Capítulo 02 - O Amigo Imaginário

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Publicado em 20/01/2022

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Ele acordou angustiado sentindo uma leve dor no peito, passando a mão desesperada no rosto ele percebe que chorou em seu sonho novamente. Sentando na cama o rapaz loiro mirou a paisagem através da janela, ainda estava escuro lá fora, mas ele sabia que não conseguiria voltar a dormir então ele se levantou e foi pegar um copo de água para se acalmar . Ele voltou para o quarto e sentou em frente ao seu cavalete onde estava sua tela inacabada, Win sentia seu menino tão perto dele como se estivesse ali do seu lado, então começou a pincelar para terminar o retrato da face do "desconhecido" que vivia em sua mente e em seu coração desde sempre.

-Oyy... Quanto tempo faz? 07 anos...? Não... 08 anos eu tinha 13 quando o deixei ir... - O rapaz se lembrou. - Mas eu nunca te esqueci... - Uma lágrima rolou solitária em seu rosto ao admirar a beleza retratada na tela.

* Flashback *

- Ei, para quem é esse sorriso lindo? Mamãe está com inveja. - A mulher entrou e viu seu filho de 07 anos sorrindo largamente para a cadeira vazia ao seu lado.

- Para o pequeno Pao! - O menino Exclamou feliz. - Ele está rindo de minhas piadas, ele fica fofo quando ri! - Contou orgulhoso com olhos brilhantes.

- Tenho certeza que sim! - A mãe Exclamou, sorrindo da inocência de seu filho.

Quando o filho começou a apresentar seu amigo imaginário ela e seu marido se preocuparam, até levaram o pequeno ao médico, mas como disseram que era normal uma criança apresentar esse quadro, principalmente se tratando de um filho único, então eles ficaram mais tranquilos. E, como seu filho era tão feliz com a presença de seu amiguinho seus pais aceitaram e embarcaram na ideia de um "novo integrante na família". A medida que Win foi crescendo ele fez novos amigos, era um garoto extrovertido, mas não largava seu pequeno amigo. A avó do Win que era uma mulher bastante espiritualizada, percebeu que talvez o tal Pao não fosse apenas fruto da imaginação do menino, então ela foi em busca de outras possíveis explicações, mas quando chegou a uma conclusão plausível para conversar com o neto, agora com 13 anos, ela e a filha o encontraram chorando desesperado em seu quarto.

- O que aconteceu bebê?- A mãe correu para abraçar seu filho.

- Eles venceram mãe... - Win falou em meio aos seus soluços. - Eu não vou mais ver o Pao! - Ele chorou.

- Mas filho o Pao é só... - Na ânsia de acalmar o filho a mãe já ia jogar com a realidade que o menino era apenas fruto de sua imaginação, mas a anciã a impediu balançando negativamente a cabeça.

- Porque está falando isso meu pequeno? - A avó perguntou apreensiva acariciando os cabelos do neto.

- Os pais dele não querem que ele me veja mais... e, ele está sofrendo com o que estão fazendo com ele... - Win estava desolado.

- Meu amor... - A avó chamou a atenção do menino se sentando na cama ao lado dele. - Você ama o seu amigo e quer o melhor para ele, certo? - Win fungou e acenou afirmativo. - Então deixe o ir e, se for a vontade de seus corações, vocês vão se encontrar novamente. - Ela sorriu doce para o menino.

- Você acha?- Win olhou com tristeza para a avó que acenou afirmativo e, respirando fundo ele enxugou as lágrimas olhando para o canto do quarto com dor nos olhos. - Pode ir Pao... Eu prometo que vou te encontrar um dia! - Ele se obrigou a sorrir entre as lágrimas para tentar diminuir a dor nos olhos do seu menino.

* Fim do Flashback *


- Eu sei... Eu sinto que você está por aí... - Win sussurrou para o quadro. - Venha para mim! - Ele pediu baixinho e se levantou para se arrumar.

Aos 13 anos quando Win se viu perdido e deprimido com seu rompimento com seu melhor amigo, sua avó o levou a um psicólogo especialista em regressão, foi o que ajudou Win a superar sua dor e criar esperança. Afugentando suas lembranças ele saiu de casa para tomar café antes de ir a faculdade. Quando ele chegou ao estabelecimento o lugar tinha acabado de abrir, ele fez seu pedido e se sentou em sua mesa favorita no canto perto da janela, de onde ele podia ver a movimentação da rua. O rapaz sempre tinha a esperança de um dia ver o pequeno Pao passar. Acabando de tomar seu café ele foi até o banheiro, o lugar já começava a encher como de costume, era a cafeteira mais próxima a Universidade, então a maioria dos estudantes a frequentava. Ao sair pela rua Win respirou fundo enchendo os pulmões de ar, ele andou pela calçada e, de repente ele olhou de volta para o lugar que ele havia sentado a pouco e viu um menino adormecido na mesa, ele sentiu simpatia ao pensar que o garoto devia estar cansado.

" - É uma pena não poder ver seu rosto!" - Win pensou, ele desenvolveu a necessidade de olhar para o rosto de todas as pessoas, principalmente os desconhecidos e culpava, por isso, o fato de ser pintor.

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