SECRETS: Prazer Vol. 3 - 1ª Edição

Capitulo 5

Nicolas Greco

Não consigo desviar os olhos, a imagem parece me atrair como um poderoso feitiço hipnótico, o corpo pequeno, visivelmente sofrido, a pequena criatura totalmente frágil, tão magoada, tão desesperada, treme por inteiro.

- Senhoras e senhores tenho o prazer de receber no nosso palco à anfitriã.

Ouço alguns aplausos.

- Senhores, esse não é o que eu chamo de um dos meus melhores produtos, - Agora a Katerina é quem fala ao microfone.
As risadas ecoam pelo local.

- Para os interessados, essa peça, - Fala com certo desdém, - Nunca foi usada.

Eu a ouço, ouço todo o alvoroço diante do fato de que a garota da qual eu ainda não consegui tirar os olhos é virgem. A pele pálida, os cabelos negros, é tudo que eu vejo, não vejo o rosto dela, mas uma vontade assustadora de ver como são os traços dela me domina.

Ela está encolhida, visivelmente convulsionando de tanto chorar, algo dentro de mim, me faz querer avançar e tirá-la de lá, não consigo parar de olhá-lá.

- Oras senhores deem seus lances, e lembrem-se, está cada vez mais difícil uma deliciosa virgem. - Fala em tom de malícia.

Recuo um passo para trás e só então percebo que dei passos à frente, eu preciso sair daqui, um incômodo me invade, eu não quero mais presenciar isso.

- Vamos iniciar com o lance de cinco mil dólares.

Muitos levantam as placas.

- Senhor creio que seja prudente sair em retirada nesse instante. - O Conrade alerta.

- Sim, - Sussurro.

Respiro fundo e viro as costas, mas, impulsivamente, olho uma última vez. Meus olhos se fixam na imagem da dor e da triste beleza. Por um instante, esqueço de respirar. Os olhos verdes, cheios de lágrimas, enviam um sentimento aterrador diretamente para a minha alma.

Ela se move com medo e confusa na caixa de vidro, o corpo magro, olho com extrema curiosidade cada detalhe, mas não é desejo, é algo muito mais nobre, eu quero tirá-la de lá, um desejo sem sentido de apenas tirá-la da maldita caixa.

- Vamos para o lance de sessenta mil dólares, sessenta mil dólares, quem dá mais?

- Vamos senhores, estão tão poucos entusiasmados, se for o caso eu mando a vadiazinha ficar nua, - A cadela russa sugere.

Começo a sentir uma irritação sem sentido com relação a mulher. Não consigo raciocinar com clareza. Não consigo mover um maldito músculo.

- Senhor Nicolas saia daí, o senhor precisa sair daí, agora. - A voz do Conrade soa quase como a minha consciência racional.

Meus olhos focam as duas pequenas esmeraldas cheias de dor, está claro que ela não vê nada aqui fora, mas perece ouvir, porque a cada risada ela se encolhe ainda mais.

As mãos enluvadas apertam com força os próprios joelhos.

- Um milhão de dólares Katerina, e não se fala mais nisso, - O homem imenso de descendência asiática, fala. - Vamos me deixe foder uma virgem magricela hoje, estou louco para quebrar os ossos dela e vê-la sangrar.

As risadas ecoam.

Ela parece encolher ainda mais e meu coração apertar, inferno, o que é isso, desde quando eu sinto piedade? E por que em algum canto da minha mente uma voz grita que se eu não a tirar daqui posso me arrepender?