1996

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Aconteceria hoje a noite, o plano estava pronto e minha cabeça não parava de rodar. Eu não pude ir até a toca, eu não pude ver ele e nem nossos amigos, nem o Harry. Voldemort nos chamou para mais uma reunião ridícula, como se ela fosse funcionar (igual as outras). O que mais me surpreende é a tranquilidade nos rostos dos meus colegas. Lucius ao meu lado me olha e seu sorriso aparece tão rapido quanto some, Draco não estava aqui, nem Severus, não participariam por sabe-se lá quais motivos.

-alguma novidade do seu...amigo-Lucius sussurrou

-não quero falar sobre isso-respondo

-se não quiser ir, você não precisa ir Megan-sua voz falhou

-não é como se quando vocês voltassem, Voldemort não me humilharia na frente de vocês-dei um meio sorriso de "esta tudo bem"

Mas não esta tudo bem, eu estou com um péssimo pressentimento em relação a essa noite, chega a me dar calafrios. Sem pensar duas vezes, vou para Hogwarts, preciso falar com Severus.

-Severus-o chamei e o mesmo se virou para mim

-Megan-ele sorriu, bem, do jeitinho dele

Me aproximo do mesmo que me abraça sem pressa, era tão bom estar perto de um amigo que não vá contar ao lorde das trevas como a merda de uma coruja tudo o que faço ou deixo de fazer. Me afasto um pouco e vejo seu rosto pálido.

-esta com falta de água em Hogwarts? Seu cabelo já esteve em melhores condições--brinquei e ele revirou os olhos mesmo sem conter um riso

-você esta bem? Esta meio quente-falou com a mão em minha testa

-apenas com uma dor companheira-forço um sorriso

A verdade é que a muito tempo essa dor de cabeça não passa, meus movimentos não são mais o mesmo, estou mais lenta, meus ossos doem a cada brisa de ar que toca minha pele. Minha visão meio embaçada significa que preciso de óculos, mas não ligo, apenas o mantenho ao lado da minha cama em cima do criado mudo.

-vem-segurou minha mão e me fez sentar em sua cadeira de professor

Ele abre as gavetas e logo retira um frasco pequeno e mistura o pó dourado numa xícara de chá quente, ou prepará para si mesmo ou já suspeitava da minha visita.

-beba tudo-mandou e assim o fiz

-nojento...

-vai passar sua dor-se apoiou de costas na mesa e me encarou

-sinto que algo vai acontecer hoje, uma coisa terrível que faz com que um nó se forme em minha garganta e chego a perder o ar-comento

-eles querem as horcruxes não é?-assenti-significa que vão se encontrar com Harry e seus amigos.

-a ordem já não se reuniu?-assentiu-é disso que tenho mais medo.

Após conversar um pouco mais nós vamos falar com Dumbledore que já nos esperava, nos sentamos e assim conto tudo o que sei sobre o plano se Voldemort. Sinto um frio na espinha quando Voldemort nos chama, estamos no ministério da magia. Meu sangue congela ao ver Sirius, Remus, Harry e Hermione e Ron feitos de reféns.

-Severus...-sussurro e o mesmo segura minha mão

Meu corpo treme, minhas mãos soam mesmo estando geladas, eles tão lutando, e isso não vai acabar bem. Tento me aproximar deles mas Severus me impede negando com a cabeça.

-se você for, talvez não volte mais-alertou me fazendo ficar no lugar

Ouço a voz de Bellatrix e um grito agonizante, me viro e vejo a pior cena de todas, aquilo que eu tanto temia. O ar foge dos meus pulmões e minha varinha cai da minha mão, sinto meus joelhos falharem e Severus me segura.

-Sirius...Sirius!-não pude me controlar e um grito alto e agudo sai do fundo da minha garganta-não!

Lágrimas quentes e rápidas deslizam por meu rosto e quero apenas gritar, solto soluços altos que estavam presos, me agarro ao braço de Severus que me prende contra o seu peito. Bellatrix o matou, ela o assassinou.

-eu matei Sirius Black-cantarolava em meio a gargalhadas

Remus não consegue segurar Harry que sai correndo atrás dela, os vários comensais que aqui estavam desaparecem e Hermione e Ron correm até os dois. Quando Remus nos vê ele corre até nos com os olhos cheios de lágrimas que se recusa a derramar na nossa frente.

-por que ele veio? Por que vocês vieram?-perguntei secando as lágrimas que ainda caiam

-Harry precisava da nossa ajuda...

-e agora ele esta morto-minha voz soou mais fria do que eu pensei que sairia e Remus recuou

-ele é seu afilhado-pareceu ofendido

-e Sirius era o amor da minha vida, Remus, você não consegue entender como estou me sentindo agora?! É como se o meu coração tivesse um enorme furo nele agora, e dói, dói muito mais do que qualquer coisa que senti na vida.

1 hora depois

Estávamos na toca, sabe-se lá aonde Harry e os outros estavam, mas isso não me preocupava, eu não estava nem ai. Eu havia o perdido, eu o perdi para sempre. Abraçada a Severus que mantinha minha cabeça encostada em seu peito e os soluços que agora não existem mais, antes foram abafados pelo tecido grosso da sua roupa.

-eu quero ir embora-falei me afastando um pouco dele e todos me olham

-não seria melhor ficar aqui?-Molly perguntou

-não quero ficar aqui, eu nem queria estar aqui-minha voz falhou

-tudo bem, eu te acompanho-Severus falou já de pé

-não queremos que algo aconteça, fique aqui-Tonks pede

-algo já aconteceu, caso não tenham percebido!-acabei me exaltando

-todos estamos sofrendo com a morte dele Megan-Molly fala e acabo rindo

-sofrendo...é um palavra fraca para como estou me sentindo agora, ela não descreve nem um pouco do que estou sentindo. Isso é...como se a qualquer hora meu coração fosse explodir e eu pudesse me juntar a ele qualquer instante, e sinceramente, isso não seria ruim.

Vamos para minha casa e antes que eu o convide para entrar, ele me abraça e vai embora. Entro na minha casa vazia, sozinha, já fazia alguns meses que eu doei meu furão. Como cuidar de algo sendo que não consigo se quer cuidar de mim? Pego uma das garrafas de bebida dentro do armário e bebo direto do gargalo, minha garganta queima mas logo passa, o gosto amargo permanece.

Em menos de uma hora estou totalmente bêbada e ando pela casa vestida com o casaco dele e a cada passo eu trombo com alguma coisa e acabo xingando baixinho. Me sento no chão da minha sala e dou outro gole na bebida, começo a rir, não, a gargalhar e olho meu reflexo na bandeja de metal em cima da mesinha, estou um caco total.

-Sirius Sirius Sirius, por que me deixou? Por que não matamos Pedro enquanto tivemos uma chance? Por que não veio me ver? Você não sabe o quanto senti a sua falta, o seu abraço, o seu beijo, o seu cheiro de cachorro e sua voz. Não sabe o quanto eu sofri? Bem...você estava em Azkaban, estava mais na merda do que eu...mas quando fugiu, por que não veio me ver? Remus teria lhe dado meu endereço sem pensar duas vezes.

Subo até a varanda e olho para as estrelas brilhando lá em cima, volto a chorar enquanto as observo. Sirius...sempre o mais belo no meio de todos, pelo menos isso ninguém pode tirar dele, ae...ja tiraram. Fecho os olhos e me encolho segurando minhas pernas e choro como nunca chorei na minha vida.

My Boy-Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora