"Nosso Presidente"

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Um messias cruel e iracundo
Que só abre a boca pra xingar
Pra mentir, difamar, caluniar
Um exemplo padrão do submundo
É um poço de mal que não tem fundo
Mas agradou ao bispo e ao pastor
Que enxerga mensagem de amor
Em um gesto de arminha co'a mão
Só calcule o valor da pregação
Que instrumento de morte é do Senhor

Instruído por um velho guru
Um teórico da conspiração
Totalmente caduco e sem noção
E um léxico amplo feito um cu
As ideias cheias de tapuru
São bobagens de nível irracional
Já falou que cigarro não faz mal
E a Terra é plana em sua mente
Não aceito chamar de inteligente
Quem concorda com esse amoral

Ele é grande fã da ditadura
Ele disse que quer vê-la voltar
Corrigindo o erro de não matar
Todo quem for sujeito à tortura
Quando ouço a voz dele dá gastura
Me entristeço em saber que foi eleito
Esse exemplo de mal mais-que-perfeito
Encontrou um apoio na parcela
Que vê nele espelhada a cara dela:
Um fascista elitista sem defeito

Ele prefere um filho delinquente
Do que um filho homossexual
Para ele é muito natural
Dizer que um "'índio' é quase gente"
Ele lança veneno, acusa e mente
Quando sente a bunda encurralada
Se a pergunta for muito elaborada
Ele foge correndo do debate
Ele feito cachorro que só late
E não tem energia mais pra nada

Não consigo entender como tem gente
Com estudo e trabalho publicado
Com pesquisa, mestrado e doutorado
Que apoia esse "nosso presidente"
Bota a roupa amarela e vai contente
Pela rua fazendo o seu "protesto"
Pedindo fechamento do congresso
E o final das liberdades civis
Eu não sei em que tipo de país
Chamam um chafurdo desse de progresso

Se pelo menos fosse novidade
Mas esse tampo tava na TV
Bostejando pra todo mundo ver
A total falta de capacidade
"Pelo menos ele diz a verdade"
O rebanho se orgulha de falar
Infelizmente eu devo concordar
Pois o povo que é muito ufanista
Tem uma face homofóbica e racista
Só não tinha coragem de mostrar

Foi em nome de um tal de Mercado
Que fizeram essa baita loucura
Elegeram alguém sem estrutura
Com um forte viés autoritário
Depois falam que eu que sou otário
Pelo menos nunca dei confiança
Para um zero à esquerda em liderança
Que só fez o salário encolher
Confiaram num fã de Pinochet
Para ser pangaré no Ipiranga

"Quero ver chamar ele de ladrão"
Muge o gado em fanático fervor
Eu só posso pedir-te: por favor
Baixe a bola e escute com atenção
Tu te lembras do auxílio habitação?
Tu te lembras da Wal do açaí?
Se você esqueceu eu cito aqui:
Abre aspas "Sonego o que puder"
Tem ainda a tal conta da mulher
Que o Queiroz usou antes de sumir

Esse doido além de idiota
Fez a farra com o dinheiro do povo
Se estufou todo e disse que era novo
Mas o Novo não passa de lorota
Veja mesmo se pode esse marmota
Que torrou o auxílio habitação
Com a cara mais limpa da nação
Se vender como deputado honesto
Eu não sei onde eu que eu não protesto
Minha mão no fucin' desse ladrão

Se não é um ladrão, esse encostado
É no mínimo um grande desonesto
Aproveitou o tempo no congresso
Quase murchou as tetas do Estado
Fez até cara de burro assustado
Quando a lista de "Furna" apareceu
Só mais burro que ele nisso creu
Essa falsa inocência é ladainha
Pôs até a esposa em rachadinha
Num beco sem saída te meteu

Quem se atreve a dizer que não sabia
É hipócrita ou algo parecido
Não faltou propaganda do indivíduo
Só apadrinhou ele quem queria
Pra acabar de lascar, a pandemia
Veio escancarar nossas mazelas
Nosso SUS, uma rara coisa bela,
Construído com força e com esforço
Foi colocado no fundo do poço
Numa caserna oliva e amarela

Toda Terra sofreu, eu acredito
Que o quinhão do Brasil foi outra história
Vai ficar para sempre na memória
Que o vírus ganhou moção do mito
Não tem como escusar, digo e repito:
Se causasse algum mal ele fazia
Se morressem três mil ele sorria
A vacina só presta a atravessada
Vamo em frente com a motociata!
Que isso é tema pra mais dez poesia

O pior papel dessa aventura
Veio de quem pedia confiança
Com a farda engomada de esperança
Mas lavada em plena ditadura
Pra doença ganância não há cura
Nem vacina que amenize a sanha
Quem marchou pro centrão da artimanha
Deixou pátria e povo à própria sorte
Usou a "mão amiga, braço forte"
Pra transporte de jóia e campanha

Cito as nossas nações originais
Vendo a terra a venda no plenário
Em troca de um troco, um salafrário
Cria crimes constitucionais
Traficando até não poder mais
Emendando e grilando a natureza
O futuro é incerto e a certeza
Só é uma: da grande impunidade
A boiada passou em quantidade
E impeachment grilou sobre a mesa

Uma coisa esse mau caráter faz
Que eu por bem deveria imitar
Se é para criticar, melhor calar
Evitar ir pros Dops atuais
Pois exemplos já tem até demais
Pra quem não conseguiu ficar calado
Com grilhões vindos de leis do passado
Eu com medo de sofrer com aquilo
Vou pegar bem cem anos de sigilo
E por nesse martelo agalopado

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