No caminho para o Palacio da Ordem, os passos de Lhy eram ariscos, como o de uma criança mimada por ter seu pedido recusado por seu pai. De certa forma, sua dedicação e lealdade eram sempre recompensadas com liberdade que ele explorava muito bem. Contudo, como o herdeiro dos imortais da Terra, possuía responsabilidades das quais não podia fugir. E ele também não reclamava tanto quanto poderia.
Ao longe ele avistou a suntuosa construção. Na fachada de mármore branco as inscrições "Palacio da Ordem" escritas em dourado. Caminhou vagarosamente, olhando com deleite cada trecho da longa escada. Ao entrar no vasto salão, seus olhos mal podiam alcançar as paredes. Longas prateleiras se estendiam do chão ao teto causando vertigem a quem olhasse para cima. Uma imensidão de escritos, livros e pergaminhos se amontoavam confortavelmente por todo o palácio.
Sentado em meio a toneladas de pergaminhos, Ahin parecia uma das muitas estátuas decorativas. Perdido em meio a todo o cenário. Sua expressão sempre calma, não importando o grande problema que se apresentava. Ahin era um Deus médio, mas muito desenvolvido espiritualmente. Sua força não estava em seus músculos ou em alguma habilidade com armas, estava em seu cérebro e seu coração.
Ahin dominava praticamente todas as ciências terrenas. Medicina, alquimia, antropologia, história, matemática, engenharias...Além de ser um músico e um artista extraordinário. Pintava quadros, esculpia, escrevia livros e canções. Seus dias se passavam entre as atividades do Palácio da Ordem e seus momentos de criação artística e estudos.
Ele não era um homem da luxúria como Lhy, mas era casado com um guerreiro imortal da Terra que viajava defendendo as terras imortais e mortais. Possuía algumas concubinas, que nunca visitou conjugalmente uma vez se quer. Frutos de casamento arranjados com a nobreza apenas pelo título. Burocracias. Ele não se preocupava em ter descendentes. Essa era a tarefa principal do herdeiro: Lhy.
O sorriso em seus olhos se iluminava ainda mais ao ver seu irmão Lhy voltando são e salvo de suas batalhas. Ahin exclamou com alegria:
— Amado irmão, que alegria em poder te ver. Não imagina como meu coração se alegra. Esse Reino não é o mesmo sem sua presença.
Lhy se curvou, saudando seu irmão, mas logo pulou em seu pescoço o abraçando fortemente, resmungando, lamentou-se:
— Então aproveite a minha estada de três dias, porque nosso Senhor já me ordenou ir as Terras do Leste atrás de outro demônio.
Ahin achou estranha aquela afirmação, encaminhou-se para seus papéis novamente, examinou uma pilha de pergaminhos, tentando achar alguma coisa, e disse um pouco confuso:
— Além do envio de Kye para as Terras do Norte, não tenho nenhuma solicitação de saída. — disse analisando um pergaminho. — Que estranho, o Grão Mestre, não me disse nada e seu cunhado está nesse momento nas Terras do Leste cumprindo uma missão parecida. Se houvesse algum problema, Ravy me avisaria com certeza...
Lhy, concordou:
— E eu não sei disso? Estava com Ravy até ontem no Leste. Depois que terminei as missões do Sul fui ajudá-lo. Nos separamos em duas missões para terminarmos mais rapidamente. O velho Ravy deve estar voltando também. Será que ele encontrou algum problema e avisou diretamente nosso pai? Ou será que não está dando conta do recado? — riu, piscando para Ahin.
Ahin deu um leve sorriso ajeitando alguns pergaminhos:
— Se tem algo que Ravy faz com maestria, como você disse vulgarmente é dar conta do recado. — Levantando sua cabeça piscou um olho para Lhy.
Lhy fingiu estar chocado:
— Jovem Mestre Ahin! Devo mesmo ter ficado muito tempo longe, porque até meu irmão mais reservado agora se confessa dessa forma descarada na minha presença, em plena luz dia. Muito mudou por aqui...
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O Herdeiro Imaculado
FantasíaCéus e Terras serão ameaçados quando uma profecia, passada de geração em geração, colocará à prova dois dos mais importantes guerreiros imortais. Lhy, a lâmina derradeira, herdeiro dos lendários Imortais da Terra. E Bhav, futuro Deus Imortal dos Rei...