Kira terminou de limpar a cafeteira e fechou tudo, fazendo tudo no aleatório, sua rotina era tão cansativa e repetitiva que nada mais tinha graça, sua única felicidade era chegar em casa e dormir, mas antes de ir para casa ela tinha um lugar onde deveria ir. Ao chegar na recepção do hospital Kira sorriu para a recepcionista que tinha um lindo cabelo vermelho, a mulher comprimentou Kira com um sorriso torto.
Kira andou até o quarto onde sua avó estava, já faz mais ou menos um ano que ela está doente e faz menos de mês que ela veio para hospital, desde então Kira vive aqui, a avó sempre odiou hospital e Kira foi a única que sobrou para cuidar dela. Antes da mulher entrar no quarto um médico se pôs na frente dela a impedindo de passar.
_ Senhorita Kira, precisamos falar sobre a sua avó._ O médico não tinha uma expressão muito feliz, mas a moça nem notou nele, só pensava em ouvir as histórias emocionantes da avó.
_ Podemos conversar na presença dela, minha avó odeia que deixem ela de fora._ Kira ignorou o médico e entrou no quarto, e não entendeu nada quando viu a cama arrumada, de primeira ela pensou que avó tinha recebido alta, mas descartou essa hipótese quando não achou ela em canto algum.
_ Eu sinto muito, ela se foi a algumas horas atrás, como não conseguimos falar com você nós..._ O médico foi interrompido abruptamente por um choro descontrolado da moça.
_ Vocês a descartaram para conseguir mais espaço? Eu queria ver a minha avó pela última vez, deveria ter ligado para o meu trabalho e eu deixei o número na recepção.
Kira não conseguia cuidar da papelada agora, ela não queria aquilo, por isso correu para fora daquele lugar, correu tanto que seus pés doíam, quando notou já estava em casa, seus pés idiotas sempre a levavam de volta para a casa da sua avó, como se ela ainda estivesse lá.
Mesmo sem saber o que fazer, Kira entrou na casa ligando as luzes como em um dia normal, olhou ao redor para a decoração simples, as paredes estampadas de flores, seu mundo estava caindo em sua cabeça e só o que ela soube fazer foi se esconder.
Kira se arrastou até o quarto da sua avó procurando consolo nas coisas dela, ao chegar no quarto abriu o armário pegando uma manta que ela adorava, porque era quentinha e macia, se embrulhou nela e se jogou na cama.
Enquanto ela chorava sentindo o calor da manta que ainda tinha o cheiro da avó ela ouviu um barulho vindo do andar de baixo, se não fosse pelo medo ela teria ficado ali deitada, mas a garota se levantou para trancar a porta do quarto, se fosse um ladrão que levasse tudo, mas que não a machucasse, porém ao chegar a porta já havia alguém lá.
Uma figura alta toda vestida de preto, com um capuz cobrindo até a metade do seu rosto, Kira deu um pulo pra trás e gritou, mas criou coragem e tentou fechar a porta, porém a pessoa era forte e abriu a porta.
_ Kira, eu presumo._ A pessoa encapuzada falou enquanto andava pelo quarto olhando as fotos e parou ao ver a manta.
_Quem é você? Se quer roubar pode levar tudo, só me deixe em paz._ A garota puxou a manta procurando conforto, suas pernas tremiam pelo medo e ela pedia aos céus que alguém viesse a ajudar.
_ Não estou aqui para roubar Kira, eu vim ver a sua avó, me arrependo de não ter vindo vê-la enquanto estava viva._ A voz dele saiu grave e suave, era um homem de baixo do capuz, ele pegou um porta retrato da senhora já falecida com seu antigo marido morto._ Não tenho muito tempo Kira, preciso que venha comigo.
_ Não vou a lugar nenhum com você, nem te conheço._ A garota se afastou indo para perto da porta, mas parou ao ver o homem tirar o capuz.
Sua face era jovem, seus olhos eram verdes como duas esmeraldas, o cabelo preto, e liso, um rosto perfeito sem pelos ou espinhas e uma pele branca que parecia um sorvete de baunilha.
_ Eu já te vi em algum lugar?_ A garota se questionou enquanto olhava para o belo rosto do homem, ele levantou o retrato do avô em seu casamento e colocou perto do rosto.
_ Parece que eu sou o seu avô._ Ele disse sorrindo, como na foto.
Kira tremeu ao notar a semelhança, como resposta o seu corpo respondeu rapidamente, um impulso incrível que disse, corre, então ela correu para fora daquele cômodo, indo em direção da porta de saída, mas antes dela chegar ele já estava lá.
_ Por favor, não fuja Kira, eu posso ter essa cara de novinho, mas ainda assim sou velho, sei que deve estar confusa, mas temos que ir embora._ Ela tentou falar com a moça enquanto ela corria para o lado contrário que ele estava, correndo para a cozinha.
_ Não vou falar com você, você morreu de câncer a muito tempo, deve ser o luto que está me fazendo ver você, ou o fato que eu só durmo 4 horas por noite, não importa, você não é real._ Kira continuou correndo, mas o homem sempre estava na sua frente, ele a segurou pelos braços olhou em seus olhos e ela sentiu como se fosse a avó a olhando.
_ Eu não morri Kira, foi o que a sua avó disse depois de eu abandonei ela e a sua mãe, ela tinha o direito de falar isso, mas eu voltei e preciso te ajudar._ O homem fez uma cara triste, meio retorcida, parecendo arrependido pelo o que fez.
Kira iria se recusar, mas não falou nada quando a porta da frente foi abaixo com um pisão, ela não teve tempo de ver quem era, porque tudo ficou preto e sentiu seu corpo ser segurado por mãos grandes. Ao acordar Kira estava com os pés e as mãos amarradas em um lugar escuro, porém ela ainda podia ouvir.
_ Não acredito que amarrou a minha neta._ Ela reconheceu a voz do homem que dizia ser seu avô.
_ Não vamos confiar em alguém que conhecemos agora, e se ele me der uma faca pelas costas._ A voz de uma mulher se fez presente na sala.
E finalmente a luz foi acesa, Kira piscou algumas vezes para tentar se acostumar com a claridade e assim que se acostumou notou que ainda segurava a manta da sua avó.
_ Desculpa pelas cordas, a minha parceira não gosta muito de estranhos, Kira essa é a Lana, ela é..._ Antes do homem terminar foi interrompido por um grito alto que vinha da neta.
_ SOCORRO, ESSES MALUCOS ME SEQUESTRARAM._ A boca da garota foi fechada por Lana que tomou controle da situação.
_ Olha, parece loucura, mas você tem um mapa nas mãos, sim essa manta é um mapa para a lamparina dos desejos, da lenda que a sua avó te contava, e por acaso só as pessoas da sua família podem ler, as mulheres para ser mais exata._ Ela tomou ar e continuou a falar rápido._ Então precisamos de você, porque um cara muito mal quer ela e temos quase certeza que ele já conseguiu ela. O mais importante você é descendente da Heroína da história, eeee, por isso a manta ta na sua família a milênios.
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Lamparina dos desejos
AdventureKira não passava de uma escritora sem sucesso e com grandes sonhos, sua vida era extremamente normal e chata, até que sua avó morreu e a verdade começou a aparecer. Sua família está ligada a um conto antigo de uma lamparina que concede desejos e um...