Com o pequeno coração, quase saindo pela boca, as mãos soando frio e um desejo inútil de chorar, a garota de apenas nove anos, pequena demais para a idade, torce os pequenos dedos uns nos outros.
- Hanna, é apenas uma turbulência, faz parte.
Um funcionário que cumpre seu trabalho fala tentando passar confiança.
Em um dia como outro qualquer Hanna estava na pequena biblioteca de casa, a que a família conseguia ostentar, com poucos livros, mas que ela amava ler, chegava a ler muito mais que apenas uma vez.
Imersa em uma obra que pouco compreendia, de um tal de Franz Kafka, esforçava-se para entender o que o homem queria dizer com tudo aquilo, ouviu um forte barulho que a fez tremer no mesmo instante, e depois outros, então ela ouviu mais.
- Não.. não.
A mãe gritava e isso a apavorou, os disparos a fez tremer ainda mais e tomada pelo instinto de proteção, correu para debaixo da pequena mesa, coberta pela longa tolha, o que a possibilitou se ocultar, de quem quer que estivesse invadindo o lugar.
Seus pais foram tragicamente assassinados aquele dia, ser morador de um dos minúsculos apartamentos em um subúrbio na Rússia não era estar exatamente seguro, pela tenra idade nenhuma informação sobre o que houve, ou mesmo quem foi, não foi dado a pequena Hanna, que sofria em silêncio.
A única notícia que a garotinha aparentemente introspectiva recebeu das autoridades é que iria viajar, para então morar com aquela que seria sua tutora, a única tia, a única que se dispôs a aceita-lá, ela assentiu o que mais poderia fazer?
Fez a própria mala, organizou as poucas peças de roupas que tinha e seguiu obediente, o funcionário do governo Russo que iria entregá-la as autoridades norte americanas, país este em que a tia encontrava-se a sua espera.
Hanna não se recordava de ter uma tia, pois a mãe ou pai, nunca antes comentara sobre tal. Atormentada, subia os degraus da imensa casa vagarosamente.
- Ande, se apresse, não tenho o dia inteiro garota, - O homem esbraveja sem a menor sensibilidade ao tormento da menina.
Ao por os pés casa a dentro ela pode sentir um arrepio tomando o pequeno e delicado corpo, quase como um presságio, mas se manteve firme atrás do homem que falava com uma mulher que julgava ser a empregada.
Alguns minutos depois, pode ver a figura de uma mulher descer as escadas, olhando-a de modo pavoroso.
- Você é mesmo parecida com ela, olhos grandes de mais, - A mulher de cabelos negros e olhos tão verdes quantos os da própria Hanna, diz com a nítida intenção de ser maldosa, olhando-a de uma posição que soa superior.
Com os pequenos dedos grudados a alça da pequena mala, tenta desesperadamente manter o equilíbrio, e o estômago que ronca pela fome dificulta a tarefa.
Os olhos atentos e assustados, por alguma razão que nem mesmo ela é capaz de compreender, observa a mulher que julga ser a tia, que aproximara-se ainda mais.
- Você fala? - Pergunta arqueando as sobrancelhas negras.
- Sim, - A voz sai falha, baixa demais.
- A partir de hoje você obedece a mim, entendeu pequena imunda?
Nove anos depois...
Acordo sentindo a água gelada ser jogada sobre mim, fazendo minha pele dolorida doer ainda mais.
- Acorda imunda, como eu sou muito generosa o seu castigo acabou. - Me olha rindo.
Levanto-me com dificuldade, cambaleando um pouco, e indo, em direção aos raios de sol que entram pela pequena janela que dá acesso ao porão, buscando desesperadamente me aquecer de alguma forma.
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SECRETS: Prazer Vol. 3 - 1ª Edição
RomanceDISPONÍVEL NO telegram 🩷 🔞 Nicolas Greco acreditava firmemente estar no controle absoluto de suas emoções e desejos. Até aquele momento. Quando seus olhos encontraram a beleza absoluta, delicada e triste de Hanna, todo o controle que ele mantivera...