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Ashton não conseguiu pregar o olho desde o momento em que Hanna bateu à porta, queria ter corrido atrás dela, queria ter ido ao apartamento dela, queria ela.

Porém preferiu dar espaço, havia sido um imbecil injusto com ela e entenderia se a mais nova nunca mais quisesse olhar em sua cara. Eles precisavam se acalmar, na segunda feira conversariam e tudo seria resolvido, pelo menos ele esperava que fosse.

Passou o domingo todo pensando se deveria comprar flores, chocolates, talvez reservar uma mesa no restaurante da Mali, mas desistiu de todas essas coisas, ele iria resolver aquilo na conversa e apenas na conversa. Seria um adulto e pediria desculpas por ter sido um merda, conversariam direito e ele seria totalmente honesto sobre seus sentimentos, intenções e como o assunto Londres o incomodava.

Quando a segunda feira finalmente chegou Ashton estava nervoso, com medo, algo estava errado e ele sabia. Se arrumou fazendo o mesmo caminho de sempre, e a cada passo que dava pra dentro de sua própria empresa sem encontrar Hanna seu coração se apertava mais, tentou se convencer que talvez ela só tivesse atrasada ou chegado cedo demais e por isso não se esbarraram no elevador.

Mas no fim, o dia inteiro já havia se passado e Hanna não havia aparecido na empresa, Ashton sentia que o mundo estava quebrando sobre seus pés, ele não podia ter perdido ela. Saiu o mais rápido possível da empresa e talvez tenha tomado algumas multas no caminho, mas eles precisavam conversar.

Aquele campus nunca pareceu tão grande aos seus olhos, normalmente saberia exatamente onde procurar pela morena, sabia exatamente quais eram seus lugares favoritos, mas ela simplesmente não estava em lugar nenhum. Quando um rosto conhecido finalmente apareceu em sua visão Ashton praticamente correu até Michael.

– Michael! Você viu a Hanna?

– Não, esse horário ela já estaria aqui, mas não falo com ela desde o noivado – Respondeu calmo até que notou o desespero no semblante do amigo – aconteceu algo?

– Talvez a gente tenha brigado no sábado e hoje ela não apareceu na empresa e eu só...

– Ei, desculpa interromper – Damiano disse se aproximando dos dois mais velhos – Tínhamos uma prova hoje e a Hanna não apareceu, ela tá bem? Aconteceu algo?

Os loiros trocaram olhares por alguns instantes, algo estava muito errado, o moreno também pode notar.

– Nós não sabemos Damiano, mas pode ter certeza que eu te aviso qualquer coisa – Michael foi quem quebrou o silêncio.

– É bom você não ter feito merda Irwin – Foi tudo que o italiano falou antes de se afastar dos dois.

Ashton não revidou, não tinha esse direito, apenas se sentou no gramado do campus apoiando seus cotovelos em seus joelhos e Michael logo o acompanhou.

– Vai pra casa Ash, vou tentar falar com ela ok? Não pensa muito nisso, ela deve só estar querendo espaço.

– Ela deve estar querendo me ver o mais longe possível, isso sim.

– Relaxa cara, eu vou falar com ela ok? Vai ficar tudo bem.

Ashton foi pra casa naquela segunda já sabendo que ele tinha estragado tudo, e nos próximos dias a confirmação veio. A carta de demissão chegou na quarta junto com a notícia de que ela havia trancado a faculdade, ninguém conseguiu falar com ela desde então e muito menos vê lá.

Irwin sentia a culpa o corroer toda vez que suas mensagens eram ignoradas e as de seus amigos também, era injusto com eles sofrerem com o silêncio da morena só por que ele havia sido um babaca. Depois de certo tempo o loiro apenas desistiu de tentar contato, apenas desistiu de tudo.



Amélia conhecia Ashton a quase dez anos, tinha estado ao seu lado nos seus piores momentos e havia visto Irwin em seu estado mais autodestrutivo diversas vezes, mas nunca estivera tão preocupada com o loiro quanto estava naquele momento. Aquele não era Ashton, o homem calado na sala ao lado não era seu amigo que ela tanto amava.

Quando o mais novo perdeu o pai e se afogou em trabalho, o trabalho que ele tanto odiava, passando dias seguidos enfiado no escritório sem nem mesmo ligar para Ashley, sua esposa na época, coube a Amélia tentar intervir e o obrigar a se afastar da empresa por 15 dias pelo seu próprio bem, ele estava deplorável.

Não muito tempo depois veio o divórcio, que já era esperado por todos desde o dia em que ele havia tomado o impulso de pedir a loira em casamento. Era um casal estranho que nunca funcionou, Ashley não gostava dos amigos de Ashton e o sentimento era mutuo, ninguém sabia dizer como durou tanto, mas o fim trouxe Irwin para um estado autodestrutivo em que tudo que fazia era beber. Por alguns meses Ashton bebeu todos os dias deixando as pessoas ao seu redor apavoradas pela sua saúde até o dia em que bateu o carro enquanto ia em direção a empresa depois de alguns copos de whisky, por sorte nada de sério aconteceu, só um braço quebrado e alguns meses de terapia forçada.

Mas de todos os altos e baixos nenhum havia sido tão agoniante de assistir quanto aquele, Ashton era um sol, mas parecia apagado, apático. Vivia no automático, da empresa pra casa e de casa pra empresa. Nas primeiras semanas ainda era possível ver os traços da tristeza em seu rosto, mas depois de algum tempo sua expressão era apenas vazia. Ao contrário do seu estado normal, ele nunca atendia as ligações dos amigos ou a qualquer tipo de contato e segundo as fontes de Amélia o loiro nem mesmo passeava mais com Bruce.

Fazia mais ou menos dois meses desde o dia em que Hanna havia partido quando Amélia resolveu tomar uma atitude, era um domingo chuvoso e o clima na cidade era horrível quase como se combinasse com a situação do mais novo. Foi Louise que a atendeu na porta, a senhora não costumava passar os finais de semana na casa de Ashton, mas como alguém que havia visto o loiro em situações ainda piores que Amélia ela sentia que devia fazer companhia para o afilhado.

– É bom te ver Ammes – Disse abraçando a ruiva de lado.

– É bom te ver também Lou.

– Ele está lá em cima, não quis almoçar nem nada, parece que eu estou de volta a infância dele. Espero que você o anime pelo menos.

A ruiva apenas assentiu subindo as escadas em direção a parte do apartamento em que ficavam os quartos batendo na porta do loiro mais para checar se ele estava acordado do que por qualquer outro motivo.

– Lou já disse que não precisa ficar aqui, eu estou bem, juro – Sua voz soou arrastada por trás da porta antes de Amélia entrar no quarto – O que você veio fazer aqui?

– Te tirar dessa cama, anda, levanta – Respondeu batendo nos pés do mais novo.

– Só quero descansar Ammes, a semana foi pesada na empresa você sabe.

– Então os dois últimos meses foram pesados né? Você não sai a tempos, nós sentimos sua falta.

– Tô sem clima, só isso.

– Ashton...

– O que foi Amélia?

– Você precisa pelo menos desabafar com alguém! O que aconteceu antes dela sumir? Não estou jogando a culpa em você, mas algo aconteceu.

– Eu não quero falar sobre isso.

– E vai ficar guardando tudo para você até quando Ashton?

– A gente discutiu, foi isso, eu falei coisas que eu não devia e aí ela fugiu. Eu não quero falar sobre isso por que eu me sinto um lixo ok? Mas ao mesmo tempo ela está sendo tão imatura, essa situação toda é ridícula eu só...

– Ash...

– Bom, você queria que eu falasse? É isso, eu fiz merda e afastei ela de todo mundo. Adiei o que eu tanto queria impedir.

Amelia ficou em silêncio apenas observando o perfil do amigo que encarava a parede a sua frente.

– Ela nunca mais te respondeu mesmo? – Perguntou quebrando o silêncio e recebendo um aceno negativo em resposta – Isso é tão estranho, eu definitivamente não era a mais próxima dela, mas pelo o que eu conheci isso não parece algo que ela faria, sumir assim.

– Sinceramente acho que nenhum de nós conhecia ela de verdade – Sua voz soou quebrada por mais que ele tentasse disfarçar.

A ruiva apenas abraçou o amigo que correspondeu, mas logo se soltou se afastando da mais velha.

– Eu tô bem ok? Não é minha primeira decepção amorosa, e por mais que eu espero que seja última sabemos que provavelmente não vai ser, eu vou sobreviver.

– Eu sei que você vai, mas é impossível não me importar com meu irmão mais novo, só quero que você volte a ser você.

– Obrigada por se preocupar Ammes, mas tá tudo bem, eu só preciso do meu tempo.

– Eu acho que você deveria tirar umas férias, viajar para algum lugar ou só ir para Melbourne mesmo, descansar sabe.

– Eu vou pensar, mas não prometo nada, acabei de subir uma nova vice presidente sabe? Não posso deixar tudo nas mãos dela, ela não parece saber o que está fazendo – Disse a última parte em tom de brincadeira recebendo um tapa da amiga.


[...]


Ashton não gostava de deixar os amigos preocupados, era ele que cuidava das pessoas e não ao contrário, ele queria voltar a sair e se divertir ou só fazer alguma merda para se distrair que talvez assustasse os amigos, mas que daqui algum tempo ninguém ia se lembrar, porém, ele simplesmente não conseguia. Não tinha graça sair sem um par de olhos castanhos ao seu lado gritando “tequila! Tequila!”.

Podia parecer drama ou exagero, mas as coisas haviam perdido a graça sem Hanna, por mais que tivesse durado pouco tempo a conexão que tinha com ela ele jamais havia tido com outra pessoa em seus 27 anos. E quando se encontra alguém que a conexão é tão grande, o mundo perde um pouco de sua cor quando não estão juntos.
Ashton passava a maior parte dos seus dias ignorando seu celular, o aparelho parecia ter mais lembranças de Montgomery que qualquer outra coisa, e as dezenas de mensagens sem respostas também não ajudavam em nada seu estado, mas dessa vez nada disso passou em sua mente quando pegou o celular.

Haviam 5 chamadas não atendidas de Calum, o mais novo ligava sempre para saber como o melhor amigo estava após a partida de Hanna, mas, quando não era atendido ele não insistia muito. Hood entendia bem o amigo para saber que ele precisava de espaço. Mas a quantidade de vezes que ele havia tentado assustou Ashton.

– Cal? Tá tudo bem? – Perguntou assim que o moreno atendeu.

– Cara, eu nem sei por onde começar.


meu deus, oi? queria começar pedindo um milhão de desculpas pelo sumiço. Mudei de ideia e reescrevi esse capítulo tantas vezes q perdi as contas e mesmo assim ainda não tô satisfeita mas já não dava mais pra enrolar, enfim, queria agradecer por a gente ter conseguido ficar no top5 do 5sos no fim do ano, nunca imaginei sério, me desculpem pela demora e eu espero que gostem (prometo não demorar assim mais)

My Boss • AFIOnde histórias criam vida. Descubra agora