𝐏𝐫𝐨𝐥𝐨𝐠𝐮𝐞

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EUA, Nova York.


Heffley

Ficar em sacadas sempre me trazia uma boa sensação, aquela de adrenalina com a o cérebro te pregando pegadinhas, os famosos pensamentos intrusivos. Não totalmente sobre pular, mas sim de "e se despencasse?"

Sempre gostei de altura, do sentimento que ela trás, sentir a morte à um passo de você, e ao mesmo tempo estar no controle de que ela não vai acontecer se você não andar, mas que irá se mover alguns músculos para frente.

Minha mente não estava presa nessa emoção, mas na de finalmente estar morando sozinha. De que posso controlar quem vem, quem sabe onde estou, quem tem meu endereço ou não. Se a casa estiver suja, foi culpa minha, se estiver limpa permanecerá até que eu deixe algo cair ou simplesmente não passe um pano por alguns dias.

Acordar quando eu achar que devo, dormir o horário que eu quiser, poder fazer barulho — não tão alto por conta dos vizinhos, porém o suficiente para que eu me sinta no controle se está alto ou não.

E, finalmente, não ter que brigar todos os dias por coisas banais, ou totalmente importantes, afinal, não tem ninguém morando comigo para que eu tenha discussões diárias.

Principalmente não ter que brigar todos os dias por ter dado um teto para um gatinho de rua.

Trabalhar e o dinheiro ser totalmente meu, ao invés de escutar que "fui criada por eles então os devo". Sempre foi a coisa mais ridícula que escutei, afinal de contas, não pedi para nascer.

Ou melhor, que eu era uma "vagabunda" por trabalhar à noite. Sendo que nunca me vendi, e mesmo se o fizesse, não vejo o que teria de errado. Só existem pessoas que o fazem porque tem pessoas que procuram, então a errada se eu fosse GP, talvez não fosse apenas eu. O que não é o caso.

As diárias que fiz sempre me renderam uma boa grana, que ia mais de 1/3 para as despesas da casa e os vícios de meus pais. Ou seja, eu sobrevivia. Afinal, também não podia consumir o que havia de comida, porque eu trabalho e deveria comprar a minha, mesmo que mais da metade do meu salário fosse para eles.

Mesmo trabalhando das 11 às 5, tendo que ir para o colégio às 7 e indo dormir à tarde, eu era "vagabunda", meu gato um "peso", e nunca servi para nada. Sempre soube que era mentira, mas pisar naquela "casa" era sempre uma tortura mental, a energia pesada entrava e me consumia de dentro para fora.

Em minha primeira noite aqui, já me sinto leve, como nunca senti antes.

Uma boa sensação me atingiu, fisguei o celular do bolso, abrindo o direct. As aulas começariam em alguns dias, o último ano da vida "fácil" estava passando em frente aos meus olhos, mas eu sabia que era algo bom. Finalmente crescer.

Vi logo a mensagem de Sanzu, avisando que tinha algo para mim na sexta — amanhã.

Sanzu e eu sempre fomos amigos, desde a infância. Por mais que a família dele fosse mais conturbada que a minha, e ele alguns anos mais velho, sempre me acolheram quando necessitei — inúmeras vezes.

Logo que ele fez 16, começou a trabalhar e juntou um dinheiro para morar sozinho, fugir do caos. E hoje, o emprego dele foi o que criou o meu.

Posso dizer com toda a certeza desse mundo, Sanzu foi minha luz no fim do túnel, meu segundo irmão mais velho. O primeiro, fez tudo que pode para me ajudar, porém não está mais aqui para continuar com essa missão impossível.

Também posso alegar com fé nas palavras que ele deixou o legado dele, e toda vez que me perguntam meu nome e escutam o Heffley, aquele sorriso de nostalgia aparece no rosto das pessoas.

Respondi Sanzu, confirmando que queria. De prontidão a carona foi oferecida, mas ele sempre voltava tão tarde que são poucas as vezes que aceito. Neguei, dizendo que iria de moto — tal qual foi um presente de 16 anos dado pelo mesmo.

Agora que me mudei, até ir ficou mais fácil, mais perto.

Saindo da aba das conversas, vi uma solicitação de amizade. Franzi o cenho ao ler "Haitani", se eu não estava muito enganada, esse sobrenome me era familiar. Sem poder stalkear o perfil privado, aceitei, apenas pela curiosidade de me lembrar de onde sabia esse nome. Mandei uma de volta, e voltei a pôr todas as minhas coisas em seus lugares.





Gente, irei soltando os capítulos, espero que gostem dessa nova versão!!

Beijos, até o próximo cap<3

𝐀𝐩𝐨𝐜𝐚𝐥𝐲𝐩𝐬𝐞 | ʀɪɴᴅᴏᴜ ʜᴀɪᴛᴀɴɪ x ʟᴇɪᴛᴏʀᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora