Capítulo I - O Reino dos imortais da Terra

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Os primeiros raios da manhã aqueciam as paredes frias e solitárias do palácio principal dos Imor-tais da Terra. Por entre as largas janelas, um enorme pássaro mensageiro com majestosas e longas asas brancas e douradas, sobrevoou os salões do trono. Tratava-se de uma mensagem do Grão Mestre da Cidade da Pureza e Senhor das cidades Celestes e Terrestres.

O pássaro pousou ao lado do trono real, docilmente, aguardando que retirassem de seu pescoço os pesados pergaminhos. Ao verificar o selo pessoal do Deus dos Céus e Terras um frio arrepiante invadiu o corpo do Grão Mestre dos Imortais da Terra.

As mensagens enviadas com o selo real significavam duas coisas: problemas importantes ou ascensão de algum Deus Imortal do alto escalão dos reinos da Pureza. Ao abrir os pergaminhos, seu coração estremeceu: o herdeiro dos céus e terras estava a caminho para sua primeira ascensão.

Enquanto lia a mensagem, a imagem inesquecível do jovem Mestre Bhav surgiu em sua mente. Os olhos verdes profundos, cabelos longos e negros que desciam por seus ombros, marcando sua silhueta forte e imponente. Sua pele clara, iluminada por um sorriso discreto, quase inocente demais. A beleza do herdeiro era realmente digna dos céus.

Ele sabia que Bhav não era dotado somente de uma celestial aparência notável, mas por ser o herdeiro do legado de seus ancestrais foi treinado desde a mais tenra idade. Suas habilidades e conhecimento aos 20.000 anos estavam de acordo com as responsabilidades que ele precisaria assumir como o Grão Mestre Celeste.

Sendo discípulo direto do Grão Mestre dos Reinos da Pureza, sua natureza era de um pacificador diplomático, mas ao mesmo tempo de um guerreiro destemido. Seu olhar doce e gentil, não escondiam sua força e vitalidade. Todas as vidas estarão sob seu comando e cuidado. Exigindo o grau máximo de sacrifício e doação.

Ele sentia como se todo o peso dos cinco reinos celestes e dos sete reinos da Terra estivessem em suas mãos naquele momento. Suas pernas vacilaram e ele sentou-se em seu trono, despencando de uma só vez com todas suas preocupações. Olhando fixamente para os portões de entrada, a luz brilhante da manhã ofuscava sua visão.

Entre os intensos raios de luz, ele pode avistar uma sombra que se aproximava, tornando-se cada vez maior a cada passo. Quando seus olhos se acostumaram a claridade, ele pode ver o rosto iluminado de um belo jovem. Seu filho primogênito Lhy.

Seu coração não pode deixar de estar em festa, afinal ele não via seu amado filho há mais de três ou quatro meses. Com a euforia inicial, em seguida, seu interior se escureceu. Eram tantas coincidências...Lhy reaparecer, sem aviso, quando ele recebia notícias do Reino da Pureza. "Terei que inventar algo e sumir com ele daqui." Pensou.

Lhy observou seu pai desabado em seu trono com um olhar preocupado. Ao seu lado um pássaro aguardava pacientemente, bicando suas longas pernas, para se distrair. O Grão Mestre segurava um pergaminho aberto, com uma aparência lamentável.

Ele fez uma reverência a seu pai, ajoelhando-se em sua frente. O saudando formalmente. Levantou-se e sem nenhuma formalidade, correu para os braços de seu pai. Como uma criança de cinco anos que havia retornado de suas aventuras no quintal de casa. Ele era um destemido Deus Imortal, mas o amor que sentia por seu pai o tornava pequeno e frágil diante dele.

Talvez por sua mãe ter sido capturada pelos demônios do submundo, na última grande guerra entre os mundos celestes e decaídos. Essa falta nunca foi suprida. Lhy se agarrava a seu pai e a seus irmãos, os amando incondicionalmente. Dessa forma, a memória de sua mãe permanecia nele em cada abraço, gesto e demonstração de carinho acalentando a saudade.

Abraçando seu pai com força, o Grão Mestre resmungou dolorido:

— Lhy! Você não tem controle de sua força...Assim você me sufocará igual faz com aqueles de-mônios com que se diverte...

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