03 | Vamos, flamengo!

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-ATENÇÃO-

Esse capítulo contém: adolescente fazendo e falando bosta, linguagem imprópria (novidade), Eren agindo muito paulista pra ser carioca, uma autora sendo muito carioca e flamenguista para ser paulista, e um alemão com procedência mais duvidosa do que salsicha.

Leia por sua própria conta e risco

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Mais um dia começa, e as coisas continuam iguais.
Me vestindo, tomando café, guardando as coisas na mochila, me despedindo da minha mãe e saindo de casa.

Como o combinado, me encontrei com o Marco em uma das estações para irmos para a aula juntos.
E ele estava lá, na hora certa, carregando uma case de violão enorme que seria um grande inconveniente para todas as pessoas que tivessem o azar de ficar perto de nós.

Até então, eu ainda tinha minhas suspeitas em relação à ele.
Porque ele foi muito simpático comigo, e na minha cabeça, o único motivo para ele fazer isso, seria se minha tia tivesse pedido isso à ele.

Mas a cara de confusão dele ao ver minha tia parada bem do meu lado foi muito genuína.
Ele realmente não entendia o que ela estava fazendo ali, bem no cu da zona norte do rio às cinco e pouca da matina.

Vendo a clara surpresa do menino, ela apenas decidiu fazer piada com a situação:
"Acredita que eu ainda tenho que pegar condução todo dia pra trabalhar? O jogo do bicho não rende mais como rendia antigamente."

Sinceramente, as vezes me perguntou como vim parar nessa família.

A ida à escola nesse dia acabou sendo muito mais animada, com os dois conversando sobre coisas e alunos que eu nem mesmo sabia quem eram.
Pra mim, era difícil entender como eles conseguiam papear com tanta energia tão cedo.

Chegando na escola, cada um seguiu seu caminho.

Marco foi deixar seu violão na sala do grêmio, já aparentemente não era permitido levar ele para a sala de aula.
Mas não antes de me reforçar aquele convite para lanchar com eles.

Minha tia foi para a secretária, me fazendo prometer que eu iria conversar bastante e fofocar com ela mais tarde.

E por fim, fui conversar com Armin sobre o grupo do Whatsapp.
Eu até esperei que o Eren adicionasse ele no grupo na noite anterior, mas não foi o que aconteceu.

E mesmo que estivesse longe de ser um problema meu, eu ainda queria algumas desculpa para conversar com ele.
Até porque, aquele garoto foi minha única quase amizade que fiz em sala de aula.

E lá estava ele, sentado no chão do corredorzinho que ligava o pátio ao ginásio, folheando preguiçosamente as páginas de um almanaque do cebolinha.
Vestindo as mesmas roupas incompatíveis com o calor carioca.

Bom, pelo menos dessa vez ele estava balanceando a blusa de manga comprida por baixo da camiseta da escola com a bermuda de educação física.
Foi nesse momento que percebi o quão pequeno e magro Armin era, ele parecia tão camuflado ao lado do vaso de espadas de São Jorge.

Me surpreendia o fato dele estar ali sozinho. Mas pensando melhor, ele parecia estar na verdade escondido.
Até pensei em dar meia volta e tentar resolver isso mais tarde na sala, mas já era tarde.

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