XXVII - Lauren

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CAMILA QUASE HAVIA MORRIDO.

Se não fossem os enfermeiros e os médicos de plantão... Se eles não agissem rápido, Camila teria conseguido o que queria. O médico tomou algumas medidas para que ela não conseguisse fazer isso mais.

Eu fui vê-la, mas não consegui me aproximar.

Só vi que ela estava imóvel e encarava o teto com olhos vazios e distantes.

Ela já havia desistido e já havia partido.

Por isso, precisei conversar com alguém. Chamei Normani no porto para que pudéssemos conversar a respeito.

Depois que eu contei sobre o que Camila queria e fez, ficamos em silêncio, mas era um silêncio que eu não suportava. Conseguia ver o mar e pássaros voando, mas o vento estava silencioso, como nós duas.

- Eu prefiro ser eu deitada lá em vez dela, eu não a amava o suficiente antes, eu sei que Camila está sofrendo, mas eu não posso suportar perdê-la novamente.

Eu era egoísta, eu sei.

Mas, meu coração não suportava pensar nisso.

- Você se lembra... Pouco antes da formatura do ensino médio, meu pai teve câncer de pulmão? - Normani me perguntou e eu assenti. - Na época, eu disse a ele: "Pai, você deve vir à minha cerimônia de formatura, é o momento mais importante da minha vida." Mas meu pai disse: "Mani, eu não preciso estar lá para cada momento importante da sua vida, contanto que você me mantenha em seu coração... durante cada um desses momentos... Então, eu não teria arrependimentos." Se a pessoa deitada lá fosse você, o que você pensaria?

Eu sabia que Camila estava em uma situação que ela não aguentava mais, em uma situação que traria mais sofrimento à ela do que eu. Mas, como... Como deixar ir a pessoa que você ama ir embora para sempre?

Depois de um tempo, Normani foi embora e eu fiquei.

Comecei a chorar, por que ultimamente era o que eu mais fazia.

Aquela situação havia me deixado infeliz e com um pesar no peito.

Eu não podia continuar fingindo que as coisas poderiam melhor para Camila, por que não iriam... Eu tinha que deixá-la ir... Eu tinha...

Enquanto eu estava dirigindo até o hospital, algo passou por minha mente. Algo que me deu medo, mas ao mesmo tempo me deu conforto.

Algo que eu queria fazer, por nós duas.

Não havia como eu me recuperar de uma perda dessas, Camila era o amor da minha vida. Mas, eu não podia deixá-la nessa situação. Por isso, enquanto eu andava pelos corredores do hospital, eu gravei algo em meu celular e senti meu coração ficar mais calmo pela primeira vez em meses.

Eu me sentei perto de Camila e acariciei seu rosto como sempre eu faço, tomando cada parte, como se fosse um mapa que eu precisava caminhar. Ela estava tão calma dormindo, mas eu precisava acordá-la.

- Mila...

Seus olhos se abriram, como se estivesse me esperando.

- Eu decidi... não deixar você sofrer mais - eu sussurrei. - Eu prometo a você... Viverei bem. Não perderei uma única refeição. Vou sair com Normani para conhecer garotas, mas me recuso a me apaixonar por mais ninguém, porque já tenho uma esposa.

Eu peguei do meu bolso a aliança dela, coloquei em seu dedo e beijei sua mão, como eu fiz no dia do nosso casamento.

Camila tinha lágrimas nos olhos.

- Você, nunca remova esse anel. Preciso que me reconheça, não importa o que aconteça, devemos nos encontrar novamente.

E então comecei a chorar.

Chorei pela primeira vez em sua frente.

- Desculpa... Eu realmente não quero deixar você ir... Desculpa...

- Lauren... Deixe-me tocar... Deixe-me tocar seu rosto?

Eu peguei sua mão e a levei ao meu rosto.

Camila começou a chorar um pouco mais alto e eu a tranquilizei.

Me aproximei de seu rosto e a beijei. Beijei minha esposa, minha garota.

Depois me levantei e toquei a máquina, ambas chorávamos, pois aqueles anos que nos foi roubado, serviram pra mostrar que sempre iríamos nos reencontrar.

Eu desliguei a máquina e a abracei.

- Não tenha medo, eu estou com você.

E comecei a chorar.

Comecei a chorar até sentir Camila dar sua última respiração.

Ela havia ido.

E eu iria também.



Ouça o eco no túnel do tempo,

é o voto que uma vez fizemos em nosso auge,

algumas pessoas ficam em seu coração para sempre,

alguns casos e sonhos nunca mais,

algumas palavras são melhor sussurradas,

vamos nos aproximar,

para que eu possa dizer o quanto eu te amo.

Não importa onde eu vá,

meu coração permanecerá,

somos almas gêmeas

em uma planície diferente.

Eu cantei sua música favorita, você se lembra?

vamos nos aproximar,

devo dizer o quanto eu te amo

devo dizer o quanto eu te amo.

The Stolen YearsOnde histórias criam vida. Descubra agora