As Leis da Defesa - The Laws of Defence

MARÇO

Aviso de capítulo: 

Este capítulo menciona abuso infantil, lares abusivos e mortes de personagens, caso isso seja um gatilho para alguém!

***

Sirius resmungou todo o caminho até a biblioteca, a carta de Burg sacudindo no ritmo dos tremores em sua mão. É claro que tinha chegado hoje, de todos os dias. A cadela não poderia ter esperado mais um dia, ou - melhor ainda - nem mesmo mandado a porra da coisa em primeiro lugar. Então agora, ao invés de ir para a cozinha pegar mais whisky de fogo, como ele havia prometido, Sirius estava se escondendo no canto traseiro da biblioteca reservado para chorar.

Bem, na verdade estava reservado para o sexo clandestino entre as pilhas da biblioteca, mas Sirius nunca se interessou o suficiente por uma pessoa para chegar tão longe, e todos que ele poderia ter considerado estavam atualmente ocupados pela festa acontecendo vários andares acima. Portanto, o choro.

O irritava, mais do que tudo, que sua doadora sabia que ela ainda tinha influência suficiente sobre ele para que uma maldita carta fosse o suficiente para arruinar seu fim de semana. Hoje era para ser bom! Era para ser sobre ficar bêbado com seus melhores amigos e comemorar Remus e James se juntando a ele por ser um ano mais velho em sua festa de aniversário anual. Era para ser os três zombando de Pete por ser apenas alguns meses mais novo, por ser o Maroto bebê! Não era para ser aquela sensação nauseante voltando à boca do estômago, de tanto pânico que ele pensou que fosse vomitar.

Mas isso ia além dele agora. Sirius sabia que fugir de casa significaria que o foco de seus pais mudaria dele para Regulus, para seu filho favorito perfeito. Para garantir que haveria pelo menos um de seus filhos doutrinado com a próxima geração de Comensais da Morte.

"Seu irmão recebeu a honra da Marca Negra de nosso Senhor, 

e a receberá uma semana antes de seu décimo sétimo aniversário, em junho deste ano. 

Espero que você não tenha se esquecido da data do aniversário do seu irmão, garoto. 

Seu pai e eu nunca o perdoaremos pelo constrangimento de sua traição, 

e por se envolver com traidores de sangue imundos como os Potters.

Só podemos ser gratos que seu irmão nunca foi contaminado com seus hábitos doentios, 

e que isso foi notado por nosso Senhor. Você vai mostrar a Regulus algum respeito de agora em diante, Sirius. 

Desde pequeno ele sempre foi superior a você, ele sempre foi o meu favorito..."

Sirius tinha a coisa toda queimada em suas retinas no segundo em que leu, apesar de desejar que no segundo seguinte nunca tivesse feito isso. Seu irmão mais novo estava recebendo a marca. Seu Reggie...

Se o ódio de Sirius por seus pais já não tivesse sido profundo, essa porra de carta teria ido para o resto do caminho.

Foi apenas o medo de Madame Pince que impediu Sirius de abrir buracos em livros e prateleiras, mas por pouco. Realmente, ela deveria estar malditamente grata por ele estar tratando seus livros de merda com tanto respeito, e tanto silêncio, quando tudo o que ele realmente quer fazer é gritar até que não haja mais nada.

Só quando sentiu uma mão gentil em seu ombro, que Sirius percebeu que pode não ter ficado tão quieto quanto pensava.

"Você está bem, Sr. Black?"

Sirius ergue os olhos, e claro, é Granger. Lindo Granger, vindo vê-lo naquele que é - quase certamente - o pior dia de sua vida. Granger lindo, com seu cabelo de sexo, olhos verdes brilhantes e corpo que Sirius quer escalar como uma árvore. Como se Sirius precisasse de algum lembrete de que ele esteve chorando por um total de seis horas e... trinta e sete minutos e não mostrava sinais de parar tão cedo.