A estrada principal atravessava verticalmente o centro da
cidadezinha de Otterbridge. Depois, Shikamaru virou à direita, acelerando o
carro logo que deixaram o perímetro urbano, mantendo a velocidade a
oitenta por hora durante alguns quilômetros de estrada, antes de
diminuir a marcha ao chegar ao lugar chamado Marlow.
Alguns minutos mais tarde percorriam a rua central, limpa e muito atraente, e ele disse com toda precisão:— Vivemos um pouco afastados da aldeia,mas temos outro
carro, se você sentir a necessidade de vir até aqui. Neste lugar, dois
automóveis são essenciais.Temari disse:
— Não sei guiar — e sentiu que ele a olhava.
— Sabe sim. Eu a ensinei quando você pediu. Não é todo mundo que consegue tão rapidamente, mas você tirou a carteira de motorista em sete semanas.Aposto que você vai descobrir que sua habilidade não foi prejudicada.Ela duvidava disso. O fato de contemplar suas mãos segurando
o volante não lhe trazia o menor senso de familiaridade. Mordeu os
lábios. Não esperava que as coisas fossem fáceis, mas eram ainda mais
difíceis do que ela tinha imaginado durante aquela última semana, tão tensa. Havia tantos detalhes em jogo, tantas coisas a aprender. Se pelo
menos ela conseguisse se convencer de que aquela situação fantástica não era um pesadelo, do qual ela talvez pudesse despertar!
Tinham deixado a cidadezinha para trás e seguiam por uma estrada estreita, ao longo da qual as árvores se enfileiravam. Shikamaru desviou o carro para algo que se assemelhava a um acostamento, desligou o motor e a contemplou durante um bom momento antes de dizer tensamente:— Você está com os nervos à flor da pele. Tem medo de que eu não mantenha minha palavra?
— Não — respondeu ela, com a voz embargada. — É que eu não
consigo evitar.Por favor, tente compreender, tenha um pouco de
calma.
— Estou tentando. Acredite em mim, estou tentando de verdade. Mas você também tem de tentar. — Fez uma pausa, escolhendo cuidadosamente as palavras. — Você tem de confiar em mim, ou então não adianta.Será que não percebe isto?
— Eu sei. E confio. Mas acontece que você sabe como as coisas se passaram entrenós,eu só posso imaginar. Esta... esta estranheza é algo que vou ter de superar no seu devido tempo, e você não me ajuda em nada se ficar cobrando isso de mim o tempo todo.Havia tristeza em seu sorriso.
— Isso faz sentido. Muito bem, esqueçamos o que falei. —
Enfiou a mão no bolso e retirou a cigarreira. — Cigarro?
— Por favor. — Contente por ter algo em que se concentrar, inclinou a cabeça em direção à chama do isqueiro e em seguida recostou-se no banco, enquanto ele fazia o mesmo. A fumaça a
acalmava, e o ato de fumar era em si tranquilizante. Sentiu que relaxava um pouco e que as contrações no estômago começavam a ceder. Ele estava fazendo tudo que podia para externar solidariedade e compreensão: as coisas não lhe eram mais fáceis do que para ela.Temari moveu ligeiramente a cabeça a fim de contemplar aquele perfil bem definido, enquanto ele olhava através da janela. Viu a boca de traços bem precisos e o queixo de linhas retas, com uma cova profunda bem no meio. Havia beijado aquela boca e fora beijada por
ela, tinha estado entre aqueles braços que agora seguravam a direção.
Parecia quase impossível que uma mulher pudesse esquecer esse tipo
de experiência.— Estamos longe? — ela perguntou, enquanto ele voltava a cabeça em sua direção. — Estamos longe de casa?
— Não muito. — Ele fez uma pausa e pôs a mão no bolso. — Antes de prosseguirmos, tenho uma coisa que preciso lhe devolver.Temari contemplou a pequena caixa quadrada que ele colocou em
suas mãos e sentiu que sua garganta se contraía.— Abra — disse ele.
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Memórias Perdidas
FanfictionSexta-feira, 13! Aquele não poderia ser um dia de sorte para Temari. Ao voltar para sua casa com o marido Shikamaru, aconteceu o terrível acidente, que apagou de sua mente qualquer lembrança do passado. Temari perdera completamente a memória e agora...