Te conheço a cada dia

Olivia - O amor e seus males

Acho que quando você vai descrever alguém você omite detalhes importantes, afinal é assim que as novelas ganham dinheiro sobrevivendo de mistério barato e ruim. Mas continuando minha infância foi bem normal, com direito a pais presentes ate os doze anos, de lá pra cá só desandou. Não que a culpa seja dos meus pais, mesmo que eu adoraria afirmar que foi da minha mãe. Mas eu era meio problemática mesmo, não parava nas escolas e nem em casas, eu destruía tudo, digamos que eu tinha raiva do mundo, raiva de não poder mudar esse mundo. Eu amava as arvores, imagine como fiquei depois de descobrir sobre o desmatamento desenfreado. Eu acho que só tinha um jeito diferente de lidar com tudo.

Minha mãe amava se incomodar com tudo e todos, pra você ter uma noção eu não podia pentear meu cabelo do jeito que eu queria e tinha que usar maquiagem sempre que aparecia alguma espinha, por isso e outros motivos minha escolha foi morar com a Dona Marta, minha avó.

Minha avó é doce, e tem todo tipo de planta, eu que sou uma fotografa amadora amo fotografar os invasores do jardim, como joaninhas, formigas e borboletas. Eu amo escrever também, gosto de escrever poemas de amor, apesar de não parecer sou uma amante das pessoas e como cada parte delas se liga a natureza, ai fica fácil de escrever. Eu já tive alguém pra quem escrever, Laura. Era o ponto central onde se localizavam meus pensamentos, era fácil ver como aquilo tinha uma magia em mim, eu realmente amei a Laura, mas ela me enganou e hoje mal cito o nome dela. O amor é difícil.

Eu não tenho muito contato com meu pai, mais culpa dele do que minha, ele trabalha com viagens então passa pouco tempo em um lugar só e geralmente não é aqui em Campina Grande. Acho que por meus pais seres assim eu criei uma necessidade de ter alguém sempre aqui comigo.

Na escola meus amigos geralmente eram bons em fazer varias coisas,  e eu sou muito boa com esportes, foi nessa época que percebi que não gostava só de homens. Percebi quando me vi apaixonada pela Clara, era ela popular, namorava um garoto por semana, e bem me vi de escanteio sem nem tentar. Lembro de gostar do cabelo preto dela que era cacheado e sempre tinham presilhas rosa, eu duvido qualquer um dos antigos namorados dela reparar nas presilhas. É eu sou assim, romântica porem anônima.

Meu primeiro beijo foi com o Jorge atrás de uma arvore, ele era até legalzinho, mas eu queria era ter beijado o Alex, mas ele não me dava muita bola, principalmente depois de eu ter acertado a própria bola no rosto dele, o nariz dele sangrou um pouco, e ele ficou bravo. Um absurdo não se praticar a compaixão com os colegas. Depois desse dia o Jorge insistiu pra continuarmos ficando, eu já tinha enjoado dele e estava de olho na Laura, uma garota de mais ou menos minha altura com o cabelo no ombro e com de franja, com duas mechas da frente azuis. Eu acho que estava apaixonada, tinha alguma coisa no jeito que ela olhava pra mim, era como estar flutuando em nuvens saber que vai cair e que vai ter alguém pra te segurar.

Minha história com a Laura tem começo, meio e fim. Onde o fim era esperado, nada dura tão magicamente bem assim por tanto tempo, na época não era o que eu achava, eu achava que eu era a mais sortuda de ter encontrado o amor da minha vida assim de repente, mas não era assim que ela pensava. Assim como eu a Laura encontrou sua Laura, ela chamava Sophia. De acordo com ela eu era a causadora de tudo por que me iludi, mas sabe eu apenas amei. Depois desse dia me fechei e meu coração não se abriu pra ninguém.

Eu ainda não tinha decidido o que fazer da vida, afinal, um trabalho de meio período e a fotografia me faziam feliz. Meus pais não concordaram, disseram que seria um desperdício da minha educação não fazer nada. Por fim, aceitei, escolhi um curso de design que se encaixaria com minha experiência na fotografia.