal parava em casa; quando não estava no trabalho, estava na faculdade ou na igreja. Minha mãe estava sentada no terraço de casa conversando com a provável nova vizinha, a qual eu imaginei que fosse a mãe de Anne devido à leve aparência que as duas tinham em comum.

— Você mora aqui, certo? — Encarei a garota, que logo sorriu vendo a mulher conversando com Cíntia, minha mãe.

— Sim, aquela ali é minha mãe. — Balançou a cabeça em direção onde a mulher se encontrava.

— E aquela é minha mãe, suponho que somos vizinhos, certo? Seja bem-vinda ao bairro Vale da Esperança. — Ela me encarou sem acreditar.

— Vale da Esperança? Não tinha nome melhor não? — Eu ri por seu modo sarcástico de falar.

— Acho que o nome é muito bom. — Dei de ombros, me dirigindo a minha casa, e Anne fez o mesmo, entretanto, ao contrário de mim, ela foi para sua casa.

[...]

— Ajuda! — Ouvi um grito vindo da rua. — Alguém por favor! — Levantei da cama atordoado e abri a porta do meu quarto rapidamente, encontrando minha mãe e meu pai já abrindo a porta de casa, e eu fui logo atrás.

Olhei para os lados e vi a vizinha que conversava com minha mãe ontem durante a tarde, quando vim trazer Anne até sua casa. O semblante da mulher era de desespero. Me assustei e questionei o que ela fazia gritando aquela hora da madrugada.

— Alguém chame a ambulância, por favor, minha filh... — Ela não conseguiu terminar a frase, pois seus olhos já estavam cheios de lágrimas. Minha mãe correu para consolá-la, e meu pai discou o número da ambulância o mais rápido possível.

Fiquei devastado pela situação e logo senti a brisa suave de um vento vindo a mim. Eu já sabia o que isso significava.

"Vá até seu quarto, feche a porta e ore."

Corri imediatamente para o quarto e comecei a orar como se necessitasse muito disso, afinal, havia uma vida em jogo. Cerca de vinte minutos depois, a ambulância havia chegado e os paramédicos colocaram o corpo de Anne, que já estava desmaiada.

— Eu posso ir com ela? — A mãe perguntou desesperada.

— Sinto muito, senhora, mas acredito que seja melhor se acalmar um pouco. — O médico falou rapidamente.

— Calma, mãe. — Uma jovem com aparência semelhante a Anne tentou acalmá-la.

— Eu posso ir. Nos encontramos no hospital. Vai ficar tudo bem, Senhora...?

— Wilson. — Completou. — Eu creio que sim. — Falou, abaixando a cabeça. Entrei na ambulância e, enquanto os médicos analisavam o estado de Anne, eu apenas orava mentalmente para que ela pudesse ficar bem, seja lá qual fosse o problema.

 Entrei na ambulância e, enquanto os médicos analisavam o estado de Anne, eu apenas orava mentalmente para que ela pudesse ficar bem, seja lá qual fosse o problema

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