Capítulo 5

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Um mês depois.

Um mês. Um mês intero se passou diante dos meus olhos e tudo o que eu planejei para o Noah foi por água a abaixo. Meu plano de fazer a Liv sair da minha casa estava cada vez mais complicado, por isso, eu decidi escrever meus passos dessa semana com mais cuidado numa folha de caderno e escondi no meu armário. Assim, vou riscando cada passo novo que eu completar até chegar a hora de conversar com a Liv sobre a minha recuperação milagrosa e tentar propor a ela que ela já poderia sair da minha casa.

Ouço o som do meu telefone no bolso do meu short e o pego para ver quem me mandou mensagem.

— Como que vai a minha paixãozinha? Dormiu bem essa noite?

Noah você pode, por favor, parar de me chamar de paixãozinha? —

É meio estranho você me chamar de paixãozinha sabe. —

Sim, eu dormi bem e você? —

— Então vou ter que procurar outro nome fofo para te chamar.

— Dormi feito um bebê.

— Espera.

— Eu posso te chamar de bebê!

Não! Não mesmo. —

Que coisa brega Noah, definitivamente não. —

— Então eu posso te chamar de que?

Que tal de Cassandra? É o meu nome. —

— Não, eu quero algo intimo para nós dois. Todo casal tem nome fofo.

— Preciso ir, passo na sua casa mais tarde.

Espera como assim "casal"? Eu li a mensagem 5 vezes antes de realmente acreditar que ele nós chamou de casal. Não que eu esteja achando ruim, eu só achei algo diferente dele dizer. Eu sei que estamos ficando e isso nos transforma em algum tipo de casal ou algo assim. A foda-se, eu acho que foi só inesperado para mim.

— Quer ir ao shopping mais tarde? Pensei em ir comprar umas roupas novas porque joguei algumas velhas ontem no lixo. — Liv sentou ao meu lado no sofá e ligou a TV.

— Não valeu, o Noah ficou de vir mais tarde aqui. — Digo me recostando no sofá e dobrando minhas pernas para ficar sentada de lado.

— Hum, quer dizer então que o Noah e você vão ficar aqui sozinhos? Tem certeza? Se quiser eu posso ficar par...

— Relaxa. Eu até que não to mais com tanto medo de ficar sozinha com ele. Acho que ele não me assusta mais. — Sim, não estou mentindo. O Noah não me passa mais esse pânico, acho que foi desde o nosso primeiro amasso no jardim da casa dele.

— Que bom então. Mas se precisar de qualquer coisa me liga é sério. — Avisou me encarando seriamente preocupada. Mandei-lhe um sorriso confiante e a abracei de lado para assistirmos juntas.

— Eu vou ficar bem. Estou me sentindo bem desde o meu ultimo ataque, eu juro. — A tranquilizo enquanto procuramos algum filme na TV.

Espero mesmo não ter nenhum ataque com ele hoje, mas algo me diz que não preciso me preocupar com isso. O Noah nunca me faria mal, ele esta sendo a pessoa mais atenciosa comigo, depois da Liv, claro.


— Como você consegue comer mais uma fatia de pizza, sendo que já comeu duas caixas inteiro praticamente sozinho? É sério, eu só comi duas fatias e ainda to terminando o meu terceiro pedaço. — Pergunto chocada com a fome do Noah. Ele e eu estamos vendo filme e comendo besteiras a tarde quase toda e acho que daqui a pouco a Liv chega do shopping com as compras novas.

— Eu estou com muita fome hoje. — Explica sorrindo inocentemente e voltando a atenção para o filme. Ele fica muito fofo com pedaços de queijo no canto dos lábios. Até que ele se vira e me pega olhando pra ele como uma retardada olhando para uma janela pela primeira vez. — O que foi? — Perguntou se fazendo de desentendido e eu agradeci mentalmente por ele ser esse cara legal e não um babaca que se acha gostoso o tempo todo.

— É que, você ta com queijo no canto do lábio. — Informo tirando os olhos do seu rosto, ainda me sentindo envergonhada por ele ter me pegado o encarando daquele jeito.

— Valeu. — Agradece se levantando e enfiando o ultimo pedaço que segurava de pizza na boca. Ele anda ate a mesinha de centro e se limpa com os guardanapos que coloquei lá algumas horas antes de começarmos a ver o filme. — Meus pais vão voltar para casa hoje à noite. Mas não é nada que vá durar mais do que essa noite mesmo, porque eles têm um vôo à meia noite para voltarem a trabalhar. Em fim, vai ser uma daquelas noites em que eu não me sinto bem com a família e eu tava pensando, se você iria querer me acompanhar nesse jantar hoje, porque eu não queria passar a noite longe de você. — Perguntou aos suspiros de infelicidade sentando-se ao meu lado no sofá. — Mas só se você quiser é claro. O jantar geralmente termina em alguma discussão familiar e eu só queria que você fosse para me distrair um pouco dessa merda toda de hoje. — Olha sério para o nada, como se estivesse prevendo o fim do tal jantar. Será que eu deveria ir? É um jantar em família e como ele o disse, só quer me usar de distração para escapar da confusão. Certo eu sei que estou usando ele também, mas se eu estou o usando, porque fiquei ofendida por ele me chamar de distração? Sim, eu sei a resposta, mas tenho medo de falar e isso virar realmente uma realidade no meu plano. Acho que se eu me deixar levar pelo plano tudo dê certo no final, não é? Espero que sim.

— Ta. Vai ser bom conhecer seus pais, acho que isso não acontece muito com as meninas que você sai. Não é mesmo? — O que? Porque eu disse isso? Agora ele vai achar que quero realmente algo sério só por estar indo ver os pais dele. Isso mesmo Cassandra, ferra com todo o seu plano de tentar não magoá-lo no final de tudo isso.

— Te pego as 6 então — Fala se levantando e me olhando como um cachorrinho sem dono. — Obrigada por tudo e por ir a esse jantar. — Me deu um beijo rápido nos lábios e começou a andar até a saída sem me dizer mais nada.

— Já vai? — Perguntei o seguindo, mas parando na metade do caminho.

— Vou, preciso fazer uma coisa com uns amigos antes. Mas te pego mais tarde para irmos. — Disse simplesmente fechando a porta sem olhar para trás.

— Tá bom então. — Falo para mim mesma enquanto volto para o sofá. Que jeito estranho da parte dele, mas deve ser por causa da tensão de ver os pais dele novamente. Até o entendo um pouco, deve ser muito difícil ter que rever os pais por algumas horas que seja e ainda tentar não fazer uma discussão surgir à mesa. Espero que dê tudo certo e que os pais deles gostem da minha presença no jantar. Afinal, eu sou uma intrusa no meio desse jantar em família. 

A caminho da liberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora