Capítulo 4 - Sangue e amor

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- Cas POV -

- Gabe, o que é isso? - Pergunto apontando para uma coisa redonda que flutuava na água.

- Não olha, Cas. - Diz chorando para mim.

- Mas eu queria saber o que é...

- NÃO OLHA! - Grita e eu me assusto, assim começo a chorar. - Olha... Desculpa por gritar, ta bom? - Eu assinto limpando minhas lágrimas. - Só... Não olha.

- Ta bom. - Falo triste enquanto ele me abraça, tapando minha visão.

Horas de choro depois, Gabriel adormece. E eu, como a pessoa curiosa que sou, vou ver o que é tal coisa redonda. Pego-a na mão e é meio cabeluda. Viro a bola e... o rosto de meu pai é visível. Eu largo na hora e me afasto. Pego a outra bola e o rosto de minha mãe é visível. O que seria aquilo? Pensava na hora. Eles não estão bem, eu sinto. Eles morreram? Eu tenho saudade da mamãe. E com esses pensamentos começo a chorar baixinho para não acordar Gabriel. Aquela água estava vermelha agora, eu conseguia ver pelos minúsculos raios de sol que entravam de cima. Aquilo era sangue? Uma vez eu cortei meu dedo, saiu sangue e eu lambi. Tinha gosto de ferro e eu falei para a mamãe. Aquela água também tinha gosto de ferro e estava vermelha. Eu acho que era sangue. Mas por que tinha sangue ali? De quem era? Num minuto eu estava triste e chorando como eu nunca chorei antes, mas no minuto seguinte eu não sentia mais nada. Eu mal me lembrava do sentimento de estar com a mamãe. Eu só me lembrava do sentimento que sentia quando o papai batia nela. Eu queria bater nele também. Eu queria que ele sumisse.

Acordo bruscamente com muita raiva. Estou arfando e de volta ao meu eu de 25 anos. Minhas mãos tremem em ódio e tudo que vejo é sangue. Sangue por todo o lado. Estava acontecendo novamente. Retiro Dean de cima de mim calmamente e o mesmo protesta um pouco mas cede, logo voltando a dormir. Saio desajeitado do quarto tropeçando em tudo. Enfim chego ao porão de minha casa e vejo um saco de boxe. Começo a socar o mesmo. A cada soco que eu dou, eu imagino o rosto de meu pai. A cada chute que eu deposito naquele saco eu imagino cada parte do meu irmão. Como alguém tão próximo de mim poderia ser tão... podre? Logo começo a socar a parede. A cada soco que eu dou, minha mão se abre mais e mais. O sangue escorria dela e logo eu estava me acalmando. Logo minha respiração voltava ao lugar e meus pensamentos se alinhavam.

Saio do porão e vou ao banheiro. Tomo um banho demorado pensando em tudo o que estava acontecendo. O trabalho, Gabriel, Dean, Palhaço da meia-noite... é tudo tão... novo.

Saio do box com uma toalha na cintura e coloco curativos nos meus machucados.

Hoje vou preparar um dia perfeito.

[...]

Estou no meu "covil da morte" procurando um... Achei! Retiro uma bolsa de sangue vazia e uma seringa de lá, junto de alguns tubos.

Enquanto o Dean ainda dorme, eu me sento na cadeira que normalmente uso para torturas, coloco a bolsa vazia ao meu lado e levando a manga de minha camiseta. Limpo um pouco o local e enfio a agulha em minha pele à procura de minha veia. Enfim a acho e começo o processo de extração de sangue. Enquanto os tubos retiram meu sangue, eu tomo uma água e penso em meus planos para mais tarde. Confesso que um sorrisinho malicioso escapa por meus lábios. Enfim acaba a primeira bolsa e eu parto para a segunda.

Minutos depois as duas estão cheias e eu enfim retiro a agulha de mim e coloco um curativo no local. Havia comido uma maçã antes de fazer a extração, mas preciso comer mais algo antes que desmaie. Antes de subir para casa, coloco as bolsas de sangue em um freezer especial para isso. Por que tenho ele? Trabalho extra, digamos assim. Enfim subo para casa.

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