Sempre fui muito fraca, e sempre tive muito medo de expor isso para as pessoas. Talvez, elas me usassem, como já ocorreu uma vez. Essa é a regra número 1, nunca deixar que as pessoas saibam tudo sobre você, a ponto de te lerem como um livro. Pode parecer besteira, mas confiar nas pessoas sempre será um erro. Eu já confiei, e eu não me sinto bem por isso, sinto que fiz algo de errado, e sinto que ela ainda esteja me olhando por uma corda pendurada nas extremidades da parede.
Talvez isso seja uma síndrome, eu estou nos pés do meu maior medo. Enquanto ele me encarava sem sorrir, dizendo que tudo ficaria bem, sendo que ele transforma a minha vida num inferno completo. Mas eu sei que não posso culpar ele por isso, já que a regra número 2 é bem clara quando diz que não se pode ser impiedoso ou indiferente com alguém, porque todos possuem sentimentos, por mais irrelevante que seja. Eu tomo muito cuidado para não fazer com que as pessoas se sintam as vilãs, quando elas definitivamente são. Mas o que eu posso fazer em relação a isso? É mais forte que eu, não acha?
Ele costumava me dizer essas coisas, porque gostaria que eu fosse assim com ele, talvez? Acho que eu nunca vou saber exatamente o que se passava, no fim das contas. Eu posso ser muito obcecada por ele às vezes, mas ele é minha salvação e o meu medo. Ele tornou minha vida um inferno, ele trouxe tudo a tona, e ele fez com que a tortura fosse cada vez mais e mais frequente. Mas é no ombro dele que eu gosto de chorar quando estou sem energias. Eu sinto muito por isso, não é minha culpa ser tão fraca, né?
Confesso que chorei por noites imaginando a possibilidade dele não estar mais lá quando eu precisasse, já que conheço ele a minha vida toda, e que ele faz com que as cicatrizes no meu braço apenas aumentem. Eu não consigo me expressar com as pessoas, eu tenho medo de ser julgada por coisas naturais, como diz a regra número 3: Ninguém se importa com a razão dos seus gritos, apenas se importam com o quão alto você vai conseguir gritar, que é o mesmo que dizer que todos são egoístas. Me viram nos meus piores momentos, na minha frustração, e não ligaram, não se importam, apenas fecharam os olhos com tudo isso, e me usaram de isca.
Ele me disse muitas vezes para eu me afastar de todos que me colocassem na posição de inferior, citando a regra número 4, de que ninguém é melhor ou superior que você, apenas você mesmo consegue se superar. O que não acho que seja sempre uma verdade. Muitas pessoas por aí conseguem se controlar, mas eu não. Quando estou sozinha, meus soluços são altos, minha garganta fica seca, e eu sinto que não há ninguém no mundo que realmente se importe comigo. Menos ele.
Ele surgiu das sombras quando eu era uma criança, e agora eu sinto que preciso dele para sobreviver nesse mundo, sendo que o mesmo trouxe a tona todos os meus pontos sensíveis, e toda minha dor e medo foi gerada a partir disso. Ele me disse que ficaria tudo bem se eu quebrasse o meu lado ruim, mas não sei de qual deles ele está se referindo.
De qualquer forma, eu sinto que não havia nada melhor do que um livro para expor quem eu sou de verdade. Sem ideais abstratos, ou imagens equivocadas sobre mim, pois nada é tão ambíguo assim. Talvez eu seja apenas uma peça de um grande quebra cabeça mental, e só eu consigo entender minhas palavras agora. Eu e ele.
Para algumas pessoas, eu serei algo efêmero, mas para as pessoas certas, eu posso durar a vida toda, eu prometo, pois eu posso ser fraca, mas sou leal.
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Red Promisses
ParanormalEu queria que isso fosse embora antes que isso se tornasse tão real quanto eu.