extra

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na outra semana eu apareci na tua casa de novo. a janela do banheiro de azulejos meio verde meio azul ainda tava aberta, será que tá quebrada? acho que nem você sabe.

com o resto de raio de sol que saía da janela-que-você-não-fecha, dava pra ver grãozinhos de poeira, porque parece que cê nunca limpa tua casa, e a gente tava sentado dentro da banheira de novo. a gente divide uma garrafa, você fuma, eu roubo um trago e assim a gente passa o restinho de tarde. em silêncio.

mas aí você abre a boca.

'não é sortuda, dazai.' tu só diz isso e fica quieto.

por essa eu não esperava. derrubei o cigarro roubado na banheira fria. apagou. eu poderia dizer que não fazia ideia do que cê tava falando, mas eu meio que não sei mentir, não pra você e esses olhos bonitos pra caralho, como também poderia fingir que não senti uma pontinha de esperança. eu sou um puta ridículo.

cê pegou o cigarro que caiu e acendeu de novo, olhando pra tua sala cheia de garrafas de bebida vazias e sujeira. mas hoje parecia ter menos garrafas.

sortudo, então?"

'tipo isso.' eu não esperava que cê respondesse. eu ri, gargalhei, na verdade. você é tão fofo quando tá com vergonha, mesmo que não demonstre. te conheço. 'eu te odeio, dazai'

"não odeia, não" respondi, ainda meio rindo. rindo porque grande parte minha sabia que era só implicância, mas um restinho ainda achava que era de verdade.

'verdade, não odeio' deu de ombros. eu ri de novo, porque era engraçado o jeito que eu ainda tinha esperança. daqui a pouco essas pontadinhas rasgam meu coração.

"eu também não te odeio." cê olhou pra mim, eu olhei pra você, um sorriso leve no rosto. você olha pra sala de novo. que caralho tem de tão mais interessante do que eu, lá? olhei também. "limpou a sala, é? já tava na hora."

'vai se foder, idiota!' resmungou com o cigarro preso no canto direito dos lábios, o rosto carrancudo. porra, até com essa carranca horrorosa você fica lindo.

acho que te encarei, porque tu ficou vermelho. senti uma coisa na barriga. passeu a mão pelos cabelos. sorri. um sorriso bem idiota, bem bobo, bem apaixonado, como quem acha graça em ter o coração esmagado.

'que é? viu o passarinho verde, foi?' perguntou irritado.

"não, prefiro quando é laranja." o sorriso ainda dançando na boca. dei um gole na bebida que eu esqueci que tava no meu colo pra disfarçar o sorrizão que eu ainda tinha no rosto.

você me olhou de rabo de olho 'esquisito', murmurou.
.

sim, era recíproco, mas na cabeça do dazai isso era tão impossível que ele não percebeu. o chuuya dizendo que não odiava o dazai foi uma espécie de declaração, porque ele é orgulhoso demais pra dizer com todas as letras.

(desculpa se a escrita tiver diferente mas assim, ano passado né.)

obrigado por ler!

engraçado, soukokuOnde histórias criam vida. Descubra agora