Little Redhead

Parte Cinco

Sentou-se em um sobressalto, todo o corpo empapado de suor, ainda escutando as risadas escandalosas de Shouyou preenchendo sua cabeça. Estendeu novamente suas mãos para frente, quase chorando de alívio ao vê-las em um tamanho normal . O que havia acontecido então? Uma queda de pressão?

Queda.

Lembrou-se de Shouyou pulando da pia e preocupou-se na mesma hora. Se suas mãos estavam mesmo normais, quem poderia dizer se a visão do ruivo descendo em segurança da pia era real?

Voltou-se rapidamente para o ambiente ao redor, ofegante de preocupação ao pensar no que seu descuido poderia ter causado. Ao se dar conta de onde estava, toda e qualquer respiração travou em sua garganta.

As paredes de um quarto tradicional japonês já lhe eram familiares, bem como as cobertas jogadas no chão próximo de onde ele mesmo estava sentado, provenientes da única cama do aposento. Shouyou rolava de rir no chão ao seu lado, vermelho pelo esforço de respirar.

Estavam no quarto do ruivo. No exato lugar de onde foram dormir na noite anterior.

Não em sua casa, sob a proteção de seus pais, mas sob as dos HInata.

Hinata.

Shouyou.

O ruivo obviamente estava bem. Bem e normal, rindo até a morte em seu tamanho e idade normais, bem ao seu lado, o cabelo vermelho sendo jogado de um lado para o outro enquanto sua cabeça sacudia pelo riso.

Kageyama suspirou ao observar a cena, o coração ainda acelerado ao constatar que tudo não se passara de um sonho, tentando normalizar a respiração ao mesmo tempo em que o ser ao seu lado tentava voltar ao controle de seu próprio corpo.

"Kage...". O ruivo tomou uma lufada de ar antes de continuar, olhando para o moreno de uma posição estranha no chão: "Kageyama, você estava muito engraçado!"

Foi estranho para o moreno escutar aquilo. A voz a qual já estava acostumado, o tom sugerindo o riso, a falta de informalidade ao se dirigir a ele. Fora tudo tão real que Tobio se sentia tonto por ter voltado a realidade tão de repente.

"Está rindo de que, Hinata boke?"

Resistiu ao impulso de morder os lábios por quase soltar o primeiro nome do garoto sem querer.

"De você, oras."

Hinata, como por instinto, desviou para o lado, fugindo de um golpe que nem foi executado. Kageyama suspirou ao ver a cena. Admitia que normalmente o bateria, mas até segundos atrás estava cuidando do garoto, ainda não estava completamente desperto do torpor para simplesmente estapeá-lo naquele momento, por mais que quisesse.

Hinata, aproveitando o golpe de sorte que foi não sofrer nenhuma pancada, continuou falando com tom de deboche:

"Você estava aí se remexendo todo, com uma cara mais enrugada do que nunca". O ruivo puxou os cabelos para frente e imitou o mais alto. "Tava falando umas coisas estranhas sobre crianças e creches."

Hinata riu mais, observando o parceiro coçar os olhos e olhar mais uma vez ao redor, parecendo confuso.

Lembranças da noite passada voltavam para a cabeça do moreno: quando chegou ali para estudar com Hinata, não esperava que boa parte da família do rapaz estaria ali também para um jantar no meio da semana. Ao contrário de Kageyama, o ruivo tinha muitas crianças na família e, fora Natsu, mais dois primos pequenos estavam presentes para a reunião. Kageyama sentiu vontade de cozinhar a cabeça de Hinata junto ao jantar por colocá-lo em situação tão constrangedora, ainda mais quando foi obrigado a brincar junto aos menores. Lembrava deles correndo no quintal, e lembrava de se juntar a Hinata para estudar bem tarde da noite, ambos mortos pelo dia cansativo que tiveram na escola, no clube e com as crianças.