Resoluções

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Aviso legal: Os personagens e o universo ficcional de Harry Potter não me pertencem. Eles são propriedade exclusiva de J.K. Rowling. Esta é apenas uma estória feita por uma fã e para fãs, sem fins lucrativos.

Notas iniciais: Fanfic escrita para o Desafio de Contos de Fodas Severísticas organizado pelo grupo Severo Snape Fanfictions. Cada autor recebeu um grupo de palavras sorteadas aleatoriamente para compor sua fanfic, as minhas foram: maduro, perigosamente, cegueira, pirulito e o verbo acariciar (todas as palavras estão em negrito no texto). Essa estória também integra a coletânea homônima publicada no Archive of Our Own pelo perfil oficial do grupo. Acesse para conferir as outras fanfics!
 

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CAPÍTULO 2 - RESOLUÇÕES

Quando os primeiros raios do alvorecer penetraram as janelas e ela virou-se para o lado procurando pelo corpo másculo de Severo para aconchegar-se ao seu e encontrou apenas o vazio, Hermione lembrou que não estava mais nas masmorras – na cama de mogno com dossel verde e cobertores macios –, mas que estava em seu escritório, em uma pequena e desconfortável cama conjurada por ela. Ela suspirou e sentou-se na cama para esticar os músculos – que reclamavam o preço pela falta de um bom colchão – e arrependeu-se imediatamente. Sua cabeça girando em uma dor lancinante pela enxaqueca da noite anterior, que não fora tratada, aliás, que só piorara com o pranto que se perpetuou por horas, até que ela foi vencida pelo cansaço e, enfim, dormiu, com lágrimas ainda molhando suas maçãs.

Ela procurou por uma poção analgésica, mas não tinha nenhuma em seu escritório. Não poderia ir à enfermaria porque Madame Pomfrey desconfiaria, ela pensaria "Por que veio a mim quando quem produz as poções para a ala hospitalar é seu namorado? Por que não pediu diretamente a ele?", e isso levantaria suspeita e a escola estaria tomada por burburinhos até o final do dia. E, obviamente, ela não iria pedir para Snape. Queria evitá-lo depois da discussão de ontem. "Mas querer não é poder", ela pensou, após se dar conta de que o veria no salão principal para o desjejum. O nervosismo atingiu seu estômago vazio, o revirando com o pensamento, e tudo o que ela queria era vomitar. Conseguindo controlar a queimação em seu estômago após um tempo, foi ao lavabo do escritório para sua higiene matinal, onde se deparou com seu reflexo no espelho: olhos vermelhos e inchados que entregavam seu choro, e seu cabelo que estava pior que o habitual, completamente amassado do lado que dormira, embaraçado e sem definição. Ela estava péssima! Fisicamente e emocionalmente. Bem, poderia dar um jeito no seu cabelo com alguns encantamentos e fazer seus olhos parecerem menos inchados e avermelhados, mas não poderia disfarçar a opacidade de tristeza em seu olhar.

Por fim, ela preferiu pular o café da manhã – não encontrando coragem suficiente para encará-lo –, decidindo que comeria alguma coisa na cozinha no intervalo que teria entre os períodos, mesmo com os protestos de seu estômago. Recompôs-se o melhor que pôde e foi ministrar sua primeira aula da manhã.

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Hermione disfarçou bem até o horário do almoço, quando não poderia ignorar mais uma refeição por covardia. Quando ela chegou ao salão principal, Snape já estava sentado próximo à diretora, com a cadeira que habitualmente pertencia a Hermione vaga à sua direita. Ela até considerou sentar-se em uma cadeira no outro extremo da mesa. De qualquer forma, antes que pudesse se mover, Hagrid a ocupou, deixando-a sem outra opção a não ser sentar-se ao lado de Snape. Resignando-se, ela ocupou a sua cadeira habitual, o homem de preto ao seu lado, não indicando se sua presença era ou não bem-vinda.

Aquela fora a pior refeição da vida de Hermione. A comida parecia deliciosa, e apesar dela estar faminta, permanecera intocada no prato, mas o gosto amargo nada tinha a ver com o almoço feito pelos elfos domésticos. Snape, por outro lado, não pareceu ter seu apetite abalado pelo recente acontecimento. Olhares e palavras não foram trocados, ela até murmurara um cumprimento, mas fora deixada sem resposta, então não mais insistiu. Havia um grande elefante branco entre eles, e qualquer um que lhes observasse mais atentamente também teria notado. Ela brincava com os legumes em seu prato quando Snape repentinamente levantou-se, após ter terminado de almoçar, e saiu pela porta lateral; ela levantou-se de forma a não chamar mais atenção do que já tinham e o seguiu, o alcançando no corredor que dava para a sala dos professores. O chamou uma, duas vezes. Mas ele não parou ou respondeu.

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