Prólogo

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Recife - 10/12/21

Acabei de acordar e já tô com a cabeça a mil, hoje é o dia de avisar a mainha que eu e o Guilherme, meu filho, estamos saindo da sua casa e de preferência para não voltar, já sei que vai ser o maior bafafá e que ela irá começar com as chantagens emocionais mas felizmente isso não me atinge mais, ela precisa de tratar e parar de ser dependente de mim e de macho, e começar a trabalhar.

Levanto com o Gui e vou logo fazer a comida dele, porquê olha esse menino só não come pedra porque é dura viu, depois de cuidar do meu filho vou arrumar essa casa como a bela empregada que eu sou.

...

Quando chega a noite, chamo a comadre para ficar com Guilherme e chamo mainha para conversar na sala.

Amanda: Eu quero conversar uma coisa importante com a senhora, peço que ouça e depois fale, não fica interrompendo não, faz favor. - vou logo me sentando no sofá, pq sei que vou me estressar.

Rosa: Lá vem tu com tuas coisa, já sei que é besteira, fala logo que eu quero fazer minha unha. - "e quando não quer fazer?" eu me pergunto, mas prefiro é ficar calada.

Amanda: Como sabe em janeiro é aniversário de dois anos do Guilherme, eu vou fazer a festinha no dia 15; - ela concorda me olhando desconfia e eu respiro fundo antes de completar - e no dia 01 de fevereiro estamos indo embora.

Rosa: MAS INDO EMBORA PRA ONDE SUA MERDA?! Você vai me deixar sozinha, levar meu neto de mim, já basta o Roger que me deixou sozinha nessa terra. - Roger era meu padrasto, ele faleceu de parada cardiorrespiratória no meio do ano passado e ela ainda sofre por isso.

Amanda: E vamos para o Rio de Janeiro, eu não estou te pedindo, estou te comunicando, já tenho 23 anos e quero dar ao meu filho uma vida diferente da minha. - me levanto querendo ir atrás do meu filho e sentir seu cheirinho que é a minha calmaria.

Minha mãe vem atrás de mim, puxando meu braço e colocando o dedo na minha cara, e quando ela começa a falar uma coisa se quebra dentro de mim.

Rosa: Vá sua puta, vá, mas se um dia tiver passando fome peça na rua mas não ligue pra mim não, pq eu não vou te atender, engravidou cedo, não ficou com o macho e voltou pra MINHA casa, se você sair daqui eu não sou mais sua mãe não.

Soltei meu braço dela sentindo aquela dor, respirei fundo para responder.

Amanda: Sem problemas, olhando por esse lado você nunca foi minha mãe mesmo.

Sai dali indo atrás do meu bebê...

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