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Heffley

Chegar em casa às 4 da madrugada já havia virado um certo tipo de rotina, não deixa de ser uma merda, mas é a minha realidade.

Joguei o capacete no sofá, mesmo sabendo que iria arrumar a casa enquanto havia energia em mim.

Troquei a água e a ração de kush, bati a caminha dele e organizei todos os brinquedos dele na caixinha — mesmo que ele prefira brincar com minhas meias ou baratas.

Liguei a televisão, colocando músicas para manter a energia.

Lavei toda a louça que Sanzu sujou e jurou que iria lavar. Botei as roupas para lavar, arrumei a cama, limpei toda a casa e ainda sentia que estava faltando algo.

Comer.

Respirei fundo, percebendo que iria ter que sujar algumas panelas e pratos.

— Quer saber? — falei, sozinha.

Peguei o capacete e a chave.

Eu sabia que existia uma padaria por aqui, e não foi muito difícil de achar.

Logo que as portas automáticas se abriram, me deslumbrei com a ideia de que não tenho que dosar o que quero comer, pela falta de grana.

Nunca fui uma pessoa consumista, e na verdade não era nem pela falta de dinheiro, sempre fui muito consciente do que preciso e do que é futilidade.

Mas, comida nunca é futilidade.

Escolhi o mínimo para uns 3 dias de café da manhã sem precisar sair de casa, coloquei tudo na cestinha vermelha e fui para o caixa.

Para minha surpresa, o atendente deveria ter a minha idade, e bonito. O cabelo violleta e os piercings chamavam atenção.

Paguei, e segui meu caminho, mesmo que um pouco vidrada no cara do caixa.




— Sanzu? — falei, escutando o bocejo.

— Que horas são, porra?

— Oito da manhã — respondi, segurando o celular enquanto terminava de guardar tudo na geladeira.

— Porra, Heffley, pra que me ligar essa hora?

— Preciso de carona pra ir ao mercado — expliquei, já me sentando no sofá — Tô só com a moto ainda, não dá pra fazer compra assim.

— Vou pedir para alguém levar pra você e você deixa a moto comigo, agora, me deixa dormir.

A ligação foi encerrada na minha cara.

Não demorou muito para que batidas em minha porta soassem. Rapidamente fui abrir, me deparando um garoto loiro, da minha altura se não mais baixo.

— Eai — falou — Heffley?

— Já vou pegar a chave, precisa de capacete? Entra aí.

Por mais que não seja certo deixar estranhos entrar em casa, se é alguém da confiança de Sanzu, não tem porque temer.

— Tu é o que do Rick? — me virei para ele, com a chave em mãos. Não consegui evitar o sorriso singelo.

— Irmã — expliquei — Eai, precisa de capacete ou trouxe no carro?

— Não trouxe, Sanzu não avisou que eu voltaria de moto. Achei que você me deixaria em casa.

— Não rola — avisei — Se não ele fica sem carro e sem moto, aí ele me mata e você junto. Foi mal, nem perguntei. Qual teu nome?

— Pode me chamar de Mikey. Mas então, Sanzu nunca disse nada sobre o Rick ter uma irmã. Eu e os caras fomos bem próximos deles, e nunca soubemos de nada.

— Sanzu e Rick sempre mexeram com muita coisa, não queriam que o mundo soubesse que eles tinham um ponto fraco.

— Namorada dele?

— Não — respondi firmemente — Cara, eu tenho 17. Sanzu sempre será um irmão.

Joguei a chave, pegando o celular e o capacete.

— Ele pediu para eu te entregar isso — Mikey estendeu a mão com um bolo de dinheiro, franzi as sobrancelhas na mesma hora — Disse que era para o mercado.

— Fala pra ele que não preciso de caridade. Se quiser, fica pra você.

— Ta maluca? — ri com a fala em desespero — Ele me mata.

— Só devolve então, beleza?

Sai do apartamento com o garoto logo atrás. Tranquei a porta, com a chave da BMW em mãos.

— Certeza? — insistiu — Tem no mínimo uns 400 conto aqui.

— Certeza. Ele sempre faz isso, e eu nunca aceito. Não irá se surpreender.

— Achei que você era uma puta dele na hora que peguei a grana e a chave — acabei rindo, mas ele ainda quis se explicar — Não leve a mal, mas foi o que pareceu.

— Sanzu meio que tenta cuidar de mim desde que Rick morreu. Fazer o que o amigo dele não pode mais fazer. Mas eu me viro.

Apertei o botão do elevador.

— Trabalha? — questionou.

— Ajudo nas corridas — respondi sem me importar, afinal ele deveria saber dos esquemas. — Ganho bem fazendo isso. Mas ele insiste em querer ajudar.

— To querendo ir na próxima — disse ele — Você corre?

— Não — menti, animada com a que iria correr. — E você?

— Algumas vezes — explicou sem muita empolgação — Rick tentou ser meu mentor, mas eu nunca quis ninguém me ensinando. Aí ele partiu para o Rindou. Conhece?

— Não, me mudei para cá não faz muito tempo. Não conheço essa geração.

Chegamos ao térreo, e seguimos andando até os veículos.

— Valou por trazer — agradeci, sorrindo um pouco.

— Por nada, precisando só chamar — Mikey tinha um lindo sorriso, que parecia nunca sair do rosto. — Boas compras, Heffleyzinha.

Acabei ensino do apelido enquanto balançava a cabeça.

No momento em que entrei no carro, uma chuva não tão repentina desabou. Estava um tempo fechado, mas não imaginei que seria agora que a água cairia. Uma parte minha ficou com dó de Mikey, mas outra imaginou o quanto Sanzu iria se foder para ir trabalhar com essa dilúvio, por isso ri.

Liguei o carro, prestes a sair quando uma ligação chegou. Número desconhecido.

— Alô? — falei, fazendo a baliza para tirar o carro.

— Filha?

Não.

— O que você quer, Jonas? — respondi com a voz seca, sentindo um ódio repentino.

— Papai está precisando de uma ajudinha em casa, sabe? As coisas não estão sendo fáceis sem você por aqui... Sentimos saudade.

— É difícil mesmo quando você e a sua esposa são dois drogados encostados. Precisa de dinheiro? Trabalhe e consiga.

Desliguei, me certificando de bloquear o número.






Cap sem muita informação, mas apresentando os personagens para vocês!

Espero que tenham gostado, e já vai sair mais um!

Gente, peço que comentam na fic! Me ajuda muito a crescer ela e também amo ler os comentários!

Também queria dizer que tenho um ttk para as fics e um insta também! Ambos estão no início, mas tento sempre postar uma coisa ou outra!

Insta: casaripvd
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𝐀𝐩𝐨𝐜𝐚𝐥𝐲𝐩𝐬𝐞 | ʀɪɴᴅᴏᴜ ʜᴀɪᴛᴀɴɪ x ʟᴇɪᴛᴏʀᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora